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Dinheiro não compra felicidade, mas casa de US$ 165 milhões…

O preço estarrecedor pago por Jeff Bezos por mansão em Los Angeles coloca de novo os problemas, digamos, existenciais do homem mais rico do mundo

Por Vilma Gryzinski 13 fev 2020, 14h27

O que é felicidade, ou pelo menos aqueles momentos em que bate um calorzinho no peito e o mundo parece sorrir?

Para alguns, pode ser simplesmente achar o cartão de débito dado por perdido. Ou um emprego de estoquista na Amazon, considerado o mais baixo da escala (para quem está sem nada, isso é muito e soa inacreditável ver luminares de esquerda ironizarem quem vai “trabalhar no Uber”, como se fosse ruim ou degradante).

Para o dono da Amazon, talvez tenha sido o momento em que realizou o sonho de “nosso amor e uma casinha”.

Sendo a casinha, o imóvel residencial mais caro de Beverly Hills, adaptado para as exigências inimagináveis de luxo do último dono, David Geffen, magnata do cinema e da música.

O dono original do palácio em estilo californiano no meio de um bosque foi Jack Warner, do legendário estúdio Warner Bros.

O amor, todo mundo sabe desde a explosão do escândalo que redundou no divórcio mais caro do mundo, é Lauren Sánchez.

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Contrariando várias expectativas, a morena de origem mexicana, piloto de helicóptero entre outras atividades, continua a colocar brilho no olhar de Bezos.

Para não falar nas roupas chamativas que ele deu de usar, no típico ato “cinquentão larga a esposa e redescobre prazeres da vida”.

Mesmo depois do divórcio, Jeff Bezos continua a ser o homem mais rico do mundo (113 bilhões na lista da Forbes).

Por trás desses números estarrecedores, forças poderosas vivem em choque. É quase um choque dos mundos.

Uma delas: promotores colocados na investigação do vazamento dos textos e fotos – tudo íntimo, claro – de Bezos para Lauren quando ainda estava casado concluíram que ela passou o material para o irmão, Michael.

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O irmão transferiu, nada generosamente, o “furo” para o National Enquirer, um tabloide que usava as mais sórdidas táticas da categoria.

O sonho de metade dos Estados Unidos era estabelecer um elo entre o dono do tabloide e Donald Trump. Estaria provado que ambos conspiraram para prejudicar Bezos, inimigo mortal do presidente desde que comprou o Washington Post e entrou na corrida de derrubar Trump.

Até agora, uma corrida sem vitoriosos.

Em compensação, parece ter sido colocado acima de dúvidas que Bezos foi hackeado por um outro inimigo, ninguém menos que Mohammad bin Salman, o príncipe que na prática já governa a Arábia Saudita.

Uma simples mensagem de WhatsApp – com tecnologia de espionagem de uma empresa israelense – infectou para sempre a privacidade de Bezos.

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Isso tudo sem prejuízo da intervenção perversa do irmão da mulher amada e dela própria.

A inimizade entre Bezos e MBS desdobrou-se em outro caso inacreditável: o assassinato de Jamal Khashoggi, um jornalista que rompeu com o regime saudita, foi morar nos Estados Unidos e passou a escrever uma coluna mensal no Washington Post.

Khashoggi foi sufocado e esquartejado por uma equipe especial de assassinos despachados pela Arábia Saudita para seu consulado em Istambul. Isso tudo enquanto a inteligência turca gravava todos os detalhes tarantinianos.

Cinco deles foram condenados à morte, numa operação que pretende livrar a cara do príncipe bonitão e “dar uma satisfação” ao mundo sobre um dos assassinatos políticos mais desastrados de todos os tempos.

Temos, assim, até agora uma sucessão de acontecimentos e tramas que envolvem o presidente dos Estados Unidos, o homem mais rico do mundo e um príncipe das Arábias.

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Fora um assassinato de filme de terror e os detalhes inevitavelmente constrangedores de textos íntimos e fotos eróticas.

É pouco? Pois tem mais.

Bezos é dono de um jornal influente que seguiu o padrão de esquerdização de uma grande parte do Partido Democrata.

Simultaneamente, é abominado pela esquerda como o patrão mais explorador do mundo. E não pela esquerda de forma geral. Especificamente, Bernie Sanders, o senador socialista que disparou nas preferências dos eleitores democratas na fase das primárias.

“A vida e o bem-estar de seus empregados dependem de atitudes rápidas”, escreveu um punhado de senadores, incluindo Bernie e outra candidata, Elizabeth Warren, condenando a carga de trabalho, reconhecidamente enorme, dos funcionários da Amazon.

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“Qualquer prática que ponha o lucro acima da segurança do trabalhador é inaceitável”.

Conversa de político, fácil de mudar diante das realidades da vida e de doações generosas?

Vale lembrar que uma das estrelas da campanha de Bernie é Alexandra Ocasio-Cortez. A deputada se orgulha de ter impedido que a Amazon instalasse em Nova York sua segunda sede global.

Foram-se, assim, uns 25 mil empregos. Muitos daqueles que os ideólogos de esquerda desprezam como inferiores, muitos mais da área mais cobiçada por qualquer governo, a de alta tecnologia.

Com seu novo ninho de amor na Califórnia, Jeff Bezos vai ter espaço para meditar sobre as contradições da vida, como ser um vilão da esquerda e, ao mesmo tempo, travar batalhas, públicas ou secretas, com algumas das figuras mais notórias da direita.

Detalhe: na era Trump, a Amazon não só ganhou mais dinheiro ainda (tirando um contrato de 10 bilhões de dólares para armazenar na “nuvem” as montanhas de dados do Pentágono), mas nenhuma das ameaças de investigação por monopólio ensaiadas pelo governo prosperou.

Com um presidente Bernie Sanders, a coisa seria muito, muito diferente.

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