Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Os coelhos da cartola de Trump

Massacrada pela pandemia, a economia pode valer a reeleição

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 28 ago 2020, 11h06 - Publicado em 28 ago 2020, 06h00

Como Donald Trump ainda está vivo é um dos mais interessantes enigmas da política atual. Inclusive pelo que tem de comparável com o Brasil. Por vivo entenda-se que, segundo as pesquisas, continua a ter acima de 40% dos votos na eleição de novembro. Ou 8 pontos, em média, abaixo de Joe Biden. Por seus conhecidos defeitos, martelados e amplificados pela cobertura hostil da maioria dos veículos de imprensa, pela compulsão por tuitar e se autossabotar, pelas 180 000 vidas ceifadas pelo vírus e pela economia implodida, já deveria estar politicamente humilhado, morto e enterrado. Mas Trump tem sobrevivido a tudo isso, fora um livro lançado por semana, do tipo que, na imaginação exaltada de jornalistas e comentaristas, vai acabar com ele. O último foi de sua sobrinha, Mary Trump — pegou pior para ela do que para o tio. O próximo será de Michael Cohen, seu ex-advogado e faz-tudo, inclusive esconder coelhinhas no armário. Faltam adjetivos na lista que preparou para o ex-chefe: “Trapaceiro, mentiroso, golpista, abusador, racista, predador, vigarista”.

Com uma base fiel, Trump não só continua no jogo como tem uma aprovação superior, em matéria de condução da economia, à de Bush filho e de Obama, no mesmo período de seus mandatos: 47%. É superior também ao índice de aprovação, de forma geral, a Trump como presidente. Uma boa parte dos eleitores talvez entenda que ele não tem culpa pela derrocada acoplada a um fenômeno único como o novo coronavírus. Mais ainda, consideram-no, com base na performance pré-vírus, o mais capacitado a ressuscitar a economia. É o ponto mais forte de Trump.

“Com uma base fiel, o presidente tem aprovação superior à de Bush filho e de Obama no mesmo período”

Como isso vai influenciar a eleição, dentro de apenas dez semanas, sem tempo, portanto, para que os indícios de recuperação se consolidem? A resposta pode presentear Trump com a reeleição ou acabar de vez com ele. Ainda existem 10% de eleitores indecisos, muito provavelmente insatisfeitos com os desvios comportamentais de Trump e, ao mesmo tempo, hesitantes em escolher Biden, tão fragilizado aos quase 78 anos que o simples fato de conseguir fazer, sem derrapadas, um discurso lido no teleprompter já é comemorado.

Continua após a publicidade

As respectivas narrativas foram bem apresentadas nas convenções. Na óptica democrata, o país está num buraco provocado por um presidente desagregador, a democracia corre perigo e nobres e pacíficos manifestantes precisam do apoio de todos para enfrentar o racismo. Na republicana, o buraco e a ameaça existencial decorrem da permissividade das autoridades locais democratas que vão “abrir as fronteiras e fechar as prisões” e de vândalos anarquistas que comandam as ruas. Sem grandes novidades. Nos números de magia, isso se chama “apresentação”: o objeto banal, como um baralho ou um coelho, é mostrado ao público. Depois, vem a “virada”: a coisa some. Em campanhas eleitorais, corresponde à luta de foice que vai acontecer nas próximas semanas, com fatos e depoimentos comprometedores trazidos à luz para deixar a plateia estonteada. No terceiro ato, o “prestígio”, o coelho e a carta reaparecem. O público faz “ahhh”. E o resultado da eleição é conhecido. O prestidigitador Trump vai tirar mais um coelho da cartola?

Publicado em VEJA de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.