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Ivermectina: continua o debate científico sobre efeitos para Covid-19

Como é próprio da natureza da ciência, discussão está longe de encerrada e alguns estudos em laboratório e com animais dão resultados positivos

Por Vilma Gryzinski 20 jul 2021, 08h20

A Europa está “atrasada” na discussão sobre a ivermectina. Motivo das aspas: a politização a respeito da ivermectina demorou mais a chegar aos países europeus. Mas chegou, obviamente.

“Acho que ela virou uma nova hidroxicloroquina”, resumiu para o jornal Le Parisien o pesquisador espanhol Carlos Chaccour.

Evidentemente, já havia posições divergentes sobre os efeitos do vermífugo para atenuar os efeitos deletérios do novo coronavírus sobre o sistema respiratório. Parece que a discussão começou há muito tempo, mas ela é relativamente nova e foi desencadeada porque “certas propriedades da ivermectina permitem frear a replicação de numerosos vírus, inclusive o da febre amarela”.

A explicação é de Chaccour, um dos pesquisadores da Universidade de Navarra que publicaram na The Lancet em janeiro os resultados de uma pesquisa feita com pacientes sem sintomas severos de Covid-19. Suas conclusões foram que os tratados com o medicamento no prazo de 72 horas depois do aparecimento dos sintomas apresentaram “redução marcante” da perda de olfato e da tosse, além de “uma tendência a cargas virais mais baixas”.

Outro estudo, mais recente, do Instituto Pasteur, testou a ivermectina em hamsters de laboratório (resultados publicados na revista EMBO Molecular Medicine do último dia 12).

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“Os resultados sugerem que a ivermectina pode ser considerada como um agente terapêutico contra a Covid-19”, diz o comunicado do histórico Instituto.

Não mostram, porém, efeito sobre a replicação viral do SARS-CoV-2. 

“Os autores do estudo mostraram que a ingestão do medicamento em doses padrão permite reduzir em modelo animal os sintomas e a gravidade da infecção por SARS-CoV-2”.

“Os resultados do estudo revelam que a ivermectina atua sobre a modulação da resposta imunológica” e “permite assim diminuir a inflamação nas vias respiratórias”.

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“De maneira surpreendente, observamos que o tratamento com ivermectina não limitou a replicação viral, os modelos tratados e não tratados apresentavam quantidades similares de carga viral na cavidade nasal e nos pulmões”, disse o pesquisador Guilherme Dias de Melo, formado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp de Araçatuba.

“Nossos resultados revelam que a ivermectina tem um efeito imunomodulador e não antiviral”.

“A ivermectin pertence a uma nova categoria de agente anti-Covid em modelo animal. As pesquisas abrem caminho a eixos de desenvolvimento de melhores tratamentos contra a Covid-19 no homem”, disse outro dos autores, o epidemiologista Hervé Bourhy.

São notícias positivas para que procura entender a questão do ponto estritamente científico – tarefa para equilibristas, diante da forma como o medicamento também se tornou questão de fé, traduzida por declarações como “Acredito na ivermectina” ou “Quem acredita nisso é um negacionista fanático”.

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Do lado negativo, foram levantadas restrições éticas a um estudo feito no Egito chefiado pelo médico Ahmed Elgazzar, diretor da revista de medicina da Universidade de Benha.

Segundo o estudo randomizado, pacientes tratados com o medicamento tiveram recuperação mais rápida e redução de mortalidade de até 90%.

O estudo foi retirado do Research Square depois que um mestrando de medicina na Inglaterra, Jack Lawrence, identificou parágrafos inteiros copiados de sites e outras fontes. O aparente plágio foi disfarçado com a mudança de palavras por sinônimos. O estudante também encontrou disparidade de números entre os pacientes usados para a pesquisa.

“O estudo de Elgazzar era um dos maiores e mais promissores mostrando que o medicamento pode ajudar pacientes de Covid”, anotou o Guardian, com mal disfarçada alegria – todo mundo sabe que, na loucura do mundo atual, ivermectina é “de direita” e tudo que a desmoralizar será considerado uma vitória da esquerda.

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O estudo egípcio foi um dos quinze usados numa meta-análise, uma pesquisa sobre pesquisas, publicada no último número do American Journal of Therapeutics.

Entre suas conclusões: existe uma “evidência de certeza moderada” de que o uso da ivermectina possibilita “grande reduções no número de mortes por Covid-19” e pode reduzir os casos que têm evolução negativa.

Entre os estudos incluídos, um analisa como a ivermectina impede o vírus de se acoplar os receptores ACE-2, a porta de entrada da Covid no nosso organismo.

Na introdução, os autores destacam que o uso contra a Covid-19 de medicamentos já existentes, desde que obviamente se mostrem benéficos, é muito importante no caso de uma doença nova, por causa do tempo que leva para desenvolver remédios específicos.

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É possível afirmar, categoricamente, que a eficiência da ivermectina foi provada em testes submetidos ao rigor científíco, mais além dos resultados observacionais? Ou que, ao contrário, não tem utilidade?

Muitos esperam a resposta do projeto PRINCIPLE de Oxford, que estuda medicamentos já existentes, tendo já descartado a eficiência da azitromicina.

A ivermectina foi acrescentada ao projeto em junho. O medicamento já é amplamente acessível em escala global, sendo usado para “muitas outras condições infecciosas, sendo portanto um remédio já conhecido com um bom perfil de segurança e resultados iniciais promissores em alguns estudos”, disse um dos chefes da pesquisa, Chris Butler.

O carimbo de Oxford, contra ou a favor, tem um peso obviamente importante, embora não definitivo.

Por enquanto, segundo o pesquisador espanhol Carlos Chaccour, “não existem elementos suficientes para dizer que é eficaz ou que não é”.

“Continuamos na terra de ninguém”.

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