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Suplicy venceu: Zuckerberg e outros feras pregam renda mínima

Perda de empregos por causa da robotização e hipótese de substituir os benefícios sociais levam visionários e bilionários a defender um salário para todos

Por Vilma Gryzinski 17 ago 2017, 08h32

Daqui a apenas treze anos, 38% de postos de trabalhos nos Estados Unidos deixarão de ser ocupados por humanos, substituídos por robôs e outras formas de Inteligência Artificial. Nenhum filme-catástrofe sobre distopias futuras chegou perto de imaginar as conclusões do estudo de uma grande empresa de auditoria e consultoria, a PwC. Na área de serviços financeiros, a mais afetada, o índice previsto bate em 61%.

Os números podem ter sido calculados de forma exagerada, mas vários dos bilionários mais antenados do planeta estão dando o mesmo aviso: as mudanças serão sísmicas.

Alguns, entre eles, propõem programas de renda mínima, a eterna bandeira de um ex-eterno senador paulista, como uma forma de atenuar os efeitos do cataclisma.

O mais conhecidos são Mark Zuckerberg e Elon Musk. Eles discordam totalmente sobre benefícios e malefícios da Inteligência Artificial, mas concordam com a proposta da renda mínima.

O último a defender esta alternativa, no passado uma exótica plataforma de políticos de esquerda, foi Richard Branson, o loiríssimo inglês que criou o Virgin Group.

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Pelos padrões estonteantes dos hiper-ricos de hoje, a fortuna de Branson é café pequeno: 5 bi.  Mas ele tem uma reconhecida capacidade de criar novos negócios, indo de uma inovadora loja de discos às 400 empresas de hoje, incluindo uma de vôos espaciais.

CONTRATO NOVO

Branson e outros citam uma experiência da Finlândia com dois mil desempregados que passaram a receber o equivalente a cerca de 680 dólares por mês. A remuneração  fixa substitui todos os outros benefícios sociais, como salário-desemprego e assistência médica. Não é afetada se quem a recebe passar a trabalhar.

São estes os aspectos que fazem com que a renda mínima seja defendida por pensadores libertários: incentivar o trabalho e diminuir o tamanho das máquinas estatais.

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Zuckerberg, que segundo inimiguinhos anda pensando naquilo – a Casa Branca -, fez a apologia da renda mínima com base no apelo que tem a ideais tanto à esquerda quanto à direita. Cria uma rede de segurança aos que mais precisam sem aumentar impostos, enfrenta os rombos quase universais provocados pelo muitas vezes insustentável sistema de benefícios e não desincentiva o trabalho.

Como sempre apela aos bons sentimentos, disse que, se precisasse sustentar a família no nada distante começo da carreira, não teria tempo para criar a programação do Facebook. E “não teria chegado onde cheguei hoje.”  Um lugar realmente impressionante: 33 anos e 71 bilhões dólares.

Num indício de que realmente pensa em alternativas de carreira, Zuck usou uma expressão pretensiosa para a ideia:  “Novo contrato social”.

Stewart Butterfield (Flickr, Slack) vai numa linha similar. Ao proporcionar uma rede de segurança, a renda mínima garantida para todos destravaria uma enorme onda de empreendedorismo.

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LEI DE MURRAY

A melhor e mais detalhada defesa da renda mínima é feita por Charles Murray. O cientista social de tendência libertária escreveu um livro contestadíssimo, The Bell Curve, e foi recentemente impedido de falar no Middleburry College, de Vermont, por um tribunal universitário de inquisição.

O que ele tem a dizer é muito interessante. Hunt propõe um salário anual de 13 mil dólares a todos os americanos a partir dos 21 anos. Três mil dólares já seriam descontados para assistência médica.

Todos os outros benefícios e programas sociais desapareceriam. E, com eles, não só as imensas burocracias estatais como as deformações propiciadas pela primeira das três leis de Murray, a da seleção imperfeita. Estabelece ela: “Todo regulamento objetivo que define a elegibilidade para um programa de transferência de renda exclui irracionalmente algumas pessoas.”

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Como viver com 10 mil dólares por ano nos Estados Unidos? Com o entusiasmo dos visionários, Murray acha que haveria um incentivo à cooperação: três pessoas que juntassem recursos já teriam renda anual de 30 mil dólares, ascendendo à classe média.

Qualquer tipo de trabalho, mesmo de baixa remuneração,  aumentaria a renda mínima e não seria penalizado.

Pelo sistema americano atual, quem recebe benefícios do Medicare, a assistência médica para idosos, crianças ou incapacitados, ou bolsa alimentação, corre o risco de perdê-los se arruma outra fonte de renda. Murray propõe uma taxação progressiva, começando num patamar bem baixo, a partir de 30 mil dólares anuais.

PATERNIDADE RESPONSÁVEL

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Como não tem medo de se meter em encrencas, Murray aponta uma vantagem adicional: melhorar a situação de desvantagem social que atinge especialmente crianças, na maioria negras, criadas só pelas mães.

Ter um filho não aumentaria em nada o benefício da renda mínima. Portanto, tiraria recursos  das mães través do aumento de despesas que a alegria infinita de ter um bebê propicia.

Fraldas, leite, carrinho, roupinhas e móveis, para ficar no básico, teriam que sair da mesma fonte. Atualmente, os food stamps, uma espécie de bolsa-família, sobem à proporção que aumentam os filhos.

Os pais que fazem filhos sem ligar a mínima para seu sustento também teriam um desincentivo à irresponsabilidade: o desconto automático de pensão na sua renda mínima.

Claro que, se pais e mães procurassem outras fontes de renda, teriam mais condições, fora a renda mínima, de ter quantos filhos quisessem.

Será que aquele ex-senador, no fim das contas, estava certo?

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