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Strippers e escândalos: será que Netanyahu aguenta mais uma?

A mulher foi indiciada, o filho apareceu em gravação falando barbaridades e o próprio primeiro-ministro aguarda inquérito sobre  corrupção

Por Vilma Gryzinski 12 jan 2018, 11h33

Que tal oferecer a própria namorada aos amigos para pagar dívidas? Das muitas brincadeiras de bêbado feitas por Yair Netanyahu, o filho do primeiro-ministro de Israel, esta não foi a pior.

O que pegou mesmo foi quando ele diz a um dos dois amigos de farra numa boate do tipo onde mulheres lindas tiram a roupa e depois vão para um lugar escuro com o cliente: “Cara,  você tem que ser legal comigo. Cara, meu pai deu para o o seu um negócio de 20 bilhões de dólares”.

O amigo é Nir Maimom. Por uma incrível coincidência, o pai dele, Kobi Maimom, é dono de uma empresa que ganhou os direitos de exploração a uma das reservas de gás que pode resolver a injustiça bíblica da pobreza de recursos naturais da Terra Prometida.

Por outra incrível coincidência, o terceiro amigo, Roman Abramov, tinha sido contratado pela empresa de Maimom como gerente de desenvolvimento de projetos embora não tivesse experiência nenhuma.

É um ângulo que vai ser investigado. Tudo o mais o que os três amigos fizeram na balada, em 2014, não tem nada de ilegal. Como no Brasil, a prostituição não é ilegal em Israel. Explorá-la é proibido, mas daí o crime é dos donos dos estabelecimentos.

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Fora o constrangimento das piadas pesadas de Yair, em especial quando oferece namorada para pagar os 400 shekels que o amigo milionário tinha pagado para a stripper pela sessão no lugar escuro. “Vou oferecer para todos os meus amigos. É assim que pago minhas dívidas”.

“Tenho vergonha de ter sido namorada dele, mesmo que por pouco tempo”, postou a ex-namorada, Lee Levi, loiríssima beldade com dupla nacionalidade, israelense e dinamarquesa.

Depois de dizer que os filhos aprenderam a “respeitar as mulheres”, Netanyahu fez o que se esperar nessas ocasiões: reclamou da divulgação da gravação, ao que tudo indica feita – e vendidas, segundo o primeiro-ministro – pelo motorista do carro oficial.

Ser primeiro-ministro de Israel, e já no quarto mandato, não é para fracos. Mesmo em tom de piada, a insinuação de favorecimento feita pelo filho é uma encrenca num momento ruim para Netanyahu.

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Dois inquéritos policiais que o envolvem diretamente estão para ser entregues ao advogado-geral, que decidirá se abre processo contra Netanyahu. Em um, ele é acusado de receber presentes como charutos, bebidas, ternos e outros mimos de “amigos” milionários.

Arnon Milchan, produtor de cinema nos Estados Unidos, disse num dos depoimentos aos investigadores israelenses que abastecia a residência oficial de champanhe rosé para “manter a calma” de Sara Netanyahu.

O temperamento explosivo da mulher do primeiro-ministro é notório e já gerou processos trabalhistas. Outras acusações contra ela foram arquivadas, inclusive a de embolsar a ninharia paga pela reciclagem de garrafas de vidro da residência oficial.

Mas Sara foi indiciada por desvio de recursos e fraude ao se associar a um funcionário da residência do primeiro-ministro para pendurar no governo a conta de refeições encomendadas a restaurantes. O valor total é equivalente a 100 mil dólares, quantia que qualquer mulher de corrupto brasileiro gasta numa viagem de compras a Paris ou Miami.

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Os longos anos no poder e a “amizade” com milionários afetaram, inevitavelmente, a criação austera de Netanyahu, o primeiro chefe de governo de Israel nascido no país.

O pai dele era o judeu polonês Benzion Mleikowsky, filho de rabino que mudou de sobrenome quando foi morar no que era a Palestina sob mandato britânico. Ideologicamente identificado comum corrente minoritária, a do sionismo revisionista, tornou-se historiador do judaísmo e foi professor em Cornell.

Os irmãos Yonatan e Benjamin foram criados para grandes feitos, mas com nenhum luxo. Ambos entraram para a força de operações especiais do Exército de Israel.

Benjamin participou do resgate do avião da empresa aérea belga, desviado para o aeroporto de Lod. Dois casais de palestinos militantes do Setembro Negro haviam sequestrado o avião em maio de 1972.

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O comando do resgate foi assumido por ninguém menos que Moshe Dayan, ministro da Defesa, e Shimon Peres, que depois seria primeiro-ministro e presidente.

Entre os 16 integrantes do Sayeret Matkal que se disfarçaram de mecânicos para entrar no avião estavam Benjamin Netanyahu e Ehud Barak, que também seria primeiro-ministro e ministro da Defesa (os dois romperam e se odeiam).

Netanyahu levou um tiro no braço. A bala disparada por um colega atravessou o corpo da seqüestradora Theresa Halsa, fotografada sobre a asa do avião com uma mancha de sangue em sua moderna roupa com estampa dos anos 70 (árabe israelense cristã, ela saiu da cadeia numa troca de prisioneiros).

Quatro anos depois, Yonatan Netanyahu integrou o comando despachado para outro resgate, o do aeroporto de Entebbe, em Uganda. Morreu liderando a operação que salvou os passageiros judeus e a tripulação do avião da Air France que havia se recusado a deixá-los para trás.

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É difícil imaginar o mimado Yair Netanyahu, que prestou serviço militar no setor de comunicações, vivendo algo parecido. Para seu pai, claro, ele é um gênio precoce, já preparado para seguir uma carreira política brilhante – pelo menos antes do strippergate.

Como será que se diz Ronaldinho em hebraico?

 

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