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Sabe o que é feminista transexcludente? Femmefobia? Atualize-se

Enquanto tem gente ainda tentando explicar as letras do LGBTQA+, a realidade vai criando outras designações no mundo dos sexos e gêneros

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jun 2021, 10h29 - Publicado em 30 jun 2021, 05h57

Existem mulheres que passam mal só de pensar em ser chamadas de TERF. E homens gays que discriminam sem dó nem piedade os homossexuais de aparência e gestos femininos. São praticantes da femmefobia.

Os termos já circulam há anos nos círculos mais engajados, mas só agora começam a sair dos nichos.

TERF é a sigla em inglês para feminista radical transexcludente. Designa feministas que não consideram possível transportar a totalidade da experiência de mulheres biológicas para as mulheres trans.

Na prática, são contra a presença de mulheres trans, ou ex-homens, em espaços anteriormente exclusivos de mulheres biológicas como vestiários, abrigos para vítimas de violência doméstica e penitenciárias femininas.

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A acusada mais conhecida de ser TERF foi JK Rowling, a autora de Harry Potter, que se meteu numa encrenca fenomenal ao falar justamente que abrigos para vítimas de violência deveriam ser preservados a mulheres biológicas para que se sintam seguras.

Ela argumentou com sua própria experiência, lembrando ter sofrido violência em seu primeiro casamento, com um jornalista português.

Não adiantou. A escritora tão popular se tornou alvo de campanhas maciças de repúdio e boicote. Até atores de filmes tirados de livros escritos por ela a condenaram. 

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Os vídeos de livros dela sendo queimados viraram tendência nas redes sociais, o locus dos tribunais virtuais que incendeiam reputações.

No mundo acadêmico, o caso do momento envolve Rosa Freedman, professora de direito e especialista em direitos humanos da Universidade de Reading, na Inglaterra.

A professora resolveu divulgar um e-mail que recebeu de um estudante chamado Alex Wareham, dizendo que está estudando com outros professores como “identificar áreas problemáticas” que “impedem” a universidade de atingir a plena igualdade.

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Rosa Freedman foi justamente localizada nessa área por suas posições em relação a mulheres trans.

“Eu recomendaria que você escolha suas palavras com muito cuidado”, escreveu o estudante, dando a entender que a professora foi barrada de palestra em outra universidade por sua postura TERF.

“Cansei de ser saco de pancadas”, reagiu Freedman, explicando por que resolveu identificar um de seus críticos. Ela conta ter sido desconvidada até de palestras sobre antissemitismo, sua área de especialidade, por suas “opiniões sobre sexo e gênero”.

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A universidade envolvida, de Essex, fez uma investigação e acabou pedindo desculpas por ter chamado Rosa Freedman e outra professora, a criminologista Jo Phoenix, de transfóbicas – um xingamento gravíssimo que pode acabar com carreiras, principalmente no mundo acadêmico e intelectual.

A escritora Chimamanda Ngozi Adichie, nigeriana radicada nos Estados Unidos, feminista e defensora dos direitos LGB e demais letras, queimou o filme quando fez a seguinte declaração: “Quando as pessoas dizem ‘ mulheres trans são mulheres”, minha reação é dizer que mulheres trans são mulheres trans”.

Num ensaio sobre a cultura do cancelamento, ela escreveu: “Temos uma geração inteira de jovens nas redes sociais tão aterrorizados de ter a opinião errada que roubaram de si mesmos a oportunidade de pensar, aprender e crescer”.

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Quase tão ruim ou até pior, segundo ela, são escritores se autocensurando, por medo de se desviar da “ortodoxia predominante do momento”, seja qual for.

Sobre a femmefobia – a rejeição a características femininas -, já existem até artigos acadêmicos. Um deles, publicado no Journal of Homossexuality, propõe que “homens gays femininos são alvo de crenças essencialistas que os colocam como menos naturais e mais entitativos do que os gays masculinos”. 

Essa coisa toda, seja lá o que queiram os autores dizer, “aumenta o preconceito contra gays femininos”.

Em outras palavras, corpos malhados, cheios de músculos e pelos, e atitudes masculinas são mais valorizados entre gays. Exatamente, aliás, como entre homens héteros. E entre as lésbicas que cultivam aparência masculinizada e gostam de femmes – mulheres, em francês -, designação usada para as homossexuais de visual feminino.

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