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História de sucessos – e de fracassos também – das vacinas chinesas

Com avanços espetaculares no campo de novos produtos médicos e farmacêuticos, a China ainda enfrenta problemas do passado em matéria de imunizantes

Por Vilma Gryzinski 30 dez 2020, 08h07

“A história de propinas provocou preocupações entre investidores”. Com esta frase, o Washington Post resumiu a parte indesejada do currículo da Sinovac, a arrojada empresa que está à frente da vacina chinesa dirigida a países de desenvolvimento médio como Brasil, Turquia e Indonésia.

O passado ficou maior diante da projeção mundial que a CoronaVac – o melhor nome entre todas as vacinas para o novo vírus – ganhou.

A ascensão da Sinovac, criada por Yin Weidong, seu presidente e CEO, aconteceu “com a ajuda de projetos prioritários de Pequim e subornos a funcionários envolvidos na área de vigilância sanitária e de aprovação dos acordos de venda”, diz a reportagem do Post.

A empresa cooperou com a investigação. Yin Weidong disse em seu depoimento à Justiça que “não podia recusar pedidos de dinheiro feitos por um funcionário da área de vigilância”. 

O funcionário que recebeu as propinas para apressar as certificações entre 2002 e 2011 foi condenado a dez anos de prisão.

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Obviamente, não foi um caso único. “Pelo menos 20 funcionários do governo e administradores hospitalares de cinco províncias admitiram na Justiça terem recebido propinas da Sinovac entre 2008 e 2016”.

A qualidade das  vacinas em si não foi contestada, mas o histórico de corrupção, somado à demora na divulgação dos resultados da CoronaVac, cria um ambiente menos favorável. 

“Alguns especialistas médicos dizem que é justificado um escrutínio extra sobre os produtos da Sinovac levando-se em conta seu histórico de flexibilidade moral”, registrou o Post.

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Não é impossível que esta atitude encontre correspondentes na outra linha, a de compradores igualmente flexíveis, mas Yin Weidong nunca foi acusado de conduta imprópria.

O novo coronavírus, nascido em Wuhan, criou oportunidades bem aproveitadas por empreendedores do setor médico e farmacêutico fora e, principalmente, dentro da China.

Da lista de 50 novos “bilionários do corona” feita pela revista Forbes, nada menos que 30 são chineses ou de Hong Kong.

O mais destacado é Hu Kun, dono de uma fabricante de equipamentos médicos como oxímetros, estetoscópios e outros, a Contec. Ele abriu o capital da empresa em agosto e, desde então, as ações valorizaram 150%. A fortuna de Hu foi calculada pela Forbes em 3,9 bilhões de dólares.

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As pesquisas e a produção de vacinas para controlar a pandemia – somadas às jogadas geopolíticas do governo para projetar a China como superpotência nesse campo também -, atraem para o país atenções nem sempre desejadas.

Além do caso de corrupção da Sinovac, outra gigante chinesa, a Kangtai Biological Products, entrou na linha de frente por causa da parceria com a AstraZeneca.

A gigante farmacêutica que está produzindo a vacina desenvolvida por pesquisadores de Oxford usa uma fábrica nova em folha da Kangtai.

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A empresa foi suspensa da lista de fornecedores do governo em 2013, quando 17 recém-nascidos morreram depois de tomar vacina para hepatite B.

Seu presidente, o milionário Du Weimin, chegou a ser chamado de “matador de bebês”.

A empresa acabou exonerada de responsabilidade e as mortes foram atribuídas a coincidência de fatores. 

É claro que deixaram um rastro de desconfiança entre consumidores ressabiados. Segundo um levantamento feito por pesquisadores chineses, antes do caso das mortes dos bebês, 85% consideravam as vacinas seguras. O número caiu para 26,7% no auge da crise.

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Com 17 milhões de novos chinesinhos por ano – para comparar, foram 2,8 milhões no Brasil em 2019 -, e campanhas governamentais de erradicação de doenças infantis e combate aos vários tipos de gripes, fora os enormes incentivos às pesquisas em todas as áreas científicas, a China virou um território extremamente fértil para empresas de ponta na área da biotecnologia.

Nenhuma delas tem o método inovador de usar o mecanismo genético do RNA para induzir o sistema imunológico a combater o novo vírus, como o das vacinas da Pfizer e da Moderna.

É possível apostar com razoável grau de certeza que cientistas chineses estão acompanhando com toda atenção a concorrência.

Em contrapartida, os produtos chineses também passaram a ser acompanhados com mais atenção, o que aumenta os saudáveis mecanismos de controle. 

É isso que vai acontecer com a “prestação de contas”, ainda que adiada, da CoronaVac

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