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Mais magro e mais bravo: Kim Jong-un em campanha contra K-pop

O regime da Coreia do Norte concentra críticas na influência cultural que vem da Coreia do Sul - e não deixa, a seu modo delirante, de ter razão

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 15 jun 2021, 11h34 - Publicado em 15 jun 2021, 08h29

Não existe força mais poderosa do que o soft power, o poder da cultura em suas muitas manifestações, inclusive as mais populares. É por isso que, entre tantas maluquices indecifráveis, a campanha de Kim Jong-un contra as influências “antissocialistas e não-socialistas” vindas do exterior faz sentido.

O alvo é a a cultura pop sul-coreana, conhecida no exterior principalmente pelas bandas de meninos bonitinhos que propagaram por todo mundo o K-pop, o estilo de música bem-comportada que, para o regime norte-coreano, é um “câncer maligno”.

Se um pobre norte-coreano ficar em dúvida, logo o regime mais totalitário do mundo vai esclarecer que a influência maléfica se manifesta em “roupas, cortes de cabelo, falas, comportamentos”.

Tudo isso propagado por novelas, séries e clips musicais com seu efeito “intoxicante”. Segundo o serviço de inteligência sul-coreano, foram introduzidas novas leis segundo as quais o ato altamente subversivo de ter um vídeo de um grupo como BTS ou Super Junior pode render pena de morte.

O site sul-coreano Daily NK, que acompanha os acontecimentos no norte, disse que três adolescentes foram enviados a um campo de reeducação por cortar o cabelo como os ídolos do K-pop e usar calças com barra acima do tornozelo.

Desertores que fugiram desse talibã comunista contam como reagiram nas primeiras vezes em que viram vídeos proibidões: espantaram-se ao descobrir que, ao contrário da propaganda constante do regime, os sul-coreanos não apenas não viviam em “andrajos como mendigos”, mas pareciam muito bem de vida.

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E bem alimentados – apesar de, potencialmente, enfrentarem até uma doença da abundância como a anorexia, pelas exigências para que os cantores mantenham a aparência juvenil mesmo depois de passada a adolescência.

Uma das integrantes do Oh My Girl, Shin Hyejin, largou o grupo depois de sofrer do distúrbio psicológico-alimentar. Ela conta que chegou a perder dez quilos nos regimes coletivos que o grupo fazia antes de turnês.

Perder peso, ironicamente, é um problema que as estrelas do K-pop poderiam partilhar com o homem que quer varrê-las da face da Coreia do Norte.

Kim Jong-un, que tem frequentemente desaparecido durante semanas de atividades públicas, também tem perdido peso. Da última vez que reapareceu, no começo do mês, estava visivelmente mais magro. Especialistas em “kiminologia” chegaram a notar que a pulseira de seu relógio suíço predileto, um IWC Schaffsausen Portofino, modelo de 12 mil dólares, estava mais apertada.

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Embora tenha apenas 37 anos, Kim pode ter herdado do pai, junto com o poder, a tendência a problemas cardíacos, agravados pelos 140 quilos que chegou a pesar. Seus sumiços sempre provocam especulações sobre alguma doença grave.

O pai, Kim Jong-il, também entendia o poder cultural da Coreia do Sul e chegou a praticar um dos mais alucinados crimes políticos de todos os tempos: mandou sequestrar em Hong Kong sua atriz preferida, a sul-coreana Choi Eun-Hee, e, seis meses depois, o ex-marido dela, o diretor Shin Sang-Ok.

Embora prisioneiros, eram tratados com o luxo possível num país como a Coreia do Norte e fizeram vários filmes a serviço – forçado – do regime. Em 1986, a pretexto de fazer uma entrevista em Viena para um filme sobre Gengis Khan, conseguiram fugir do hotel e pedir asilo na embaixada americana.

Como tantas outras coisas na Coreia do Norte, a história soa tão inverossímil que parece ter sido inventada. Durante muito tempo, por exemplo, foi considerado que era uma teoria conspiratória o sequestro aleatório de cidadãos japoneses, levados de submarino para a Coreia do Norte. Mas era verdade. 

Entre outras coisas, os infelizes serviam para ensinar a língua e os costumes para agentes da escola de espionagem que seriam infiltrados no Japão. Num momento de abertura com o Japão, Kim Jong-il chegou a pedir desculpas pelos sequestros praticados por “algumas pessoas que queriam mostrar seu heroísmo”.

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Os rapazes do BTS que se cuidem.

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