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E se Trump revertesse eleição de Joe Biden: seria impossível?

Não é uma improbabilidade absoluta, mas quanto mais tempo passa, mais furioso - e enfraquecido - fica o presidente quase no fim

Por Vilma Gryzinski 9 nov 2020, 08h12

Quem declarou Joe Biden presidente?

Os grandes meios de comunicação, as agências de pesquisas, os nomes importantes da política. Seguiram os números e as projeções da apuração. 

Assim que Biden alcançou os 279 votos no Colégio Eleitoral – nove a mais do que os necessários -, ele se tornou o presidente eleito.

Muitos dos 74,4 milhões de cidadãos que votaram nele saíram em festa pelas ruas das grandes cidades, ondulando bandeiras americanas em lugar de queimá-las como aconteceu sistematicamente durante os meses de protestos em boa parte violentos, depois da morte de George Floyd.

Oficialmente, Biden só será o presidente eleito em 14 de dezembro, quando os 538 delegados ao Colégio Eleitoral espelharem a vontade popular através de seus votos. A decisão será certificada pelo Congresso em 6 de janeiro.

A essa altura, todo mundo faz uma ideia das idiossincrasias do processo eleitoral americano – e realmente, segundo a brincadeira que circula nas redes, talvez fosse mais fácil deixar que a escolha ficasse a cargo marmota que “anuncia” em 2 de fevereiro, dependendo da projeção de sua sombra quando sai da toca, se o inverno vai acabar logo ou se prolongar.

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Criados para acentuar a divisão dos poderes – e enfraquecer os presidentes que se achassem importantes demais e sentissem a tentação de agir de acordo -, os mecanismos deixam várias brechas.

Teoricamente, se os advogados de Donald Trump conseguissem indícios de que houve irregularidades na apuração, que seriam inevitavelmente levados aos tribunais, poderia haver recontagem nos distritos eleitorais contestados.

E se a nova contagem favorecesse o presidente, uma possibilidade não totalmente absurda, considerando-se que em alguns distritos as diferenças foram apertadas, Joe Biden poderia ser “desdeclarado”?

Embora não 100% fora de cogitação, é muito, muito difícil.

Entre outros motivos, pelo tsunami político e social que isso provocaria.

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Quanto mais se enfurna nos jogos de golfe e nos tuítes teimosos, mais Trump perde defensores, mesmo entre os republicanos fieis que acham legítimas as dúvidas sobre a autenticidade de parte dos votos.

Lutar até o fim por uma causa que se considera justa é uma coisa, dar vexame monumental na saída é outra. 

Segundo notícias que circulam, atribuídas a informantes republicanos, é exatamente isso que ele pretende fazer: não reconhecer o presidente “falso”.

“Nem sequer tem um discurso de concessão pronto”, disse uma dessas fontes. Outra: o clima na Casa Branca é “delirante e tóxico”. 

Mais uma: “Na cabeça dele, nunca pensou no dia seguinte à eleição porque é supersticioso e acha que não traria sorte”.

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“Trump está cercado pela família e por um exército de advogados e não sai do telefone. Está dizendo que Biden é um presidente postiço e que nem sequer comparecerá à posse em 20 de janeiro”.

É claro que já começaram os memes com um dos mais parodiados filmes de todos os tempos, o espetacular A Queda, reproduzindo o dias finais de Hitler no bunker de Berlim.

A tarefa de chamar Trump à realidade está sendo considerada uma incumbência da filha, Ivanka, e do marido dela, Jared Kushner.

Numa minuciosa reconstrução dos bastidores da campanha – indisciplinada e impetuosa, como Trump – feita pelo site Politico, ficou claro o papel cada vez mais influente de Kushner durante a corrida presidencial,

Nem sempre a família ajuda, uma lição válida para todos os tempos e latitudes. O levantamento de fundos foi entregue a Kimberly Guilfoyle, a exuberante ex-apresentadora da Fox News que é a atual companheira de Donald Trump Jr.

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Trump ficou atrás em quase 400 milhões de dólares em matéria de dinheiro de campanha e Kimberly saiu com a fama de uso excessivo de informações sobre a própria vida sexual – motivo de sua saída da Fox, protegida por um acordo sigiloso.

Segundo o Politico, numa das reuniões com contribuintes conservadores, ele chegou brincar que contemplaria aquele que fosse mais generoso com uma lap dance, a dança erótica personalizada das casas de striptease.

Biden, ao contrário, fez uma campanha sem graça nem empolgação, trancado no porão de casa ou falando a plateias vazias, protegido do risco do coronavírus, agravado pelos quase 78 anos e o histórico de dois aneurismas.

Em compensação, teve tudo o que faltou a Trump: dinheiro, o apoio – e a torcida – da enorme maioria dos meios de comunicação, a intelectualidade, a academia, as alas mais à esquerda do Partido Democrata, os artistas, os republicanos contra Trump e, talvez mais do que tudo, Cardi B.

O “discurso da vitória” comprovou que Biden não tem o brilho intelectual nem a oratória de um Barack Obama, para não falar num John Kennedy.

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Um presidente sem grandes voos, que se dirige aos ouvintes como “pessoal” – um cacoete do populismo à americana – e repete lugares comuns como “não existe América vermelha nem América azul”, referência às cores dos partidos mostrou ser o que a maioria dos americanos queria depois dos anos febris de Donald Trump.

Quanto mais agitado e revoltado com o resultado Trump se mostrar, maior ficará o contraste em relação a Biden, que ganha ares de estadista venerando e conciliador – não necessariamente correspondentes à realidade.

“Perder é difícil. Para mim é muito difícil”, disse Trump um dia antes da eleição.

O falecido senador John McCain, massacrado por Barack Obama em 2008, adaptou uma antiga piadinha para descrever como reagiu à derrota:

“Depois de perder, dormi como um bebê. Dormia duas horas, acordava e chorava. Dormia duas horas, acordava e chorava”.

Trump provavelmente não tem o tipo de perfil psicológico para esse tipo de humor autodepreciativo. O risco é se transformar, involuntariamente, em piada.

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