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Por Vilma Gryzinski
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Frida, Salma e o suicida: expurgo a abusadores pega fogo

Deputado acusado de assédio dá tiro na cabeça, governo Trump é abalado por derrota de candidato sujo e Salma Hayek se confunde com a pintora mexicana

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h38 - Publicado em 14 dez 2017, 13h56

Um homem alto, gordo, feio, talentoso, dominador, mulherengo, insuportável. Harvey Weinstein, o produtor atropelado pelas revelações de violência sexual?

Não, Diego Rivera, o pintor mexicano com quem Frida Kahlo viveu uma paixão épica e cheia de abusos. Fato obscurecido no filme em que ela é interpretada por Salma Hayek, a atriz mexicana casada com o bilionário francês François Pinauld, outro homem cheio de enroscos.

Num relato impressionante, pelo que revela e o que deixa entrever, Salma Hayek praticamente reproduz, em outras condições, a paixão autodestrutiva de Diego e Frida em sua relação com Harvey Weinstein.

Tendo recusado todos seus avanços sexuais, Salma diz que cedeu a Weinstein na exigência de que fizesse uma cena erótica de lesbianismo no filme sobre Frida. Conta que, no dia da filmagem, teve uma crise incontrolável de choro e de vômitos.

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“O senhor Weinstein não se lembra de ter pressionado Salma a fazer uma cena de sexo gratuita e não estava presente no dia da filmagem”, mandou responder o produtor que já tem uma lista de quase cem acusações. Além do expurgo, ele enfrenta, com um batalhão de advogados, a perspectiva de cadeia e ruína financeira.

A única coisa que ele assumiu foi ser contra a sobrancelha emendada de Salma Hayek, para ser fiel ao visual de Frida Kahlo. Se tantos casos envolvendo Weinstein não fossem tão cabeludos, pareceria até piada.

No Kentucky, o deputado estadual Dan Johnson foi de madrugada de carro até uma ponte, estacionou, desceu e deu um tiro na cabeça.

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Tinha sido acusado de enfiar a mão dentro da roupa de uma jovem de 17 anos na igreja do Coração de Fogo, onde era pastor. Dirigindo-se à mulher, aos cinco filhos e nove netos pediu para que “não culpem ninguém, Satã é quem está me acusando”.

Mas o responsável por outro ato repugnante, até difícil de ser descrito, foi o próprio Johnson: postou em rede social imagens de Barack Obama e família com traços simiescos. Estava em campanha e mesmo assim foi eleito.

No Alabama, os eleitores tiveram mais tempo para pensar. Além de uma montanha de dinheiro despejada em propaganda política pelo Partido Democrata para mostrar os defeitos similares de outro aspirante à carreira política, Roy Moore.

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Moore nunca deveria ter sido candidato a senador e muito menos receber o apoio de Donald Trump depois das revelações de várias mulheres sobre avanços sexuais e tentativas de sedução quando elas eram adolescentes e ele um homem na faixa dos 30 anos.

Foi isso que provocou sua derrota, por uma pequena diferença, e não uma rejeição a Trump. Mas é o presidente quem vai pagar o preço: a maioria republicana no Senado ficou por um fio mais fino ainda e ameaça o governo Trump na única área onde tem o que mostrar, a das reformas que estão bombando a economia.

A cada dia, nos Estados Unidos, aparece mais uma revelação sobre comportamentos sórdidos, quando não completamente criminosos, de homens conhecidos na política, no jornalismo e no show business.

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Em seu depoimento ao New York Times, Salma descreve com honestidade a atitude ambígua dela em relação a Weinstein — fato que também aconteceu com muitas das outras atrizes envolvidas. Humilhadas ou constrangidas a atos sexuais, elas voltavam a trabalhar, posar ou interagir com o produtor.

“Eu estava tentando me poupar de explicar várias coisas a meus entes queridos: por que, quando mencionei casualmente que tinha sofrido assédio de Harvey como tantas outras, excluí alguns detalhes”, escreveu ela. “E por que, por tantos anos, fomos cordiais com um homem que me magoou tão profundamente.”

A resposta, que ela não dá, talvez seja que ele exercia o tipo de poder que causa horror e ao mesmo tempo fascínio.

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“Eu sofri dois acidentes graves na minha vida: um foi o ônibus que me atropelou e o outro foi Diego. Diego foi de longe o pior”, disse Frida Kahlo sobre a paixão infernal pelo pintor que teve não apenas um caso, mas nada menos que seis filhos com a irmã dela, Cristina. Para não falar em todas as outras amantes.

O marido de Salma Hayek, dono de um conglomerado que inclui marcas de luxo como Gucci, Saint Laurent e Bottega Veneta, teve um filho com a modelo canadense Linda Evangelista, que foi à justiça para pedir pensão.

O menino, Augustin, nasceu em setembro de 2006. A filha de Salma Hayek com Pinault, Valentina, é de outubro de 2007. Ele disse na justiça que foi uma gravidez complicada, com risco de que a menina tivesse síndrome de Down. O processo acabou em acordo entre as partes. A fortuna de Pinault está na casa dos 13 bilhões de dólares.

“Ela estava tão feliz com a gravidez. Mas não foi planejada e decidi acabar tudo na hora”, declarou Pinault. Tanto Linda quanto Salma já tinham passado dos 40 anos quando ficaram grávidas.

Os seres humanos, homens e mulheres, são complicados, fazem besteiras, têm atitudes contraditórias, perdem a cabeça por paixão, dinheiro, fama, poder.

O coração de fogo que aparece em pinturas de Frida Kahlo e no nome da igreja do deputado que se suicidou é um bom símbolo das nossas paixões e fraquezas. Só não vale por a culpa em forças ocultas. Quem errou, tem que pagar de acordo com os mandamentos da justiça.

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