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Por Vilma Gryzinski
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Querem lembrar o que é ditadura? Vejam o que sai em Cuba

Um instrutivo passeio pela cobertura do jornal oficial do Partido Comunista sobre a  volta intempestiva dos médicos cubanos  

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h08 - Publicado em 24 nov 2018, 09h53

Dois “eventos” se entrecruzaram nas manchetes dos últimos dias do Granma, o jornal oficial do Partido  Comunista de Cuba.

Os dois anos da morte de Fidel Castro e o retorno da jato dos médicos cubanos – o mais correto seria dizer médicas, mais de 70% do programa subitamente cancelados.

Eles foram recebidos no primeiro dia pelo presidente Míguel Díaz-Canel e no segundo pelo octogenário ainda poderoso Raúl Castro.

Alguns trechos abaixo são reproduzidos literalmente. Dispensam comentários sobre o que é viver num país de partido único, pensamento único, jornal (que conta) único, exceto por esclarecimentos pontuais.

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“Era impossíel que ficássemos de braços os cruzados ante um governo soberbo, incapaz de entender que nossos médicos foram a seu país movidos por um impulso de servir ao povo, atender sua saúde e sua alma, não com o fim de ganhar dinheiro.”

“Para esse governo tudo é uma mercadoria e essa não foi a condição para a ida de milhares de médicos cubanos. Vocês foram ao Brasil defendendo sua vocação humanista, algo que não se paga nem com todo o dinheiro do mundo”, Díaz-Canel.

Nenhuma menção aos pagamentos feitos a Cuba.

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“Ås vezes as estrelas alcançam um povo e transbordam para o mundo. Não se pode então pedir nem ao mundo nem ao povo que desconsiderem o tributo que glorifica”, artigo da “redação cultural” do Granma sobre a série de eventos comemorativos “para recordar Fidel na data de seu adeus físico”.

“A posição reacionária do recém-eleito presidente Jair Bolsonaro tornou vulnerável uma parte da sua população, arriscando o bem mais precioso de um ser humano, sua saúde.. Mas Cuba nunca abandonará o Brasil nem nenhum outro país do mundo”, Díaz-Canel.

Pagamento de empréstimos milionários e outras coisas do mundo material? Nada.

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“Felicitações ao governo de Cuba por dar uma lição ao futuro presidente Bolsoburro”, comentário do leitor dfr.

Número de comentários com algum tom crítico à decisão do governo: zero.

“A proposta de revalidação de diplomas é enganosa porque o Conselho Federal de Medicina é contra isso. De cada cem médicos que se apresentam, só são aprovados oito. Esta é a forma de regular o mercado da saúde privada para garantir seus enormes lucros. Daí a oposição desde o começo ao Programa Mais Médicos”, reportagem do Granma denunciando, também, que tudo faz parte de um programa maquiavélico dos Estados Unidos para surrupiar cérebros cubanos.

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“Somos todos Fidel”, manchete principal de sexta-feira, dia dos dois anos da trasnformação do próprio em estrela.

Mais um trecho, de sábado: “Ser Fidel não é recordá-lo, é replicá-lo no que existe de grande e de pequeno que nos afirma como cubanos, no ensaio cotidiano no que tem de humano e virtuoso que significa fazer triunfar todos os dias a mesma Revolução, a dele, transcendente, vital; tal e qual o homem e o líder que continuam a comandar, acima do tempo.”

Este é apenas um exemplo dos muitos da bajulação que vai,  literalmente, além da vida. Em todos os artigos sobre Fidel existe uma espécie de competição de servilismo e adjetivos. 

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Mas o campeão talvez seja o intitulado “O revolucionário mais feliz”, sobre a inauguração, em 1991, do Palácio Central de Computação. Mas nada dessa ideia de internet para o povo.

 E não nos esqueçamos de “Essa força telúrica chamada Fidel”.

Voltando aos médicos, palavras do chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla: “O próximo governo do Brasil, o governo recém-eleito, não tem a menor  autoridade moral para questionar Cuba em nenhum âmbito, nem no da cooperação médica internacional, nem no dos direitos humanos.”

Falou e disse. Palavra do Granma.

Para terminar, uma das infinitas piadas que nunca serão publicadas no Granma: Fidel morre e tenta entrar no céu. São Pedro não permite. Vai para o inferno, onde é recebido com todas as honras. Mas lembra que esqueceu as malas na porta do paraíso. Dois diabinhos são destacados para buscá-las. Sem saber como entrar, tentam pular por cima. Dois anjos flagram a manobra e um deles comenta: “Fidel não está nem há dez minutos no inferno e já começa a mandar refugiados.”

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