Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

May Day: sem saída e, ainda por cima, na mão dos franceses

Duas reles semanas de prazo para resolver o que não conseguiu em quase três anos foi tudo o que Theresa May arrancou de seu novo algoz, Macron

Por Vilma Gryzinski 22 mar 2019, 11h36

Um Emmanuel Macron falando grosso e uma Angela Merkel em tom suavezinho são algumas das contradições provocadas pelo nível quase alucinado a que o debate sobre o Brexit chegou.

Para Theresa May, foi praticamente um dia normal. Pediu o que disse 108 vezes que jamais pediria (um novo prazo), foi humilhada mais uma vez na reunião de cúpula dos outros 27 países da União Europeia e voltou para casa, com novas humilhações domésticas já engatilhadas, com míseras duas semanas a mais.

O Parlamento tem até 12 de abril para aprovar a proposta elaborada por May que já rejeitou por amplas maiorias. Caso os parlamentares se convençam de que a alternativa – o divórcio litigioso, sem acordo nenhum – é pior ainda e aprovem a proposta, contra todas as expectativas, o prazo para legislações complementares vai até 22 de maio.

O durão do encontro em que Theresa May foi convidada a sair do jantar de cúpula e teve que dividir pizza com a delegação britânica foi Emmanuel Macron.

Há vários motivos para o presidente francês assumir o papel de poodle que rosna como pitbull.

Primeiro, uma questão de calendário. A eleição para o Parlamento Europeu vai de 23 a 26 de maio. O Reino Unido não pode, simultaneamente, continuar na união e não participar da eleição.

Segundo, foi uma boa oportunidade para Macron demonstrar capacidade de comando já que a coisa desandou de novo com os coletes amarelos. E vários assessores deles foram direcionados à justiça por uma comissão especial do Senado por envolvimento no estranho caso do guarda-costas que, mesmo demitido por fazer hora extra batendo em manifestantes, continuou a mexer pauzinhos.

Continua após a publicidade

Terceiro, ele deu a Theresa May um instrumento a mais para forçar a barra na Câmara dos Comuns, onde a oposição de esquerda e a parte eurocética do próprio Partido Conservador da primeira-ministra não aceitam por motivos diferentes a proposta dela de jeito nenhum. Outra ala dos conservadores sonha dia e noite com uma fórmula mágica para cancelar o Brexit.

Isso mantém a insuportável agonia de votações contraditórias e mutuamente paralisantes dos últimos meses.

Theresa May, que parecia uma líder política confiável e preparada para comandar um processo de alta complexidade como a saída do mercado comum e da união tarifária, mostrou não ser nada disso.

Hoje, 90% dos britânicos acham que a negociação, na qual ela entrou como se tivesse planos secretos e sofisticados, virou uma humilhação nacional.

Talvez o fato de que a primeira-ministra sempre fosse, em segredo, contra o Brexit, embora considerando seu dever inegociável cumprir a decisão popular manifestada pelo referendo de junho de 2016, tenha influenciado inconscientemente as armadilhas que ela montou para si mesma e para todo o Reino Unido.

A ideia de que o Brexit, ao trocar as vantagens do livre acesso a um mercado de mais de 500 milhões de consumidores, recuperaria vantagens competitivas de uma histórica potência comercial como a Grã-Bretanha sequer é mais discutida.

Continua após a publicidade

As divisões dos políticos também se refletem na opinião pública em geral. Nenhuma das alternativas – um segundo referendo, adiamento, saída sem acordo ou a proposta de Theresa May – consegue chegar nem perto de uma maioria.

A única coisa que aumentou foi o apoio dos partidários do Brexit ao altamente imperfeito plano da primeira-ministra, muito provavelmente por medo de que não haja saída nenhuma onde uma ruptura catastrófica.

As notícias vazadas com o intuito de aumentar o clima de ansiedade – convocação do Exército, reativação de abrigos nucleares, formação de estoques essenciais para o caso da ruptura a seco – contribuem para “empurrar” o apoio ao ruim com ele, pior sem ele.

Na hipótese, ainda bem hipotética, de que Theresa May consiga na base da pura persistência compulsiva, com uma ajudazinha dos “frogs” franceses – ou comedores de rã –, o que parecia tão impossível, deve ser recompensada com o bilhete azul.

Seus correligionários mais próximos falam e repetem cada vez mais que basta, chega, fora: May não pode passar de maio.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.