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De patriotas a terroristas: é um erro culpabilizar todos os trumpistas

Opinião pública indignada e democratas com todas as vantagens na mão confluem para colocar no mesmo barco prática de crimes e simpatia política

Por Vilma Gryzinski 12 jan 2021, 07h55

Donald Trump debate-se no fundo do poço, os democratas estão por cima, as autoridades competentes estão cumprindo o seu papel.

A opinião pública reflete o choque com os acontecimentos de quarta-feira, onde uma parte da multidão que havia saído de um comício de Trump invadiu o Congresso: 70% condenam os atos criminosos e 57% gostariam que Trump deixasse a presidência mesmo faltando apenas oito dias para o fim de seu mandato. 

E 43% acham que ele deveria ser preso, um número que mostra como Trump implodiu a si mesmo, levando ao paroxismo a tendência à autossabotagem que demonstrou ao longo de seus quatro anos na Casa Branca.

O clima é tão volátil que implica no erro de tratar todos os 74 milhões que votaram nele como cúmplices dos crimes cometidos por poucas centenas de pessoas quando invadiram o Capitólio e peitaram a polícia responsável pela segurança do Congresso, praticando atos de vandalismo.

Como duas pessoas morreram, um policial atingido na cabeça por um extintor de incêndio e uma manifestante baleada quando tentou passar por um vidro quebrado dentro do Congresso, as acusações contra as dezenas de invasores, que não são poucas, entram no terreno do homicídio – e o futuro de Trump fica mais complicado ainda.

Todo mundo viu as cenas: com bandeiras americanas, pintados com as cores nacionais ou levando o boné vermelho do Make America Great Again, os manifestantes indubitavelmente se viam como patriotas ardorosos que estavam ouvindo as palavras do presidente e denunciando o que acreditavam ser uma grande fraude eleitoral.

Os que invadiram o Capitólio, aproveitando um policiamento inacreditavelmente fraco, transformaram-se em criminosos.

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Acostumados, em suas manifestações, a cumprimentar e tirar selfies com policiais, peitaram os “traidores”.

Tinham líderes maléficos coordenando tudo numa ação destinada a implodir a democracia? Dificilmente. Com certeza haverá os mais ativos via redes sociais, mas a amostra vista até agora cai mais para o patético.

O sujeito que se transformou num dos símbolos da presepada por causa do figurino exótico – peito nu tatuado e chapéu de pele com chifres – , Jacob Chansley, nome fantasia Jake Angeli, disse da prisão que não está preocupado porque não cometeu nenhum crime: entrou no prédio do Congresso porque a porta estava aberta (entrar em área restrita de órgão governamental também é um ato criminoso).

A mãe dele estava preocupada porque o filho não estava comendo nada. Greve de fome por motivo político? Não, ele só ingere comida orgânica, especialidade que as autoridades penitenciárias não podiam garantir.

Ingênuo, manipulado, tolo, conspiracionista, maluco ou o que for: será tratado com o rigor da lei.

Outro manifestante preso, não identificado, disse numa entrevista – rapidamente eliminada do Twitter, que agora virou central de censura – que queria protestar no Congresso porque os políticos de Washington “riem de nós”.

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A sensação de exclusão de uma grande parte dos cidadãos diante do establishment foi o combustível que permitiu a Trump se transformar num fenômeno político. 

Os americanos que hasteiam a bandeira no jardim e cantam com orgulho o hino nacional agora, mais do que nunca, estão sendo demonizados como brutamontes ignorantes, os deploráveis de Hillary Clinton e os perdidos aferrados às armas e à religião, na descrição de Barack Obama viraram os terroristas do Congresso

Colocá-los todos nessa categoria – um rótulo adicional a racista, homofóbico e xenófobo -, só vai aumentar esse sentimento de alienação.

Teria Joe Biden o caráter e o estofo político necessários para, sem palavreado vazio, se aproximar dessa metade da América profunda?

As chances são baixíssimas, embora Biden tenha experiência suficiente para saber que o discurso de sempre – “Somos todos americanos” – não vai convencer ninguém. Mas nenhuma outra pessoa tem, hoje, a chance que a história está dando ao próximo presidente americano.

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