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À falta do comunismo, Bolsonaro é quem ameaça a democracia

Um presidente subversivo

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 18h59 - Publicado em 21 abr 2020, 08h00

Tem algo de muito errado em um país onde o ministro da Defesa, depois de reunir-se com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, solta uma nota para dizer que as Forças Armadas renovam o compromisso de respeitar a Constituição.

Um trecho da nota: “As Forças Armadas trabalham para manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição Federal”. O que pôs em dúvida o compromisso dos militares de respeitar a Constituição? Eles teriam alternativa?

A nota, em seguida, diz que o momento que o país atravessa exige “entendimento e esforço de todos os brasileiros” e ressalta que nenhum país está preparado para uma pandemia. A maioria dos brasileiros se esforça para escapar ao Covid-19.

De fato, nenhum país está preparado para enfrentar uma pandemia, ainda mais essa que só por aqui, do final de fevereiro para cá, já contaminou 40.581 pessoas, matando 2.575 até ontem. Nas últimas 24 horas, foram 1.927 novos casos e 113 mortes.

O que obrigou o ministro da Defesa a soltar a nota foi a reação de políticos, ministros togados e entidades de classe à participação do presidente da República em uma manifestação de rua dos seus devotos que pediu a volta da ditadura.

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Bolsonaro, ontem, negou que tivesse pregado a volta da ditadura. Mas com sua presença endossou o pedido dos seus seguidores. A manifestação foi encomendada por ele. Bolsonaro sabia de antemão que seria uma manifestação golpista.

E mais: a primeira manifestação de cunho político subversivo promovida diante do Quartel-General do Exército, em Brasília. Por que justamente ali? Qual a intenção que ela mascarava? Foi concebida para sensibilizar os generais ou a tropa miúda?

Na época da ditadura, um discurso mais crítico ao regime feito no Congresso, um artigo de jornal, uma passeata estudantil eram atos taxados de subversivos pelas autoridades de então. Nada se compara ao que aconteceu agora por obra e graça de Bolsonaro.

“A Constituição sou eu”, proclamou o nauseabundo presidente à saída do Palácio da Alvorada onde costuma confraternizar com a sua turma, atacar os demais Poderes e agredir a imprensa. Lembrou Luiz XIV, Rei da França, nos anos 1.600.

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A frase completa do Rei: “Eu sou a Lei, eu sou o Estado; o Estado sou eu!”. Sucedeu-o Luiz XV, conhecido como o Bem Amado, que foi sucedido por Luiz XVI, guilhotinado em Paris por ordem dos líderes da Revolução Francesa e com o apoio do populacho.

Bolsonaro não é a Constituição. Ela é superior a todos os Poderes e aos que o exercem. Ela “governa os que governam” como observa Carlos Ayres Brito, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. “Governa permanentemente quem governa transitoriamente.”

Em 1964, os militares deram o golpe que derrubou um presidente legitimamente eleito a pretexto de salvar a democracia ameaçada pelo comunismo. Este ano, à passagem de mais um aniversário do golpe, insistiram em tratá-lo como se revolução fosse.

Nos dias que correm, se a democracia brasileira novamente corre perigo é porque o presidente, legitimamente eleito há quase dois anos, conspira contra ela. Diz-se ameaçado por um golpe tramado dentro do Congresso. Mas quem trama um golpe é ele.

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