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O menos ruim: Trump ou Biden?

A escolha dos americanos está entre a estridência e a opacidade

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 23 out 2020, 10h10 - Publicado em 23 out 2020, 06h00

Para os brasileiros que sentem vontade de mudar de planeta quando se defrontam com a luz crua da realidade tal como apresentada no horário eleitoral gratuito, pode parecer até um consolo. Não somos só nós, pensariam, vendo os americanos não comprometidos com partidos diante de um conhecido dilema pré-eleitoral: quem é pior, ou menos ruim, Donald Trump ou Joe Biden?

Trump é Trump, um narcisista sem limites, respeito zero pela liturgia do cargo, língua solta para ridicularizar adversários com apelidos degradantes, convicto de que a natureza transacional dos negócios pode ser transposta diretamente para os assuntos de governo, descontrolado no Twitter e nas decisões de Estado. “A pessoa mais cheia de defeitos que conheci”, resumiu recentemente John Kelly, um general que parecia ter nascido para ser eternizado em granito até ser reduzido a pó pela missão impossível de disciplinar o presidente como seu efêmero chefe de gabinete.

Não ser Donald Trump é o trunfo principal de Joe Biden, talvez o que lhe valha a vitória no início de novembro. Fora isso, é uma figura opaca, um político limitado e sem cacife para, em condições normais, chegar à Casa Branca. E nada indica que venha a fazê-lo “peculiarmente consciente de suas deficiências”, como disse, num notável exercício de modéstia, ninguém menos que George Washington no discurso de posse como primeiro presidente dos Estados Unidos. Se e quando isso acontecer com Biden, ele terá 78 anos e um histórico de falhas de memória, confusões com números, tropeços linguísticos e outros indícios de apagões cognitivos.

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“Apesar do tiroteio de campanha, os dois candidatos também encarnam papéis tradicionais”

E os argumentos a favor? O mais convincente a respeito de Biden é que vai restaurar o bom comportamento presidencial, respeitar os adversários — ou pelo menos não pedir cadeia para eles como faz o “outro” — e restaurar o papel tradicional dos Estados Unidos nas alianças de poder que lhe renderam o lugar de superpotência hegemônica.

Os eleitores trumpistas acham tudo isso balela. Só um presidente totalmente fora da curva como Trump poderia chacoalhar o confortável mundo da máquina, no qual circulam incestuosamente políticos, altos funcionários da burocracia de governo e interesses especiais também conhecidos como lobbies. Só Trump enfrentaria os problemas da imigração clandestina. Só ele poderia peitar a China no campo de batalha das relações comerciais e inverter a lógica do conflito entre Israel e palestinos, começando pelas bordas e não pelo cerne da questão.

Apesar do tiroteio de campanha, os dois candidatos também encarnam papéis tradicionais. Joe Biden, como democrata, promete ampliar benefícios sociais para melhorar a vida dos menos privilegiados. Donald Trump é a encarnação viva do conceito de que o livre empreendedorismo acaba beneficiando todas as camadas. O debate é o mesmo em todo o mundo, inclusive na pujante cidade de Brusque, onde se defrontam nas urnas Gargamel Bolsonaro, Sergio Papai Noel, Negona do Povão e Elvis Gaguinho. O mais folclórico de todos, Donald Trump Bolsonaro, diz que seus inspiradores são “reformadores de um sistema que necessita de uma grande mexida”. Não deixa de ter razão.

Publicado em VEJA de 28 de outubro de 2020, edição nº 2710

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