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Foi ele: delator do caso Ucrânia piora ou melhora vida de Trump?

Com inquérito sobre impeachment aprovado pela oposição democrata, apareceu a identidade do analista da CIA que relatou telefonema estranho do presidente

Por Vilma Gryzinski 1 nov 2019, 07h43

Como em Brasília, todo mundo sabe de tudo em Washington.

Mas Eric Ciariamella, um analista da CIA de 33 anos que foi deslocado para trabalhar no governo Obama e continuou com Donald Trump, conseguiu passar dois meses relativamente escondido.

Ele é o “whistleblower”, a palavra em inglês que não tem conotações negativas como informante, delator ou alcaguete.

Pode até ser um herói, uma pessoa que denuncia falcatruas dos poderosos.

Se Donald Trump usou o poder incomparável da presidência dos Estados Unidos para exigir contrapartida do novo presidente da Ucrânia, sob a forma de informações sobre um adversário político, Joe Biden, o pai do Ronaldinho americano, Ciaramella terá prestado um serviço ao país e à democracia.

Como quase tudo na vida, a história é mais complicada.

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Ciaramella trabalhou no Conselho de Segurança Nacional quando Susan Rice era a chefona. Rice foi uma das colaboradoras de Barack Obama que mais plantou armadilhas para detonar no caminho de Trump.

Como especialista em assuntos ucranianos, ele também assessorou, imaginem só, Joe Biden. Na época vice-presidente, não viu nada de estranho na ascensão meteórica do filho, Hunter Biden, como contratado para o conselho da maior empresa de gás natural da Ucrânia.

Mais: é amigo de outro funcionário do Conselho de Segurança Nacional, Sean Misko. E onde está Misko?

No gabinete do deputado Adam Schiff. Como presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Schiff comanda os inquéritos sobre o impeachment de Trump, até agora sigilosos.

O analista da CIA falou primeiro com Schiff antes de procurar o sistema estabelecido especificamente para apurar denúncias de “whistleblowers”.

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Nada surpreendentemente, o deputado, apelidado de “Pescoço Fino” por Trump, omitiu e mentiu sobre o contato.

Com a votação do Dia das Bruxas para a abertura oficial do processo – fora dois deputados, todos os democratas votaram a favor; todos os republicanos, contra -, os procedimentos serão mais abertos.

Mas já dá para desconfiar do resultado. Os deputados democratas vão de novo votar em bloco pelo impeachment. O caso passará então para o Senado, que funcionará como um tribunal, com argumentos de defesa e acusação. No comando, o presidente da Suprema Corte.

Garganta Profunda

Para que Trump perca a presidência, vinte senadores republicanos teriam que mudar de lado.

No momento, é impossível que isso aconteça.

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Apesar das inconveniências e até deslizes do telefonema de Trump com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, quando pediu que investigasse participação do governo anterior em transmissão de informações para a campanha de Hillary Clinton e desse uma boa olhada no caso de Joe e Hunter Biden, os senadores republicanos não vão votar pelo impeachment sem provas contundentes.

O caso é espetacular não só por envolver o mais odiado/amado presidente dos Estados Unidos, mas pelas placas tectônicas em choque.

Todo o establishment, a intelectualidade, o mundo artístico, mais 90% da grande imprensa e, principalmente, o chamado “deep state”, apoiam, torcem e trabalham pelo impeachment.

O “deep state” consiste nos funcionários permanentes ou quase, principalmente da enorme estrutura de informação e inteligência dos Estados Unidos.

Os vazamentos sigilosos e as declarações abertas, até recentemente impensáveis, de ex-diretores de serviços como a CIA e o NSA, detonam Trump desde a campanha presidencial que estarreceu os Estados Unidos e o mundo ao dar a vitória a um candidato considerado completamente absurdo.

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O nome de Eric Ciaramella foi ligado a vários dos múltiplos vazamentos vindos da Casa Branca desde que Trump se sentou pela primeira vez na escrivaninha doada pela rainha Vitória no Salão Oval.

Muitos foram extremamente prejudiciais, mas Trump demonstrou uma capacidade gigantesca de resistir a dados negativos.

Geralmente porque morde as canelas dos adversários, ataca, solta tuítes bombásticos e acusa, justamente, o “deep state” de conspirar para derrubá-lo.

Que existe um trabalho constante para conseguir isso, não há dúvida.

Mas os responsáveis fazem tudo por amor à pátria ou por se julgar no direito, fora o dever, de derrubar um presidente que consideram inaceitável?

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E em algum momento aqueles vinte senadores republicanos vão achar isso também?

Eric Ciaramella que se prepare para prestar um bocado de depoimentos.

Trump, sendo Trump, já tem um monte de advogados.

Entre os quais, Rudy Giuliani, o ex-prefeito de Nova York e ex-procurador, adepto de táticas tão agressivas no caso Ucrânia que, em vez de salvar, pode ajudar a afundar o cliente.

Tudo isso, claro, coincidindo com a campanha para a eleição presidencial em novembro do ano que vem.

Como sempre, nada que envolva Trump é normal, previsível, prognosticável. E, principalmente, comparável ao que já aconteceu em circunstâncias parecidas no passado.

Esqueçam Watergate e Deep Throat, o Garganta Profunda. O informante dos jornalistas do Washington Post era Mark Felt, um vice-diretor do FBI inconformado por não ter sido promovido.

Sua identidade só foi confirmada depois que morreu.

O sigilo sobre a identidade de Ciaramella durou dois meses.

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