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Para que essa boca tão grande? Deputada fala mais que Trump

E tuíta também. Alexandria Ocasio-Cortez, por quem a esquerda se desmancha, usa a mesma tática do presidente e não para de aparecer

Por Vilma Gryzinski 9 jan 2019, 08h16

Falem mal ou falem bem  muito mais do segundo do que do primeiro , todo mundo está falando da maior estrela da nova geração de congressistas democratas, Alexandria Ocasio-Cortez, com hífen e tudo.

Ela tem 29 anos, cabelão de latina, é de origem modesta e trabalhava atrás de um balcão de bar, servindo bebidas, embora formada na Boston University.

Tudo o que Trump, um homem de 72 anos, começou a fazer instintivamente  falar qualquer coisa que passe pela cabeça sem compromisso obrigatório com os fatos e usar o Twitter como uma rápida e demolidora arma de detonar adversários , Alexandria faz também.

E com a naturalidade de quem nasceu na era digital e ainda tem um namorado do ramo, o que sempre ajuda.

No Brasil, Alexandria seria de alguma corrente do PSOL. Nos Estados Unidos, que continua a ter só dois grandes partidos, ela é da ala de esquerda autodenominada socialista democrática.

A denominação saiu do armário com o sucesso do senador Bernie Sanders, um veterano stalinista disfarçado de independente que atraiu um eleitorado jovem, apaixonado e esquerdista antes de ser esmagado pela máquina de Hillary Clinton nas primárias.

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Embora tenha estudado relações internacionais e economia, Alexandria  ou AOC  já falou barbaridades sobre os temas.

Uma das maiores maluquices foi dizer que o invejável índice de desemprego nos Estados Unidos está abaixo dos 4%, uma queda acentuada pelo governo Trump, porque “muita gente” precisa ter dois empregos para sustentar a família.

Outra: propôs que o sistema universal de saúde defendido por ela poderia ser custeado em boa parte por “erros de prestação de contas do Pentágono” no total de 21 trilhões de dólares.

O espantoso aparato militar americano realmente custa caro, mas Alexandria se confundiu com o artigo de onde tirou a informação e com os grandes números. O orçamento total do Pentágono no período mencionado, entre 1998 e 2015, foi de 8,5 trilhões de dólares.

“PESSOA DE COR”

Como Trump, ela não se aperta quando confrontada com a realidade. “Tem muita gente mais preocupada em ser factualmente e semanticamente correta do que em ser moralmente certa”, disse ela a Anderson Cooper, da CNN.

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Como a esquerda sempre parte do princípio da superioridade moral, assunto resolvido. Mas Alexandria ainda acrescentou que suas escorregadelas não se comparam ao “presidente mentir sobre imigrantes”.

Ah, sim, ela disse à CBS, sem contestação, que “sem dúvida” Trump é racista pois usa palavras historicamente associadas à supremacia branca.

AOC seria considerada branca no Brasil, mas nos Estados Unidos ela se enquadra na ressuscitada categoria de “pessoa de cor”.

Ter origem porto-riquenha, ser mulher e vir de família de poucos meios  embora não tão poucos como propaga – são outras das vantagens do manual da vitimologia que ela sabe empregar.

Alexandria fala bem e fez um discurso bonito quando foi empossada como a mais jovem deputada eleita nos Estados Unidos. Homenageou a mãe, que trabalhou como faxineira e motorista de ônibus para ajudar a família depois que o pai morreu de câncer aos 48 anos.

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Ele era arquiteto e conseguiu comprar uma casa simples fora do Bronx, onde Alexandria nasceu. Ela cursou escolas boas e foi para a Boston University.

Um vídeo filmado na época virou a mais recente sensação envolvendo a deputada. Ela aparece dançando com colegas, numa paródia inocente.

Alguns blogueiros de direita disseram que seria um constrangimento para a congressista, despertando toda a corrente de alexandristas em entusiasmada defesa.

Ela própria usou o caso, apresentando-o como uma prova de que o Partido Republicano não gosta de ver mulheres dançando  uma bobagem, ainda mais considerando-se a boa forma dela.

Numa época em que conta mais a lacração no Twitter, sempre obviamente dirigida ao próprio grupo, a nova deputada pode falar o que quiser, desde que seja ágil e rápida.

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Por exemplo, ela pretende “transformar os Estados Unidos em outra Suécia, não na Venezuela” com sua proposta de taxar os altos rendimentos em até 70%.

Vale argumentar que não existe comparação possível um homogêneo país nórdico de 10 milhões de habitantes e a hiperpotência do Novo Mundo, com trinta vezes mais gente, além de história, economia e cultura diferentes e complexas?

E nem vamos mencionar que a Suécia aboliu impostos sobre transmissão de bens por morte ou doações entre vivos. Ou que a demografia é uma sombra sobre os estados de alto nível de bem-estar social.

NOVA VELHA ESQUERDA

Quanto mais absurdas as propostas, como transformar toda a economia americana em “economia verde” num prazo de vinte anos, o chamado New Green Deal, mais a nova deputada aparece.

E mais os democratas ainda com vasos conectantes com a realidade ficam quietinhos. Ninguém quer demonstrar o menor desentendimento com a estrela por quem se derretem os grandes meios de comunicação.

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Ninguém tampouco esquece que o grande feito de Alexandria foi ganhar a candidatura ao Congresso pelo Bronx, derrotando um deputado democrata há vinte anos no posto. A partir daí, a eleição dela estava garantida devido à história e massacrante maioria de eleitores democratas (sete contra um em Nova York como um todo).

A ascensão da nova direita, representada por Trump, inevitavelmente instigou uma nova esquerda, embora com todos os vícios da velha, que não tem medo de se dizer socialista em pleno coração do capitalismo.

Pode ser consequência da afluência, com todo seu cortejo de excentricidades, pode ser alguma coisa mais importante.

Em 2016, mais de 13 milhões de americanos votaram em Bernie Sanders nas primárias, contra quase 17 milhões em Hillary.

A eleição presidencial de 2020 já começou, na prática. O campo democrata está cheio de aspirantes, mas não existe um candidato garantido.

A única certeza é que ninguém quer ter Alexandria Ocasio-Cortez e sua turma torcendo contra. Mesmo quando ela se compara, com abandono trumpiano, a Abraham Lincoln e Franklin Roosevelt.

Quando ela abre a boca, sua característica física mais marcante, muita gente ouve  para aprovar ou discordar, amar ou odiar, aplaudir ou dar risada, suspirar de encantamento ou uivar de raiva.

Igualzinho a Trump.

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