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Por Vilma Gryzinski
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Pânico em Washington: e se Trump ganhar com ataque à Síria?

“Ganhar” é um exagero, pois não existe busca de vitória, mas os inimigos do presidente estão apavorados com bombardeio punitivo por uso de arma química

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 14 abr 2018, 09h02 - Publicado em 14 abr 2018, 09h00

Primeiro ponto a esclarecer: é uma boa parte da base eleitoral de Donald Trump que não queria de jeito nenhum qualquer tipo de intervenção armada contra o regime de Bashar Assad. Estão fulos, mas dificilmente retirarão o apoio a ele.

Segundo: os que queriam, antes da eleição do presidente, incluem uma mistura de esquerda favorável ao “intervencionismo do bem” e da direita incluída no rótulo neoconservadora, antitrumpista de forma geral.

Estão passando um cortado para continuar a detonar Trump sem parecer que recuaram na condenação às barbaridades de Assad. Se tiverem que escolher, optarão sempre por atacar Trump.

O dilema, reconheça-se, não é fácil.

Uma das maiores dificuldades da guerra civil na Síria, para quem está longe dela, é justamente escolher um lado para “torcer”.

Se fosse possível olhar para o país de outro planeta, Assad e as minorias que o apoiam – cristãos, muçulmanos alauítas e até uma parcela de sunitas -, seriam preferíveis aos diferentes grupos de islamistas radicas que os combatem.

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De perto, todos parecem igualmente abomináveis.

É importante deixar bem claro que Trump fez campanha com base num maior isolacionismo americano e não mudou essencialmente seu modo de pensar – ou de dizer que pensa.

Não é, ao contrário dos chavões, um belicista louco para apertar o gatilho e arrastar o mundo rumo a um conflito generalizado.

Os bombardeios contra alvos militares do regime sírio não pretendem mudar o pêndulo da guerra civil nem mudar o regime. Foram um ataque pontual de caráter punitivo pelo emprego de gás sarin ou assemelhado.

Só para lembrar: as armas químicas são proibidas por convenção internacional. Quando era presidente, Barack Obama ameaçou retaliar se Bashar Assad cruzasse a “linha vermelha” e recorresse a elas.

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Na última hora, com um ataque punitivo similar aos dois lançados durante o governo Trump já engatilhado, vacilou.

Em troca do cancelamento do ataque, a Síria se comprometeu a entregar todo seu arsenal químico e a Rússia, que ainda não havia interferido in loco no país, assumiu a missão de supervisionar a transferência desses agentes para serem destruídos.

Uma parte ostensiva do compromisso foi cumprida. Os agentes químicos mais perigosos foram diluídos e colocados, em etapas, a bordo de um navio dinamarquês. Daí, passaram ao controle de um navio de guerra americano para a neutralização final.

Evidentemente, Bashar Assad e Vladimir Putin esconderam algumas cartas debaixo da mesa.

Na primeira vez em que Trump aprovou um bombardeio punitivo contra uma base aérea síria por uso de agentes químicos, no ano passado, o presidente desencadeou uma reação quase surreal.

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Cidadãos sírios que estavam sob cerco do regime deram vivas ao presidente americano. Disseram, em resumo, que era o único líder disposto a ajudá-los – isso da parte de pessoas criadas, por gerações, no mais extremo antiamericanismo.

Os adversários de Trump nos Estados Unidos e outros países ocidentais não admitem sequer isso. O New York Times, por exemplo, disse que “Trump falou duro, mas no fim seu ataque na Síria foi contido”.

Uma bobagem, evidentemente, influenciada pelo medo e terror de ver Trump favorecido por qualquer coisa que seja.

Antes mesmo que os mísseis cruzassem os céus da Síria para castigar Assad, a revista The Spectator, normalmente uma das maiores perspicazes do comentariado mundial, já garantiu: “Trump vai tuitar, atirar e esquecer”.

O que seria melhor? Deixar passar a sufocação e morte de criancinhas por gases venenosos?

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A retaliação americana, com participação britânica e francesa, aconteceu em circunstâncias diferenciadas, num momento de extrema agressividade vocal da Rússia e do Irã.

A Rússia está em campanha total de propaganda defensiva, em resposta às reações pelo uso de um sofisticado agente químico para tentar assassinar, em território britânico, o ex-espião Sergey Skripal e sua filha.

O uso de armas químicas em Guta desencadeou atitudes constrangedoras. O chanceler Sergey Lavrov passou o vexame de dizer, na cara de pau, que havia “provas irrefutáveis” de armação, como parte de uma “campanha russofóbica” promovida por um país que não nomearia – evidentemente, a Grã-Bretanha.

É constrangedor ver jornalistas e comentaristas que desfrutam dos privilégios da liberdade de expressão repetirem o mesmo tipo de insanidade.

Trump está passando por um apuro danado em razão do material recolhido pelo promotor especial Robert Mueller na casa e no escritório do advogado Michael Cohen.

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Foi ele quem pagou pelo acordo de confidencialidade com a atriz pornô.

Também apareceu agora uma confirmação de que ele viajou a Praga em entrou e contato com um enviado russo.

É possível que existam aí os indícios para a realização dos sonhos da oposição antitrumpista: impeachment e deposição do presidente.

Se existirem, o castigo será merecido. Mas “torcer pelos russos” na questão da Síria só para não ver Trump favorecido é uma indignidade que desonra muita gente boa.

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