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Por Vilma Gryzinski
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Semana infernal na Argentina: mais confinamento, menos carne

Não há nada que esteja tão ruim que não possa piorar e o presidente Alberto Fernández está aí para dar mais provas disso

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 24 Maio 2021, 18h33 - Publicado em 24 Maio 2021, 08h27

“Estamos atravessando o pior momento desde que começou a pandemia”, anunciou em tom lúgubre Alberto Fernández ao decretar a volta temporária da “quareterna”, nove dias de confinamento, que começaram no sábado e vão até o próximo fim de semana.

Confinamento mesmo: os argentinos só poderão circular pelas “imediações de seus domicílios”. Quem foi passar o fim de semana fora, não pode voltar para casa antes do fim das restrições.

É um ato quase de desespero diante de um vírus que não só não recua, como vai ficando pior ainda, a ponto de ter colocado a Argentina numa das posições dianteiras do pior de todos os recordes, com 1.617 mortes por milhão de habitantes. 

Os novos casos superaram a marca dos 40 mil por dia e os problemas são os mesmos vistos recentemente no Brasil: a rede hospital simplesmente não dá conta.

Se a situação sanitária tem pontos semelhantes, a econômica não se compara: a Argentina está numa encrenca muito maior e os instintos do governo peronista apontam para um agravamento de consequências imprevisíveis.

Foi com base nesses instintos que Fernández decretou no começo da semana passada uma intervenção quase inacreditável: a suspensão das exportações de carne por trinta dias. Os produtores responderam com uma greve de uma semana.

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É óbvio que, apesar dos desvios ideológicos, existem economistas qualificados a serviço do governo argentino e o ministro Martín Guzmán é um operador de alta performance – mas não faz milagres.

Nem com a soja, altamente valorizada, trazendo uma chuva de dólares para os cofres públicos é possível consertar um estrago como a suspensão das exportações de carne.

Circunstancialmente vantajosa para os produtores brasileiros, embora negativa no contexto do Mercosul, a suspensão foi decretada porque o preço da carne estava subindo no mercado interno, movido a uma inflação que passa dos 46% nos últimos doze meses e ao novo boom das commodities.

O ciclo autodestrutivo é conhecido: a inflação sobe porque o governo gasta o que não tem e imprime dinheiro e um governo não confiável que despeja dinheiro na praça provoca mais aumento de preços. Pode terminar laçando boi no pasto, como no clássico caso brasileiro.

Na Argentina, em lugar dos bois inutilmente caçados na época do tabelamento de preços, se diz que um presidente pode “terminar como Fernando De La Rúa”, o presidente que renunciou e saiu de helicóptero da Casa Rosada, temendo a fúria do povo por causa da hiperinflação.

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As exportações de carne respondem por 10% do comércio externo argentino, apesar da perda de mercados importantes como o da Alemanha, alienado por uma intervenção similar, em 2006.

Em janeiro passado, o governo já havia feito coisa semelhante, proibindo por trinta dias as exportações de milho. Voltou atrás diante da reação dos produtores. 

“A Argentina se salva com uma boa safra. A velha frase que descrevia a dependência do país de seu setor primário hoje não vale mais”, escreveu no Infobae o economista Pablo Wende.

“Os altos preços da soja e também do milho permitirão ao governo ganhar tempo. Mas resgatar a economia da decadência, do aumento da pobreza, da falta de investimentos e de uma elevada desconfiança já não é possível nem com uma safra recorde”.

É praticamente um réquiem.

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