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Sonho presidencial: Bloomberg já está pegando criancinha no colo

Ainda como se fosse um pacote-bomba, mas o bilionário entrou para valer na disputa e deu uma arrancada que mostra a busca do eleitor por opções

Por Vilma Gryzinski 19 fev 2020, 08h21

Existe uma enorme quantidade de homens jovens entre 16 e 25 anos que “não têm empregos, não têm perspectivas, não sabem como se comportar em ambientes de trabalho onde precisam trabalhar de maneira colaborativa e em grupo”.

Se esta análise, fria e cortante, fosse feita sobre os problemas de colocação no mercado das grandes faixas de brasileiros de baixo nível de instrução, estaria dolorosamente correta.

Problema: Michael Bloomberg, o bilionário que acha ter uma chance de ser presidente dos Estados Unidos, fez o comentário referindo-se especificamente a negros e hispânicos.

Nem por isso deixa de ser verdade. Mas existem verdades imencionáveis nos tempos atuais nos Estados Unidos.

Mesmo que sejam ditas por ricos acostumados a falar exatamente o que pensam – e 62 bilhões de dólares compram um bocado de independência de expressão.

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Muitas das declarações de Bloomberg estão sendo desencavadas agora para assombrá-lo. Como envolvem classes menos favorecidas ou minorias, em geral negros, lá se vai o veterano ricão pegar criancinhas, de preferência com outro tom de pele, o ritual obrigatório de todo político em campanha.

Bloomberg sabe onde lhe apertam os sapatos (geralmente mocassins de couro italiano da marca Cole Haan: alternou dois únicos pares durante dez anos, monitoração feita na época em que era prefeito de Nova York).

Se não gasta em sapatos, está abrindo os cofres em propaganda política. Existe um cálculo do que já gastou até agora: 400 milhões de dólares em filmes para a televisão e num exército digital que procura emular a tática vitoriosa de Donald Trump, principalmente em matéria de memes.

Bloomberg não tem o potencial de Trump – sem limites, desbocado, abusado – nem um brilhante diretor de mídia digital como Brad Parscale.

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Mas 400 milhões de dólares dão para o gasto e Mike Bloomberg teve um súbito e espetacular boom: apareceu numa nova pesquisa em segundo lugar, com impressionantes 19% nas preferências de eleitores democratas ou simpatizantes.

Atrás apenas de Bernie Sanders, com 31%.

Talvez esteja aí um dos motivos do boom. Democratas que não simpatizam com o esquerdismo de Sanders ou apenas acham que um candidato socialista nunca vai derrotar Trump estão procurando uma alternativa.

Com o derretimento de Joe Biden, sobrou uma chance para Bloomberg.

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Em outra pesquisa, com eleitores indecisos da Flórida – menos ideológicos, portanto –, o bilionário aparece em primeiro lugar, com 27% das preferências.

Com a nova qualificação, Bloomberg vai participar, pela primeira vez, de um debate entre os pré-candidato, hoje, em Las Vegas.

Já dá para imaginar a pancadaria vindo de todos os lados.

Bloomberg tem experiência em debates (mesmo naqueles em que não é o único participante, em seu próprio canal de notícias), conhecimento do ambiente político, a inteligência quase predadora que permite ganhar tanto dinheiro e, obviamente, ambição.

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Também deu a entender que venderá sua empresa de mídia focada em informações financeira, a Bloomberg LP, proibida por enquanto de falar mal de qualquer aspirante democrata, inclusive, ou talvez principalmente, dele.

Simpatia e carisma? Nada. Fica até ridículo quando tenta responder à altura – sem trocadilhos – aos ataques de Trump. Poucos se dariam bem quando o presidente tuíta: “Mini Mike Bloomberg é um perdedor que tem dinheiro mas não sabe debater e tem presença zero”.

Talvez o jeito brusco e sem charme seja um ponto a favor para um candidato que procura se passar por restaurador da normalidade na política americana – embora o oitavo homem mais rico do mundo possa ser muitas coisas, menos “normal”.

Entre declarações complicadas desencavadas no passado recente, tem uma em que Bloomberg mostra que aos 78 anos e 62 bilhões de dólares, ainda tem muito a aprender.

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Ao fazer uma explanação sobre as habilidades requeridas pela era tecnológica, usou uma comparação com os que trabalham na terra.

“Posso ensinar qualquer um a ser agricultor: 1) faça um buraco 2) ponha uma semente dentro 3) cubra de terra 4) adicione água e 5) o milho nasce”.

“A economia da informação é totalmente diferente, pois foi criada para substituir pessoas por tecnologia. E as habilidades necessárias exigem que se saiba pensar e analisar”.

“Exigem muito mais matéria cinzenta”.

Além de parecer ter aderido à escola Paulo Guedes de declarações supostamente engraçadas, Bloomberg, obviamente, não conhece a agricultura mais produtiva do mundo. Nem os recursos tecnológicos que demanda.

Não vai ser fácil ganhar votos no “cinturão do milho”. Aquele lugar lá do Meio Oeste onde os ricões de Nova York são considerados metidos, esnobes, desconectados da América, de Deus, da terra e dos valores americanos.

Menos Donald Trump, claro.

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