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O dono das vacinas: o bilionário indiano que domina produção mundial

Jogo de cintura e visão estratégica ajudaram Adar Poonawalla a colocar a empresa da família na vanguarda do produto mais precioso do planeta

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 26 mar 2021, 07h33 - Publicado em 19 mar 2021, 07h43

Ele dirige um Batmóvel, viaja num Airbus A320 adaptado para ficar no padrão do Air Force One da presidência americana e tem um ego compatível com esses brinquedinhos. 

Adar Poonawalla voltou a ocupar o lugar que acha que merece no mundo atual – e razões não faltam para isso – depois que o governo indiano, mais uma vez, ensaiou interferir na exportação de vacinas da AstraZeneca. Dessa vez, para o Reino Unido, exatamente o berço onde foi criada a vacina mais usada no mundo ocidental.

A interferência pode atrasar um pouco o bem sucedido programa de vacinação que está colocando os britânicos no caminho de um fim sustentável da paralisação de atividades não essenciais.

Mas dificilmente vai interferir na trajetória do bilionário indiano de 40 anos que decidiu duas coisas em meados do ano passado: investir dezenas de milhões de dólares em frascos de vidro e na produção das quatro vacinas contra a Covid-19 que ainda estavam na fase de testes, inclusive a Oxford/AstraZeneca.

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Segundo ele, a decisão foi aprovada  numa conversa na cozinha com seu pai, Cyrus Poonawalla. o fundador agora aposentado do Serum Institute of India – nascido, segundo a lenda familiar, quando um cavalo de seu haras morreu por falta de soro antiofídico a tempo.

Como a empresa é familiar, sem acionistas e outros mecanismos externos de controle, “foi tudo decidido numa conversa de cinco minutos entre eu e meu pai”, contou Poonawalla.

As instalações do Serum Institute viraram um local de peregrinação para jornalistas estrangeiros que saem boquiabertos com o estado da arte dos equipamentos e os números: antes mesmo da pandemia, eram produzidos lá dois terços das vacinas que salvam vidas de crianças em todo o mundo.

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“A câmara de refrigeração parece um depósito da IKEA”, surpreendeu-se uma repórter da NPR americana. “Empilhadas em pallets, havia 70 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, o suficiente para inocular vários países”.

Ao site da Bloomberg, Poonawalla contou como ficou horrorizado ao começar a trabalhar na empresa da família, recém-saído da universidade na Inglaterra, e deparar com a burocracia e os vícios dos tempos do estatismo total que atravancam qualquer tipo de negócio com o governo indiano – qualquer governo.

Entre os livros que levava para ler nas salas de espera dos gabinetes oficiais, foi cultivando

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a ideia de negociar diretamente com outros países de desenvolvimento médio para vender o produto que fez a fortuna de 13 bilhões de dólares da família.

A baixa margem de lucro das vacinas havia tirado os grandes laboratórios ocidentais da competição dos imunizantes menos complexos e o negócio vicejou, exigindo investimentos constantes em obras de expansão.

A nova sede do Serum Institute custou 700 milhões de dólares e elevou a capacidade de produção a 2 bilhões de doses por ano.

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“As pessoas não conseguem entender por que nós somos os únicos que podemos produzir a vacina da Covid-19 nessa escala, mas isso é porque eu tive a capacidade de visão e nós colocamos dinheiro no projeto”, autoelogiou-se Poonawalla a Bloomberg.

O sucessor à frente dos negócios segue o padrão dos milionários indianos: não faz a menor questão de esconder os sinais de sucesso (o batmóvel é um Mercedes adaptado das coleção de 35 carros raros da família). Sua mulher, Natasha – mestrado na London School of Economics – usa mais grifes e joias do que a vista de uma pessoa comum poder suportar e o haras da família é uma espécie de palácio de marajá.

Mas o que o coloca numa posição única no mundo é a capacidade de produzir as preciosas vacinas – e os obstáculos que estão sendo criados a elas.

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O governo do primeiro-ministro Narendra Modi, um populista ao estilo indiano, com forte influência religiosa, tem capacidade de intervenção se e quando quer na produção do Serum Institute e das outras farmacêuticas que tornaram a Índia a maior produtora de medicamentos de baixo custo do mundo.

Outros países também estão controlando estoques e matérias primas, queixou-se Poonawalla ao admitir que o programa Covax, da Organização Mundial de Saúde, sofreu uma readequação de datas – ou seja, atraso. O Serum Institute tem o compromisso de fornecer metade das doses do programa voltado para países mais pobres.

O empresário das vacinas também tende a colocar a culpa no governo indiano quando a produção não atende completamente à enorme demanda pelo produto mais procurado do mundo.

“Tivemos que reorientar nossa capacidade, que originalmente não era voltada para a Índia”, disse ele. 

“Fomos orientados a priorizar a grande demanda da Índia e equilibrar com ela as necessidades do resto do mundo. Estamos fazendo todo o possível”.

Ou seja, a briga pelas vacinas continua a ser brava. Nem quem conseguiu contratos pioneiros pode ter 100% de garantia que vai receber as doses acordadas nos prazos prometidos. Quem não conseguiu, obviamente, fica vendo o batmóvel passar.

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