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Sexo, mentiras e cadeia: o incrível amigão de Trump

Roger Stone, uma das muitas figuras folclóricas do círculo do presidente, pegou três anos e quatro meses de cana, mas ainda tem muita história para contar

Por Vilma Gryzinski 21 fev 2020, 12h01

Ele se veste como uma mistura de dândi e mafioso. Não desgruda de Nydia, a “mulher insaciável”, como a promovia em anúncios para casais, acompanhada de fotos sensuais num tempo em que nem existia celular com internet (acreditem, existiu isso, no milênio passado).

Roger Stone e Nydia eram adeptos da troca de casais ou suas alternativas. “Swingers experientes procuram casais similares ou homens musculosos sozinhos, excepcionalmente bem dotado.”

Circulando, na época – os anos noventa – no mundo já naturalmente cinzento dos lobistas e “consultores” de Washington, Roger Stone negou tudo.

Mais tarde, explicou o motivo: seus avós ainda eram vivos e ele não queria dar desgosto aos velhinhos.

Na verdade, tinha feito aquilo tudo mencionado pela revista Rolling Stone. E assumia, são só sem problema como com uma frase antológica: “Sou um libertino e um libertário”.

Outra definição, é impossível de ser traduzida. Em inglês : “Sou um try-sexual”, um trocadilho com prefiro tri e o verbo “to try”.

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Tentava tudo. E como.

Deveria ser um ícone dos transgressores, mas a tatuagem de Richard Nixon nas costas não ajudava muito com o pessoal progressista.

No documentário da Netflix é, evidentemente, um crápula.

Na vida real, provavelmente, também. Embora do gênero engraçado.

Tem um site em que vende de tudo, inclusive números antigos da Rolling Stone com seus “segredos” nada secretos, para financiar a própria defesa. Ser acusado de crimes federais custa caro nos Estados Unidos. Ele e Nydia tiveram que vender a casa em Miami.

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Os crimes envolvem tudo o que a fauna trumpiana tentou fazer – na maioria, literalmente, sem conseguir passar do campo da tentativa.

No caso de Roger Stone, não há trambicagens pregressas, como ocultação de capital e fraude bancária praticados por seu amigão Paul Manafort (cadeia até 2024).

De certa maneira, todos esses assessores de currículo complicado queriam pegar provas comprometedoras contra Hillary Clinton. Isso é o que se chama “assessoria de campanha”.

Hillary e os democratas foram mais espertos e enredaram Trump numa trama que, mesmo sem ter sido evidenciada depois de longa investigação, continua a infernizar a vida do presidente: a de que procurou cumplicidade da Rússia.

O comitê eleitoral democrata conseguiu o dossiê sujo sobre Trump, dando-lhe ares oficiais através, especialmente, do FBI.

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Agentes da legendária polícia federal americana mentiram para grampear o pessoal de Trump e, depois das eleições, usaram métodos duvidosos na tentativa de comprovar relações ilícitas da equipe presidencial com a inteligência russa.

Agiam assim para defender a república de um presidente comprometido com um inimigo histórico ou apenas porque não suportavam ver um sujeito como ele na Casa Branca?

A pergunta continua sem resposta e talvez continue por um bom tempo.

Mas o que se sabe é que figuras folclóricas da campanha de Trump agiram ou foram induzidos a agir para buscar informações comprometedoras sobre os adversários do presidente.

Roger Stone, por exemplo, de pés juntos (“Mais sapatos do que Imelda Marcos”, já brincou ele sobre sua paixão por jaquetões ternos sob medida e acessórios) que nunca tentou entrar em contato com Julian Assange para que desmentisse ter origem russa a enxurrada de emails de figurões do Partido Democrata que apareceu antes da eleição presidencial.

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Na verdade, os emails tinham pouca coisa comprometedora, mas é completamente inaceitável que um serviço de inteligência russo tente prejudicar um partido americano e, assim, interferir num resultado eleitoral.

Detalhe: o deputado californiano Dana Rohrabacher admitiu tem feito uma visita a Julian Assange, ainda preso na Inglaterra depois de perder o asilo na embaixada do Equador, com a proposta de conseguiu um perdão presidencial em troca de um desmentido oficial de que o material divulgado pelo Wikileaks tenha sido passado pelos russos.

Rohrabacher disse ter agido por iniciativa própria e não ter tido retorno da Casa Branca.

Um perdão presidencial não está fora das possibilidades, pelo menos no futuro, para Roger Stone.

As intervenções de Trump no caso deram uma dimensão infinitamente maior ao folclórico e transitório ex-assessor. Quase acabaram em crise grave, depois que o ministro da Justiça, Wiliam Barr, disse que as interferência de Trump no caso, via Twitter, estavam tornando “impossível fazer” seu trabalho.

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Trump surtou quando soube que promotores do Departamento de Justiça estavam pedindo de sete a nove anos de prisão para Stone, uma pena pesada e típica de um sistema de Justiça Federal que não dá moleza para ninguém.

“É uma situação horrível e muito injusta. Os verdadeiros crimes foram cometidos pelo outro lado e não acontece nada com eles”, estrilou Trump.

A reclamação valeu, apesar do jus esperneandi de Barr e da renúncia de quatro promotores envolvidos no caso. A pena pedida diminuiu.

Uma interferência presidencial no andamento da justiça é sempre errada, mas o caso contra Roger Stone realmente demandava um tratamento tão severo?

Não foram muito piores as atitudes de altos figurões do FBI que abertamente tramaram para passar a penas em Trump?

São duas questões separadas, mas que se encontrarão em algum momento no futuro.

Roger Stone certamente já está pensando em como passar o tempo na cadeia, antes de receber o perdão presidencial (figuras muito piores do que ele já foram agraciadas no passado).

“Nunca perda uma oportunidade de fazer sexo ou de aparecer na televisão, como dizia Gore Vidal”, brincou, anos atrás, numa entrevista ao New York Times.

Imaginem o que ele vai dizer quando sair da cana?

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