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Coalizão: Israel é pequeno demais para os dois Benjamins?

Praticamente empatados nas urnas e sem aliados suficientes para ter maioria, Netanyahu e Gantz selariam um casamento político desconfortável e de vida curta

Por Vilma Gryzinski 19 set 2019, 09h51

“Francamente, a diferença entre Benny Gantz e Bibi Netanyahu é a mesma que tem entre Pepsi- Cola e Coca-Cola.”

Além do nome complicado para quem fala inglês e da inexistência de algo tão vulgar quanto votos, o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, não foi original.

A comparação é comum entre palestinos, quando querem dizer que nenhum líder israelense jamais dará tudo o que querem: independência total, Jerusalém inteira e retorno dos descendentes dos refugiados de 1948.

Mas Shtayyeh não deixa de estar certo em vários aspectos. As diferenças entre os dois Benjamins, cada qual com seu apelido, são grandes em matéria de política interna.

Na verdade, ambos estavam praticamente no mesmo lugar quando Netanyahu escolheu Gantz para ser o chefe do Estado-Maior. Com palavras elogiosas, claro.

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Ambos são descendentes de judeus europeus, levam vidas ao estilo laico, formaram-se na exigentíssima escola da vida militar em Israel e são durões em matéria de segurança.

Nos últimos anos, Benjamin Netanyahu, que agora concordou em discutir um governo de união nacional, foi indo para uma direita inflexível, sem o jogo de cintura que a política israelense exige.

Chegou ao ponto de hostilizar aliados de partidos menores, tão ou mais à direita que o Likud. Ficou dependente demais dos partidos ultrarreligiosos.

Isso levou à ruptura de Avigdor Lieberman, quase à direita de Gêngis Khan, mas, como líder do partido dos “russos”, refratário às concessões sucessivas aos ultraortodoxos.

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O racha provou a nova eleição. A situação de quase empate se inverteu: o Azul e Branco de Gantz elegeu 33 deputados, o Likud de Netanyahu, 32.

Os dois blocos, de centro-direita e de centro-esquerda, têm exatamente 56 deputados. Juntos, Azul e Branco e Likud teriam mais do que os 61 deputados necessários para a maioria no Parlamento.

Sem contar o apoio de Lieberman, o autor da proposta, que está se sentindo o rei do borscht depois que seu partido elegeu 8 deputados.

É possível imaginar um governo em que duas personalidades tão dominantes, sendo uma delas Bibi Netanyahu (que já acumulou as pastas da Defesa e das Relações Exteriores, sendo impedido de ter outras por motivos externos)?

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O fato de não ter saído como o mais votado, embora o resultado seja um dos melhores de sua longa carreira, não impediu Bibi de continuar trolando o Azul e Branco.

O pior ataque é quando diz que, para conseguir formar um governo, Gantz teria que contar com o apoio da Lista Conjunta, a frente dos partidos representantes dos israelenses árabes (que também vivem brigando, mas isso é para outra hora).

“Só existem duas opções: um governo chefiado por mim ou um governo perigoso aliado aos partidos árabes antissionistas”, ameaçou Bibi.

A tática do Azul e Branco é fazer alianças com quem for necessário. Menos Netanyahu. Gantz é um novato na política, o que ficou claro durante as duas campanhas desse ano.

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Como paraquedista que já fez de tudo, do Líbano a Gaza, passando pela Etiópia, onde integrou a unidade terrestre enviada para garantir a “ponte-aérea” que levou para Israel 14 mil etíopes adeptos do judaísmo, tem apoio entre a cúpula dos militares.

Está sendo processado pelo Tribunal Criminal Internacional de Haia por crimes de guerra devido ao último conflito em Gaza, o de 2014.

O general motoqueiro, que cruzou os Estados Unidos sobre duas rodas quando foi adido militar em Washington, gosta de contar o que ouviu de sua mãe, judia húngara sobrevivente de Bergen-Belsen, no auge da campanha de Gaza: “Continue a luta, mas não pare de mandar comida para eles.”

Pode ser que aceite negociar com Bibi, mesmo depois da rejeição a uma fórmula em que ele continuaria a ser primeiro-ministro.

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Se acertarem um sistema rotativo, com cada um se alternando, não será a primeira vez em que isso acontece.

Será, obviamente, um casamento de conveniência, com alto índice de desconforto para as duas partes e baixa expectativa de vida.

Se não se entenderem ou não conseguirem negociar blocos majoritários separados, haverá mais eleições.

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