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Militares nervosos: ninguém confia em ninguém na Venezuela

Nicolás Maduro quer "cortar cabeças", Juan Guaidó precisa retomar impulso e os generais perguntam quem vai trair quem primeiro

Por Vilma Gryzinski 8 Maio 2019, 07h33

Fora os fãs incondicionais do catastrófico regime chavista, ninguém está dormindo sossegado na Venezuela.

No teatro surreal em que se transformou o país, existem as seguintes situações:

. A fracassada tentativa de rebelião militar de 30 de abril foi esmiuçada em praticamente todos os detalhes. Menos um. Quem furou o acordo de quinze pontos negociado entre Juan Guaidó, Leopoldo López, o chefão estrelado Vladimir Padrino, o presidente do Supremo Tribunal, o diretor do Serviço de Inteligência Militar e o do civil, general Christopher Figuera?

. Aliás, onde está Figuera? Como diretor da polícia política, a SEBIN, ele foi o único a fazer alguma coisa: permitiu que agentes seus deixassem Leopoldo López sair de casa, onde cumpria prisão domiciliar. Também divulgou uma carta bem equilibrada, onde não denuncia sua longa carreira no chavismo, mas defende mudanças para salvar o país.

Este deveria ser o tom dos cabeças do regime que estavam no Carlotazo – nome da base aérea onde Guaidó, López e um pequeno punhado de militares lançaram o “A hora é agora” – e deram para trás.

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Figuera também deveria ter ido para a base, mas percebeu que os planos haviam vazado. Desde então, desapareceu.

O vice-presidente Mike Pence informou que o nome do general saiu da lista negra dos Estados Unidos, uma espécie de retribuição por ter pelo menos honrado a palavra. E um sinal aos outros, os vacilões.

Obviamente, os cubanos, que têm o controle final sobre os processos de inteligência, também estão vasculhando forças armadas, serviços secretos, polícia e tudo o mais que julgarem necessário, buscando conspiradores.

Estes sabem que Nicolás Maduro é um homem-bomba, não para o país, pois se fosse este o tema teriam agido antes, mas para seus próprios interesses.

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Quando vai ter outro racha? Quem mudou de lado? Quem está espionando e para quem? Não existe um único quartel tranquilo na Venezuela.

. Entre os oposicionistas também correm dúvidas sobre a precipitação do levante, marcado para primeiro de maio e antecipado para 30 de abril.

”M****, Leopoldo está em La Carlota com os militares”, contou um opositor venezuelano ao site El Pitazo sobre a madrugada em que viu pelo celular as imagens de Leopoldo López, bonitão e exultante, na base militar.

A partir daí, tudo deu errado. Mesmo sem saber se realmente o segredo havia vazado, ou, em outra hipótese, se López havia recebido uma informação deliberadamente falsificada, existem oposicionistas que culpam o arrojado mentor de Guaidó.

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Enquanto pode, López, “acolhido” na residência do embaixador da Espanha, falou – agora, não pode mais, pelas regras do asilo político. Mencionou as negociações com generais, os tratos sobre a deposição pacífica de Maduro, os entendimentos sobre o que viria depois.

Isso tudo, certamente, não desapareceu.

. Por que o regime não incluiu Juan Guaidó entre os sete deputados da Assembleia Nacional, o congresso que continua funcionando embora sem poderes reais, cuja imunidade parlamentar foi levantada pelo legislativo rival, a Assembleia Constituinte?

O nome mais importante da lista é o de Henry Ramos Allup, líder da Ação Democrática, um dos partidos tradicionais da Venezuela, mais ou menos equivalente, na origem, ao MDB, ou seja lá como se chame a coisa atualmente.

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Os “adecos” enfrentam muita rejeição da oposição mais dura, acusados de muitos anos de colaboração com o chavismo.

“Abrimos caminho para processar os que participaram ativamente nos fatos do 30 de abril”, disse o brucutu-mor, Diosdado Cabello, presidente da Constituinte chingling.

“O que significa participar ativamente? Que se apresentaram nos acontecimentos com um sorriso reluzente dizendo: o tirano caiu, acabou a revolução. Cinco minutos depois, quando se deram conta que a coisa não era assim, esfriaram o rabo”, acrescentou, com finesse característica.

Se o pior dos crimes, o de traição à pátria, está sendo usado para enquadrar os oposicionistas, Guaidó deveria estar no alto da lista.

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. A boataria rola a mil. Praticamente tudo plantado segundo os objetivos de cada corrente. Um dos boatos mais persistentes: Maduro e a mulher, a poderosa Cília Flores, já escolheram até o recanto para o exílio, uma casa de praia de 18 milhões de dólares em Punta Cana, o polo turístico na República Dominicana.

E mais: a mansão de frente para o mar foi comprada em 2015 por uma empresa de fachada da Costa Rica, comandada pela mulher de um ex-ministro do Turismo da Venezuela e ligada ao inefável Diosdado Cabello. Vendedor? A Trump Organization.

. Mais boatos: os russos estavam por dentro das negociações para afastar Maduro sem um banho de sangue – e sem calote dos 20 bilhões de dólares que a Venezuela deve.

A conversa amistosa de Donald Trump com Vladimir Putin – “A Rússia não quer intervir na Venezuela” – ganharia, assim, algum sentido.

Buscar senso comum em Trump é sempre uma atividade de risco, mas a boataria é irresistível.

. Sobre o agente duplo que melou o 30 de abril. Muita gente concorda que foi Vladimir Padrino, o general que tem mais medalhas do que Dwight Eisenhower, o cinco estrelas e futuro presidente americano que comandou os aliados na vitória na II Guerra Mundial.

Padrino já mandou os filhos, Mitchel e Yarazetd, estudar na Espanha, onde o rapaz vive na badalação de alto luxo e foi fotografado tomando Ecstasy. A mãe do general e outros parentes fizeram um apelo para que ele “dê o passo” que salvará a Venezuela.

Quanto mais tempo ele demora, mais as medalhas correm o risco de acabar no desmanche

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