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Por Vilma Gryzinski
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Sangue latino: o Chile voltou para a lista dos países de *****?

Onze mortos, em incêndios provocados por saqueadores, é um número quase inacreditável para a exceção positiva que o país era na América Latina

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 21 out 2019, 11h53 - Publicado em 21 out 2019, 11h43

Tem volta?

Esta é a pergunta que importa para o Chile, convulsionado por manifestações súbitas, violentas e totalmente desproporcionais ao motivo inicial, o aumento na passagem do metrô.

A resposta é provavelmente sim. Apesar da torcida para que o Chile, com os chilenos junto, se ferre para comprovar que a política moderadamente de centro-direita do presidente Sebastián Piñera é um desastre.

A exceção chilena não é obra de Piñera, embora ele tenha uma parte dos méritos, como presidente em segundo mandato.

O Chile conseguiu estabilidade e melhora constante, ou seja, sair da lista de países de •••••, na definição nada polida, porém realista, de Donald Trump, por uma multiplicidade de fatores.

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O mais importante foi o contrato social, o acordo pactado entre os partidos mais à esquerda e mais a direita, com apoio da maioria da população, depois do inesperado fim da ditadura, fruto da certeza que o general Augusto Pinochet tinha da aprovação do regime no plebiscito que ele próprio havia convocado.

Apesar dos conhecidos e hediondos métodos de repressão da ditadura, o mínimo compromisso com a verdade também exige que se reconheça o papel da política econômica pinochetista.

As últimas três palavras são usadas com liberalidade. Pinochet não entendia de economia e, como militar, tendia para o estatismo.

Foi o desastre total da experiência de autodestruição do governo de Salvador Allende – nacionalizações, confiscos, congelamento de preços e outras pragas – que incentivou o caminho contrário.

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O autor do programa de reformas liberais chamado El ladrillo, feito semanas antes do golpe foi o economista Sergio de Castro, depois ministro da Economia.

Por motivos conhecidos, seus pontos continuam a ser discutidos até hoje: diminuir o tamanho do setor público, realismo cambial, modernização da agricultura, abertura de mercado via corte das tarifas sobre importações e reforma da previdência social.

O Chile hoje está na faixa dos países de alta renda, com 16 mil dólares de PIB per capita ou 25 mil pelo critério de paridade de poder de compra.

Cresceu 4% no ano passado e a previsão é de 3,5% este ano.

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Está em trigésimo lugar no índice de competitividade (Brasil: 56.º).

Tem problemas conhecidos, inclusive a dependência das exportações de cobre. É um país com muitas regiões áridas, desvantagem usada a favor da produção do vinho, mas que pesa no balanço total.

Tem também uma parte da população que saiu da miséria consistentemente, mas não chega nem perto da elegante e instruída classe média.

A esquerda continua a ser forte e faz o que a esquerda sabe fazer bem. Protestos estudantis, com violência e quebra-quebra, aconteceram em todos os governos e foram devidamente controlados.

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O que mudou em relação à loucura da última semana, quando participantes das ondas de saque provocaram a própria morte por incineração e a sede de um jornal tradicional como o El Mercúrio de Valparaíso escapou por pouco de ser totalmente queimada?

Desigualdade de renda e bronca com o aumento do metrô, rapidamente revertido, não explicam nem de longe a extensão da violência.

Sem metrô, com 41 estações vandalizadas, Santiago simplesmente não anda, pela falta de alternativa de transporte. Hoje, estava parada, com aulas suspensas, Exército na rua e comemorações em Caracas.

Pois é, a alegria pela explosão de protestos no Equador e agora no Chile é assumida pelo regime venezuelano.

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“O que está acontecendo no Peru, no Chile, na Argentina, em Honduras, no Equador, é só um ventinho. O que virá pela frente é um furacão”, avisou, usando uma metáfora já conhecida, Diosdado Cabello, o número dois da Venezuela.

“Esses países vão se arrebentar porque têm uma superdose de neoliberalismo e isso ninguém aguenta.”

A molecada do segundo grau que entrou pulando a catraca do metrô repetiu, evidentemente, o movimento do Passe Livre.

No Brasil, as manifestações acabaram tomando um caminho totalmente oposto, com milhões na rua protestando contra a corrupção, com bandeiras de direita. A onda culminou com a eleição presidencial.

Tirar o gênio da garrafa é fácil. Mas sabemos por experiência própria que ele tem suas próprias ideias sobre que rumo tomar.

Com fundamentos sólidos e muito a perder com a anarquia, o Chile tem muitos fatores positivos para superar o terrível susto da última semana.

A alternativa é voltar para aquela lista.

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