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Seriam Harry e Meghan os “amigos” mencionados em novo livro?

Muita gente percebeu a jogada: o príncipe e a mulher, afastados da família real por vontade própria, colaboraram com autores para se passar por vítimas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 28 jul 2020, 08h07 - Publicado em 28 jul 2020, 08h07

Um dos mais confiáveis guarda-costas da princesa Diana e dos filhos, Ken Wharfe, conta uma história interessante.

Os meninos eram pequenos e estavam brigando, como todas as crianças, no banco de trás do carro. Diana mandou pararem se não voltariam para Kensington, sem fim de semana no campo.

Com quatro anos, Harry encerrou a disputa, dizendo para o irmão: “Você vai ser rei um dia e eu não. Por isso, posso fazer o que eu quiser”.

Diana e o guarda-costas disfarçaram as risadas.

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Pois Harry está fazendo exatamente o que antecipou. Quis se afastar da família real e ir morar com Meghan nos Estados Unidos. 

Livrou-se das amarras de protocolo e hierarquia que regem uma família obrigada a seguir regras bem estabelecidas para que cada um seja tratado de acordo com seu lugar no trono e na linha de sucessão.

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Levou o maior susto quando descobriu que podia fazer o que queria – ir embora do Reino Unido e ganhar dinheiro-, mas não manter privilégios como o uso do tratamento de Sua Alteza Real e os planos para faturar em cima dessa conexão.

Agora, ele e Meghan repetem uma tática usada por Diana: contar, sob sigilo, o seu lado da história a jornalistas.

Diana tinha muito a revelar a Andrew Morton quando ele escreveu uma biografia “não autorizada” – o jornalista só quebrou o sigilo da fonte depois da morte dela.

Acima de tudo, como o príncipe Charles não havia rompido a relação com a amante, Camilla, condenando ao fracasso o casamento que ela assumiu quando era uma garota ingênua de apenas vinte anos.

Foi um caso clássico de um código muito conhecido: quando “amigos” revelam detalhes íntimos, só acessíveis aos envolvidos diretamente, a identidade da fonte fica patente.

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É isso que está acontecendo agora com um novo livro assinado por dois jornalistas, Omid Scobie e Carolyn Durand, com o pomposo título de Finding Freedom, ou encontrando a liberdade, numa alusão absurdamente ridícula à autobiografia de Nelson Mandela e seus 27 anos de prisão, dos quais 18 trabalhando em serviços forçados quebrando pedra durante o dia e à noite dormindo numa esteira no chão da cela minúscula.

E o que Harry e Meghan têm a reclamar a ponto de se compararam a combatentes pela liberdade?

No fundo, é a posição secundária em relação ao irmão que um dia deve ser rei e ao próprio pai – que ainda continua sustentando o filho de 35 anos.

Essa rivalidade antecede a entrada em cena de Meghan, mas ganhou um lugar cada vez maior depois quando o príncipe se apaixonou, a ponto de parecer “estar em transe”, pela atriz de uma série de televisão filmada no Canadá.

Em vez de diminuir, o ressentimento só aumentou depois que os dois tomaram gosto pelo sucesso de público do casal, recebido como estrelas da música pop, com páginas e mais páginas de jornais e revistas reverenciando a novidade do noivado e, depois, do casamento de sonhos.

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Entre os irmãos, a situação só piorava. Outros autores contaram como Harry se ressentiu do conselho de William para que não se precipitasse.

O novo livro acrescenta um detalhe, as palavras literais de William. “Não se sinta pressionado, leve todo o tempo do mundo para decidir se a pessoa certa é essa garota”.

O “essa garota” virou um dos muitos motivos de ressentimento do príncipe que nunca iria ser rei. No livro, um “amigo” usa a expressão usada por Harry para qualificar o irmão: “Esnobe”.

Menos diplomáticos, funcionários do palácio referiam-se a Meghan como “a showgirl de Harry” – algo como corista e tudo o que o termo implica. 

Em troca, Harry e Meghan referiam-se a eles como “víboras”. 

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E tinham certeza que seu sucesso junto ao público era visto por eles como uma ameaça que fazia sombra a William, a Charles e até à própria rainha.

Falar mal do pai e do irmão, sob o disfarce de “amigos”, não é muito bonito, mas é pior ainda envolver a avó de 94 anos, venerada pela dedicação e a estrita imparcialidade exigida em troca dos privilégios inigualáveis da posição de chefe da monarquia..

Tendo pisado na bola tantas vezes durante o breve período em que o casal conquistou multidões, dentro e fora do Reino Unido, os dois reincidiram no erro recentemente.

Pegando carona na onda de protestos antirracistas, eles avisaram que a Commonwealth, a comunidade de 53 países que foram colônias britânicas e aderiram ao projeto comum, precisava “assumir o passado”.

Deve ser alguma coisa na água da mansão californiana onde moram de favor. 

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A Commonwealth é o oposto da era de domínio colonial. Seus integrantes têm orgulho das ligações com o antigo império e alguns deles continuam considerando a rainha como chefe de estado. 

Podem sair quando quiserem, sem ônus – fora perder as visitas ao palácio, os títulos honorários conferidos aos mais constantes e outros penduricalhos da parafernália da realeza.

Os pequenos detalhes que indicam a origem das informações incluem a posição de ioga “perfeita” que Meghan fez quando estava na África para o pedido de casamento, a expressão no rostinho do filho, Archie, quando nasceu, uma conversa por FaceTime dela com uma amiga enquanto tomava banho de banheira e até o que foi servido no almoço em que Harry discutiu com a avó como seria a sua saída da Firma, o nome meio brincalhão meio sério da família real.

Uma das maiores reclamações de Harry é que ele não podia usar as redes sociais para responder às críticas – inclusive as feitas nas seções de comentários dos veículos de imprensa.

Ler comentários sobre si mesmo é um dos mais garantidos caminhos da perdição.

Quando conheceu Harry, Meghan não era exatamente uma atriz do primeiro time. Aliás, nem do segundo. Fazia até o truque do “falso paparazo”, comum entre celebridades loucas por atenção, de avisar os fotógrafos onde estará para parecer ser uma foto roubada.

Ao contrário do marido, tem cabeça boa para negócios e se cercou de profissionais do alto escalão, todos americanos. Quando foram para o Canadá discutir a nova vida, contaram com a ajuda profissional da diretora da agência de relações públicas Sunshine Sachs, mais um advogado, um administrador e um empresário de talentos.

A eclosão da epidemia de coronavírus afetou drasticamente os planos do casal, a começar pela vida de palestrantes milionários que seria uma de suas fontes de renda.

Disputas entre irmãos e outros parentes proporcionaram episódios literalmente shakesperianos na época em que a monarquia tinha poder de fato, mais além da posição simbólica de hoje, de continuidade histórica e de enviados da linha de frente para selar laços comerciais e diplomáticos com países estrangeiros.

O mais conhecido é Ricardo III, o mesmo da peça. Tendo prometido ao irmão que, depois da morte dele, seria o protetor do sobrinho e futuro rei, tratou de colocar o menino internado da Torre de Londres. Para garantir, mandou o irmão menor junto. 

Os “príncipes da Torre” nunca mais foram vistos, no maior ”mistério” da história da Inglaterra. Até os restos mortais de Ricardo, com deformação espinhal e marcas dos golpes recebidos na Batalha de Bosworth, foram encontrados debaixo de um estacionamento em 2013.

Rei por apenas dois anos e dois meses, ele não teve um começo auspicioso: era o filho número quatro, sofria de escoliose e nasceu no mesmo castelo onde Maria Stuart, rainha da Escócia, foi decapitada a mando da prima, Elizabeth I.

A própria mãe de Elizabeth, Ana Bolena, já tinha sido executada da mesma maneira brutal por ordem do marido, Henrique VIII.

Conversas na banheira pelo FaceTime, queixumes sobre comentários nas redes sociais e colaboração “secreta” com jornalistas amistosos parecem mais infantis ainda à luz de um passado assim.

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