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Por Vilma Gryzinski
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O rei, a amante e o filho anão deles que assassinou a mãe

Se alguém acha que parece 'Game of Thrones', ainda tem mais: os encontros de Hussein da Jordânia com a atriz foram “agenciados” pela CIA

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 10 jan 2018, 19h17 - Publicado em 10 jan 2018, 12h19

“Ele foi um experimento humano que não deu certo”, disse um advogado em defesa de Timothy Scott Roman, autor do pior dos crimes: matricídio.

A linha da defesa, pelo menos, funcionou. Roman pegou uma pena de apenas cinco anos por homicídio culposo por matar a mãe, na cama, com um peso de ferro. Ela era uma ex-atriz de Hollywood que tinha o nome artístico de Susan Cabot. O crime foi em 1986.

Os advogados argumentaram que ele era perturbado pelos hormônios e outros remédios que tomava desde criança. Nascido anão, com o tratamento para a pituitária havia alcançado 1,62 metro.

Não muito diferente da altura do homem que, durante o julgamento, apareceu como o provedor de uma pensão mensal de 1 500 dólares: o rei Hussein da Jordânia.

A história ficou mais extraordinária ainda com detalhes encontrados nos mais de 30 mil documentos sobre o assassinato de John Kennedy cujo sigilo foi levantado por Donald Trump.

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Os nomes não aparecem, mas outras informações levam à conclusão que a CIA patrocinou o encontro do jovem Hussein com atrizes iniciantes durante uma visita dele a Los Angeles.

Susan Cabot foi a escolhida e o caso foi além do sexo ocasional. A certa altura, começou a provocar fofocas.

Hussein, considerado descendente de quadragésima-primeira geração do profeta Maomé, estava envolvido com uma beldade judia – o nome original de Susan era Harriet Shapiro.

Desde 1977, graças um ainda jovem Bob Woodward, já se sabia que a CIA pagava uma espécie de fixo, por fora, ao herdeiro do trono da Jordânia.

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Os pagamentos, que a certa altura chegaram a alguns milhões de dólares por ano, começaram quando ele tinha 21 anos. Parte do dinheiro mantinha o estilo de vida do “príncipe playboy”, que gostava de carros, aviões e mulheres. Quando começou a ter filhos, com a segunda das quatro mulheres, o projeto “No Beef” também bancava a segurança deles.

A intermediação de companhias femininas também ficou conhecida na época – a do governo Carter, quando presidente e Congresso impuseram controles às atividades da CIA, especialmente as que envolviam operações dentro dos Estados Unidos ou fora dos limites permitidos.

Os detalhes agora revelados não têm nada a ver com o assassinato de Kennedy. Os documentos secretos apareceram na investigação porque um investigador particular e agenciador de mulheres para milionários chamado Robert Maheu chegou a ser sondado para acionar seus contatos no crime organizado para uma das inúmeras e fracassadas tentativas de assassinato de Fidel Castro.

Mas expõem uma história que inevitavelmente é comparada à trama de Game of Thrones, com personagens como o rei que tem um filho anão e matricida.

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Maheu, ex-agente do FBI que tinha a confiança da agência, foi mobilizado para fazer agrados ao jovem Hussein, mencionado apenas como “chefe de Estado estrangeiro”.

O visitante “estava especialmente desejoso de companhia feminina durante sua visita a Los Angeles”. Uma das escolhidas foi Susan Cabot, atriz iniciante de filmes B. “Queremos que você vá pra a cama com ele”, ouviu Susan, segundo um dos memorandos.

Depois de conhecer Hussein, que achou “encantador”, acabou concordando. Na época, o romance saiu em colunas de celebridades – uma palavra que, felizmente, ainda não existia.

Foi quando a atriz manifestou preocupação que se tornasse de conhecimento público a relação entre uma judia e o defensor da fé muçulmana, cujos antepassados haviam sido durante sete séculos guardiães de Meca, a cidade mais santa do Islã.

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Aparentemente, isso nunca aconteceu. O caso só teve foi mencionado, obliquamente, depois do assassinato de Susan. Os pagamentos mensais de 1 500 dólares feitos pelo Tesouro jordaniano equivaliam a uma pensão alimentícia dada pelo rei Hussein.

Segundo os anais do julgamento de Timothy, “filho adotivo” que passou a ter o sobrenome de um marido de Susan, a atriz de belas pernas e nariz atrevido tinha se transformado numa mulher extremamente deprimida. Estava de camisola, na cama, quando o filho arrebentou sua cabeça.

Os advogados de defesa argumentaram que tinha sido um crime não premeditado, incitado pelo comportamento agressivo de Susan e propiciado pelo efeito dos tratamentos hormonais de Timothy. Estranhamente, o juiz comprou a tese do assassinato culposo num caso raro como o matricídio.

Hussein morreu de câncer aos 63 anos em 1999. No leito de morte, tirou o irmão da linha sucessória e colocou no lugar seu filho, Abdullah. A baixa estatura é uma característica da família.

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Recentemente, em visita à Casa Branca, Abdullah apareceu na coletiva tradicional, atrás de um pódio, ao lado de Donald Trump. Fotos impiedosas mostraram que ele estava em cima de um pequeno caixote para compensar a diferença de altura.

Com menos carisma e audácia que o pai, Abdullah está conseguindo manter o equilíbrio quase impossível que garante a sobrevivência da monarquia na Jordânia.

Além de ser um dos países artificiais criados por Inglaterra e Franca quando o império otomano refluiu no Oriente Médio, a Jordânia não tem petróleo nem praticamente nenhum outro recurso.

A população original, de beduínos, foi inflada pelos refugiados árabes das muitas guerras com Israel, depois chamados palestinos.

A Jordânia sempre dependeu da ajuda externa, da Inglaterra e depois dos Estados Unidos. Os arranjos com a CIA faziam parte da estratégia de sobrevivência do rei Hussein, cujo contato com uma realidade perigosa começou aos 16 anos, quando viu o assassinato do avô na entrada da mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, que a Jordânia controlava na época.

Hussein escapou da morte porque uma medalha dada pelo avô um dia antes desviou a bala que o assassino palestino disparou contra ele. O rei assassinado, Abdallah, tinha acordos secretos com o nascente Estado de Israel.

Tornou-se rei aos 17 anos, com o afastamento por grave desequilíbrio mental de seu pai, Talal. O príncipe herdeiro da Jordânia tem seu nome. E herdou a altura da mãe, a linda Rania, que é palestina. O filho americano não reconhecido seria, por todos os critérios, judeu.

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