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Será que Trump escapou de mais uma? Pode ser que sim

O último capítulo da novela sobre um possível conluio com os russos já foi escrito, mas ainda não foi ao ar. Dica: personagem principal continua vivo

Por Vilma Gryzinski 23 mar 2019, 16h41

Donald Trump morre no fim da novela ou dá uma guinada? Aliás, é o vilão ou um improvável mocinho? Durante 674 dias, os americanos aguardaram como terminaria a investigação especial conduzida por Robert Mueller, um ex-diretor do FBI que em matéria de dureza fica no topo da escala de Mohs.

É questão de dias, talvez de horas, até que o teor do relatório final que ele entregou ao Departamento de Justiça seja resumido, vazado ou revelado.

Pela letra da lei, não precisaria. Pela realidade da política, seria inconcebível que o país não tomasse conhecimento de cada vírgula da investigação sobre um suspeita gravíssima e sem precedentes, a de que um candidato a presidente dos Estados Unidos procurou ajuda dos inimigos russos e assim conseguiu influenciar sua eleição.

Para decepção terminal de todas as forças de oposição a Trump, só se sabe por enquanto que Mueller não oferece nenhuma nova denúncia. Nem contra o presidente nem contra outras figuras não só do topo do governo como de sua própria família, como o filho Donald Júnior e o genro Jared Kushner.

O significado disso tem todos os elementos para ser monumental. Se Mueller e sua equipe de promotores implacáveis não conseguiram enquadrar o presidente em nenhuma acusação, Trump conseguiria uma vitória espetacular e a Câmara de Representantes, onde o Partido Democrata agora tem maioria, precisaria vasculhar outras áreas de sombra para encontrar algo que justifique um pedido de impeachment.

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Uma manchete do New York Times, o jornal que simultaneamente produziu obras primas em matéria de reportagens investigativas e constrangedoras distorções decorrentes do antitrumpismo infantil, indica a decepção generalizada: “Com a entrega do Relatório Mueller, o foco investigativo se transfere para Nova York”.

Tradução: a esperança de derrubar Trump agora depende do que promotores estaduais consigam levantar sobre eventuais negócios escusos, um elo destes com a campanha presidencial e o que mais Michael Cohen, o ex-advogado e faz tudo de Trump, consiga entregar.

Até agora, fora seus próprios enroscos na área de sonegação fiscal e “um verdadeiro bufê de condutas fraudulentas”, Cohen só conseguiu abrir uma porta para atacar Trump: o pagamento que fez em nome do então candidato para dar um cala-boca à atriz pornô que teve um breve encontro sexual com ele em 2006.

É uma porta bem estreita. Para que os 110 mil dólares, ressarcidos a Cohen,  fossem considerados despesa não declarada de campanha, seria preciso provar que Trump tinha apenas a intenção de se beneficiar eleitoralmente e não esconder um caso extraconjugal da mulher.

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John Edwards, ex-senador democrata que sonhou ser candidato a presidente ou no mínimo, vice, na chapa de Barack Obama, desviou dinheiro de doações de campanha para pagar a ex-amante com quem teve uma filha em segredo.

Detalhes sórdidos: a mulher dele estava morrendo de câncer, ele chegou a sugerir que um assessor conseguisse roubar uma fralda da criança para fazer um teste de DNA e o dinheiro não tinha saído do próprio bolso, como no caso de Trump.

Mesmo assim, Edwards foi absolvido.

É claro que um político caído em desgraça nem se compara a um presidente em exercício, muito menos um presidente como Trump, que quase todo dia atravessa a rua, metaforicamente, e para escorregar em algum tuíte com repercussões negativas.

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Se ele for eximido, ou pelo menos não enroscado, pelo Relatório Mueller, terá sido justificado em todos os tuítes em que acusou de parcialidade o advogado especial – o termo promotor foi substituído, embora a função continue a mesma -,  e sua “gangue de democratas”.

Talvez até na expressão, exaustivamente usada, de “caça às bruxas” movida ao inconformismo político do establishment, inclusive dentro do FBI e do Departamento de Justiça, com sua eleição.

São muitos os exemplos de condutas abusivas de altos funcionários dessas instituições, que costumavam ser veneradas pela honestidade e implacabilidade com todos, poderosos ou não.

São virtudes cívicas das quais Mueller, ex-voluntário na Guerra do Vietnã, estóico como um monge medieval e árido como um cacto, sempre foi um exemplo.

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Receber um “nada consta”, ou pelo menos um “não confirmado”, de um homem assim seria uma revanche quase inacreditável para Trump.

Mueller expôs uma rede de agentes russos, oficiais ou oficiosos, que tentaram realmente influenciar o processo eleitoral nos Estados Unidos, revelou contatos impróprios de figuras irrelevantes da esfera distante de Trump e dissecou as malfeitorias fiscais do homem que    chefiou rapidamente a sua campanha eleitoral, Paul Manafort, um lobista que prestou serviços ao derrubado presidente ucraniano alinhado com Moscou.

Nada disso cheira bem, mas as penas de prisão para esse pessoal foram praticamente irrelevantes, variando  de doze dias aos sete anos de Manafort, sem relação com uma conspiração política de alto calibre.

O maior prejuízo à campanha de Hillary Clinton veio do WikiLeaks, que divulgou emails do pessoal dela hackeados pelos russos. Com o detalhe de que Julian Assange, o o explosivo motor  do WikiLeaks,  ainda é visto em muitas esferas de esquerda como um dos maiores gênios da humanidade.

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O que Mueller dirá sobre a bizarra aliança Trump-Assange, sobre o dossiê encomendado pelos democratas que falava de alianças escusas com Moscou e práticas sexuais bizarras, sobre os nomões do FBI que conspiraram abertamente para sabotar Trump, por acharem que era um agente inimigo ou apenas um presidente inaceitável?

Trump vai ser mesmo eximido ou novas avenidas se abrirão para complicá-lo?

Só falta um capítulo para saber.

 

 

 

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