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Esta menininha foi morta por “sensação de não pertencente”?

Mais desculpas ensandecidas para terroristas: a culpa é da sociedade por excluir os coitadinhos. E o que fazer? Nada, evidentemente

Por Vilma Gryzinski 24 Maio 2017, 08h16

Terroristas como o que explodiu crianças e jovens em Manchester têm o maior orgulho de si mesmos. Declaram que estão cumprindo um mandato divino e se consideram heróis, mártires e supremos vencedores.

Mas a insanidade coletiva que acomete “explicadores” em geral acha que são pobres vítimas da sociedade. Um pobrezinho que “não se sente pertencente” acaba inevitavelmente enchendo uma mochila de explosivos, pregos e pedaços de metal e vai para o sacrifício.

Um sem-teto de Manchester contou como ajudou a arrancar pregos cravados nos braços de crianças com a força dilacerante da bomba. Uma menininha tinha um prego no rosto. Outra, Saffie Rose Roussos, morta aos 8 anos, se tornou o rosto inocente da atrocidade.

Foi homenageada por colegas da escola com flores, bichinhos de pelúcia e lágrimas. O que mais crianças poderiam fazer?

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Já os adultos têm responsabilidades inevitáveis. A  maior delas às vezes parece ser simplesmente abrir os olhos e ver o que está acontecendo. Sem culpabilização coletiva de “comunidades” – termo usado para evitar a palavra muçulmanos -, mas também sem cegueira suicida.

A raiva é má conselheira em momentos de revolta, mas não deve ser eliminada como um sentimento “errado”. Ter raiva ajuda a não cair na paralisação dos fracos, covardes ou mal intencionados.

Um exemplo típico foi dado por Andrew Buncombe, editor do jornal digital Independent nos Estados Unidos. Ele escreveu que os britânicos em geral não estão ”equipados para fazer grande coisa, fora tentar seguir adiante e não nos deixarmos aterrorizar”.

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O argumento seria apenas uma imbecilidade sem tamanho se não escondesse a má fé evidente. No fundo, o perigo vem dos que querem incitar reações, diz o autor implicitamente. Mesmo que terroristas pratiquem atos de terrorismo como explodir jovens e criança , o risco é se deixar aterrorizar. Melhor não fazer nada, ficar quietinho em casa, de preferência em Nova York, como o autor.

Compete às autoridades, em momentos de raiva como agora – tem gente furiosa em Manchester e outros lugares, mas só as musiquinhas paz e amor são mostradas -, manter a cabeça fria.

E também manter uma colaboração que pode ser vital. Em algumas ocasiões, conspirações terroristas são neutralizadas por informações que partem da própria “comunidade” – anônimos que querem evitar tragédias.

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Mas também pode acontecer o contrário. Ninguém da família, dos amigos, dos vizinhos, viu quando Salman Abadi deixou crescer a barba, passou a usar roupas compridas e começou a andar pela  rua falando trechos do Corão, sinais amplamente conhecidos de extrema radicalização? Quando voltou da Libia já pronto para o “martírio”?

Ficaram intimidados? Indiferentes? Ou foram acometidos coletivamente por uma “sensação de não-pertencimento”?

Numa estudo  da Universidade da Pensilvania com 119 “lobos solitários”, os pesquisadores concluíram que em 64% dos casos parentes e amigos sabiam dos planos terroristas. Em 79%, outros envolvidos tinham conhecimento do ataque que viria a ocorrer, mesmo que o perpetrador agisse sozinho.

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A expressão sombria da primeira-ministra Theresa May quando anunciou medidas excepcionais, como o deslocamento de cinco mil  militares para operações de policiamento público, foi de arrepiar.

Com a cautela e a frieza necessárias, mas falando num tom que foi até criticado por poder provocar medo entre a população, ela avisou: “pode” existir uma grande rede terrorista conectada ao criminoso de Manchester. Outros atentados “podem” ser iminentes.

O pai do terrorista de Manchester é Abu Ismael Abedi, que trabalhava na área de segurança. É um muçulmano muito devoto que não só  faz as cinco preces diárias como até cumpre o papel de muezin, ou almuaden, o encarregado de chamar os fiéis para estas orações com uma especial de cântico.

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Só não fazia isso do alto de um minarete porque a mesquita que frequenta é uma igreja anglicana convertida.

Teria ele uma sensação tão grande de “não pertencer” à sociedade que o acolheu, na qual prosperou e formou família, quando fugiu da Líbia, que deixou o filho agir?  Fechou os olhos deliberadamente? É apenas um dos tantos pais que não veem os filhos no caminho da perdição?

Em qualquer um das hipóteses, Saffie Rose continua morta aos 8 anos de idade. Ela e mais vinte pessoas que saíram de casa para ver um show de Ariana Grande e nunca voltarão.

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