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Por Vilma Gryzinski
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‘Você está demitido’: rainha dá o bilhete azul para o filho

Não deve ser fácil, mas Elizabeth II quer preservar a monarquia acima de tudo e príncipe Andrew, seu predileto, cavou um buraco grande demais para si mesmo

Por Vilma Gryzinski 21 nov 2019, 10h00

Não existem precedentes para o caso, mesmo numa família que, com vários desvios, pode reconstituir uma linhagem de mil anos.

Mesmo assim, a rainha Elizabeth fez o que tinha que fazer com precisão profissional.

Com o herdeiro, Charles, pressionando por uma rápida solução, ela demitiu seu queridinho Andrew, o terceiro filho e, quando nasceu, o segundo na linha de sucessão (os homens tinham precedência na época e a princesa Anne ficou atrás do irmão mais novo).

Elizabeth nunca deixou dúvidas de que cumprir seu papel de rainha é a prioridade máxima.

Tanto que poucas horas depois de demitir o filho por causa de seu envolvimento com o escândalo de Jeffrey Epstein, o milionário americano envolvido com abuso de menores que se suicidou na prisão, compareceu a um evento oficial sem nem um fio do cabelo branco abalado.

Sorridente e de tailleur cor de rosa. A mulher é uma fortaleza.

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A decisão final foi forçada por Charles, à distância. Ele está em visita à Nova Zelândia – mais uma viagem ofuscada pela parentela – e apelou à mãe.

O príncipe herdeiro tinha planos de longa data para isolar o irmão problema da família real, concentrando mais o foco nele próprio, nos filhos e nos netos.

O tsunami redespertado pelo próprio Andrew ajudou, ao se transformar não só uma hecatombe em matéria de imagem como caso de polícia.

A morte suspeita de Epstein encerra, claro, os processos contra ele. Mas continua a haver investigações em duas pontas.

Primeiro, sobre o próprio suicídio, com várias suspeitas consistentes de armação.

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Numa comparação exagerada, é como acreditar que o prefeito de uma cidade do ABC paulista tenha sido sequestrado, torturado e morto por bandidagem comum, depois de reclamar dos exageros do esquema de corrupção.

Segundo, Epstein morreu mas suas vítimas, na época adolescentes, continuam bem vivas – e com ótimos advogados, incluindo Gloria Allred, conhecida como “o terror dos ex-maridos”.

Os mais de 500 milhões de dólares que ele deixou de herança para o irmão – Epstein nunca se casou nem teve filhos – não vão escapar imunes aos pedidos de indenização e são um incentivo para que apareçam mais e devastadores detalhes.

O FBI está para pedir uma entrevista com Andrew. Como cidadão estrangeiro, ele pode se recusar. Pode também nunca mais ter portas abertas nos Estados Unidos.

Nunca houve um escândalo policial semelhante na família real desde que o príncipe Albert, filho do futuro rei Edward VII e neto da rainha Vitória, apareceu como “suspeito” de ser o verdadeiro Jack, o Estripador, o assassino de prostitutas na noite de Londres.

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No caso de Albert, as teorias, francamente absurdas, apareceram a posteriori. As fofocas da época mesmo eram sobre ligações com um bordel de garotos de programa onde a polícia tinha dado uma batida.

Como Andrew, Albert, conhecido na família como Eddy, era o segundo na linha de sucessão quando nasceu (morreu na pandemia de gripe do fim do século 19).

O escândalo em que Andrew se meteu por causa do envolvimento com o “amigo” Epstein perdeu qualquer alternativa de administração de crise depois da desastrosa entrevista que o príncipe deu, imaginando em sua mente desconectada da realidade que iria limpar a própria barra.

Em vez disso, o escândalo ganhou mais fôlego e o chão desapareceu sob os pés de Andrew.

Ficou pendurado no pincel depois que mais de vinte grandes instituições que bancavam o patrocínio de causas ligadas a Andrew caíram fora.

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Entre elas, bancos como o Barclays, a gigante de auditoria KPMG e o Instituto Nacional de Balé. Uma fonte do Instituto aproveitou para fofocar que Andrew era um patrono insuportável e exigente, muito diferente da adorada princesa Diana, bailarina frustrada que ia a ensaios e fazia mimos ao corpo de baile.

Mas quais seriam os sentimentos da rainha e mãe ao dizer para o próprio filho que ele não vai mais fazer parte da “Firma”, não vai mais aparecer engalanado em cerimônia oficiais e nem ganhar o estipêndio anual equivalente a 320 mil dólares?

Tendo atingido o status de esfinge com cara de vovozinha simpática, é possível que não se saiba tão cedo.

Elizabeth já lamentou, muito tempo depois, que tenha sido uma mãe distante, capaz de largar Charles, o filhinho com menos de um ano para ir passar uma temporada de seis meses com o marido, embarcado na Marinha Real em Malta.

Psicanalistas de botequim acham que o pendor dele por mulheres mais velhas e de aparência maternal – tradução: Camilla – pode ter vindo daí.

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Por causa de Camilla, o próprio Charles já teve seu momento de entrevista-catástrofe, em 1994. Ele admitiu que, depois de “ficar claro” o fracasso de seu casamento com Diana, não cumpriu o juramento de fidelidade.

Diana respondeu com sua própria entrevista, detonando o marido de quem já havia se separado.

O pai de Charles, Philip, hoje vivendo distante de tudo os mais de 98 anos, ficou furioso na época.

Mas Charles é o herdeiro do trono, posição da qual só pode ser tirado por vontade própria, ao contrário de Andrew.

Se serve de algum consolo, o “príncipe pária”, como já começou a ser chamado pelos tabloides, pode se lembrar de outros demitidos famosos.

A lista vai de Mozart (o arcebispo-príncipe de Salzburgo não gostava dele) a Steve Jobs (maus resultados na Apple).

Inclui também Thomas Edison (derramou ácido corrosivo no chão de seu escritório na Western Union), J.K. Rowling (secretária nada concentrada no trabalho da Anistia Internacional) e Walt Disney (por “falta de imaginação e boas ideias” como repórter do Kansas City Star).

Sem ideias sequer médias e imaginação deficiente, (disse “obrigado” depois de fazer sexo com Virginia Roberts, “presenteada” por Jeff Epstein, segundo a acusação dela), Andrew vai ocupar um lugar muito, muito pequeno entre os demitidos famosos.

Ainda bem que tem a mãe para consolá-lo. Não faltarão palácios.

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