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Crianças, genética e antiviral: incrível, há três notícias boas

As pesquisas não param e trazem algumas esperanças sobre transmissão, causas individualizadas e tratamentos de emergência para enfrentar a praga

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 abr 2020, 09h21 - Publicado em 30 abr 2020, 07h12

Parece bom demais para ser verdade e talvez até seja. Mas vale acompanhar esses desdobramentos.

1- Ninguém, ninguém mesmo, pode tomar decisões com base nisso, mas um estudo anunciado na Suíça mudou a orientação mais dolorosa dessa pandemia, a da separação permanente entre avós e netos pequenos.

Crianças com menos de dez anos podem ter contatos, sob a condição de que sejam rápidos e de preferência ao ar livre, com os avós em quarentena.

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O motivo? “Crianças pequenas são raramente infectadas e não transmitem o vírus. Elas simplesmente não têm os receptores para pegar a doença”.

Se viesse de qualquer outro lugar, a mudança de orientação causaria revolta, inclusive em razão dos casos, felizmente poucos, de contágio de crianças depois que a epidemia se espalhou para fora da China.

Mas quem fez a declaração foi o diretor do departamento de doenças infecciosas do equivalente ao ministério da Saúde da Suíça, Daniel Koch.

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A nova orientação, com a ressalva de que os avós não devem ficar tomando conta dos netos e nem ter contatos por períodos prolongados, foi tomada depois de consultas com especialistas de universidades de Zurique, Berna e Genebra, com base em estudo feito por epidemiologistas franceses.

Apesar da origem confiável, foi, obviamente contestada.

“Achamos que crianças provavelmente transmitem Covid-19 menos do que adultos, mas precisaríamos de uma quantidade muito maior de dados”, disse ao Telegraph o presidente do Colégio Real de Pediatria, Russell Viner.

“Não acharíamos uma boa ideia que crianças abraçassem os avós aqui no Reino Unido sem ter mais dados”.

Na Suíça, a Covid-19 matou 1.700 pessoas, com índice de 199,49 por milhão de habitantes. Por esse critério, fica em nono lugar na Europa.

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Em primeiro lugar nesse triste quadro está a Bélgica, com 641,83 mortes por milhão. Seguem-se Espanha, Itália, França, Reino Unido, Holanda, Irlanda e Suécia. Os Estados Unidos, no topo da lista em números absolutos (mais de 58 mil mortos) estão abaixo da Suíça.

2- A Covid-19 começou como “vírus chinês”, depois virou “doença de branco” – os pavilhões de idosos moribundos na Itália retrataram dolorosamente esse momento – e depois passou a afetar, desproporcionalmente, minorias raciais nos países desenvolvidos.

Seria produto da discriminação, do padrão de vida e de saúde mais baixo ou até de atendimento inferior?

Nenhuma dessas causas pode ser eliminada, mas um estudo feito pelo King’s College identificou origens genéticas que influenciam o contágio e o nível de gravidade da infecção.

O estudo seguiu 2,7 milhões de pessoas que baixaram um aplicativo onde descrevem seus sintomas, mais uma pesquisa já existente com 2.600 gêmeos – o padrão ouro da influência genética.

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Conclusão: os genes têm uma influência de cerca de 50% na gravidade de uma série de sintomas da doença, em especial delírio, febre, fadiga, falta de ar, diarreia e perda do olfato e do paladar.

Mais: pessoas com ascendência no subcontinente indiano e outras minorias raciais são 13% do total da população do Reino Unido, mas 16,2% dos diagnosticados com o novo vírus em hospitais, indicando uma suscetibilidade genética.

Mais: dos trabalhadores do sistema de saúde e dos serviços sociais a idosos que já pereceram, 63% são de origem nesses grupos, chamados BAME em inglês, sigla de negros, asiáticos e outras minorias étnicas. No total, são 16% dos quadros, uma diferença simplesmente estarrecedora.

O NHS, o sistema de saúde, cogitou até tirar da linha de frente do atendimento aos pacientes com Covid-19 os funcionários que se enquadram no risco genético mais alto.

Entender o peso dos fatores genéticos, obviamente, ajuda a decifrar os enigmas sobre as reações diversas à infecção que não são explicadas por idade ou doenças pré-existentes.

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3- Não existe bala de prata, mas o remdesivir, capa de VEJA desta semana, parece a coisa mais próxima disso no momento.

A Gilead, “mãe” do antiviral desenvolvido originalmente contra o ebola, divulgou um resultado muito mais positivo do que um estudo feito na China (e vazado por engano, causando muito ruído negativo).

De 397 pacientes em estado grave a ponto de exigir suplementação de oxigênio – mas não colocados em ventiladores mecânicos -, metade melhorou com dois regimes de tratamento com o antiviral (cinco e dez dias). Em duas semanas, receberam alta.

O remdesivir também aparece com grande destaque nas recomendações de uma espécie de força-tarefa de gênios, uma aliança entre especialistas de altíssima qualificação e bilionários americanos, noticiada pelo Wall Street Journal.

São cientistas do ramos de biologia química, epidemiologia, neurologia, oncologia. Tem um prêmio Nobel no meio e a iniciativa partiu de Tom Cahill, um médico que entrou no ramo de investimentos em incubadoras, ganhou muito dinheiro e tem acesso as figuras como o bilionário Peter Thiel, com trânsito no governo Trump.

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Num documento de 17 páginas, os “cidadãos-cientistas” propõem praticamente tudo que se espera das cabeças iluminadas: um detalhadíssimo método de tratamento em três fases que permita a reabertura da economia, com controles customizados. 

E, principalmente, as formas de enfrentar os obstáculos burocráticos e pavimentar a ponte indústria-estado para resolver os problemas mais urgentes.

A primeira fase, de início imediato, se baseia no uso generalizado, embora não exclusivo, do remdesivir, em doses maiores do que as empregadas em vários testes atualmente e na fase mais inicial da doença.

Uma das maiores vantagens é que já foi provado que o antiviral é seguro para uso em seres humanos – uma das mais demoradas etapas para a aprovação de novos medicamentos.

“Atualmente, existem mais de vinte experimentos sendo feitos através do mundo com o remdesivir”, diz o grupo.

Numa prova de que não tem interesses suspeitos, a força-tarefa voluntária propõe que todos as grandes indústrias farmacêuticas dos Estados Unidos possam fabricar o antiviral, inclusive na forma de spray.

Na segunda fase, “idealmente de junho a agosto”, o tratamento com remdesivir seria associado aos anticorpos monoclonais – “os melhores ainda estão em desenvolvimento”.

Os anticorpos poderiam ser usados tanto no tratamento de pacientes infectados quanto como uma espécie de pré-vacina, especialmente para proteger quem trabalha em atividades de alto risco, como o campo médico, como indivíduos de alto risco.

E a vacina? São mais de 90 grandes grupos científicos, privados ou públicos, que estão atrás dela em todo o mundo, seja de uso sazonal, como a da gripe, seja uma permanente, como a do sarampo.

A mais promissora do momento é a pesquisada em Oxford por ter partido na frente:  os cientistas do Jenner Institute já estavam estudando uma vacina para o coronavírus em sua encarnação anterior.

Em seis macacos rhesus inoculados com o vírus num laboratório do governo americano, nenhum mostrou sinais da doença 28 dias depois.

Os testes com voluntários já começam hoje.

Se todas as barreiras forem superadas com a eficiência fenomenal, principalmente para a produção em massa, a vacina começaria a estar disponível em setembro, pelo menos seis meses antes das previsões mais otimistas.

De novo, parece bom demais para ser verdade, principalmente com um vírus que nos empurra o tempo todo para o pessimismo.

Mas um certo otimismo realista até que ajuda a aguentar o sufoco.

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