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Até Meghan Markle se mete na questão da licença remunerada nos EUA

Quem tem filho ou fica doente não recebe necessariamente o pagamento integral - e o tema está pegando fogo no Senado americano

Por Vilma Gryzinski 5 nov 2021, 07h37

“Alô, aqui é Meghan, a duquesa de Sussex”. Com uma introdução dessas, poucos se negam a atender. Foi assim que Meghan Markle, a mulher politicamente antenada do príncipe Harry da Inglaterra, conseguiu acesso a duas senadoras republicanas, Susan Collins e Shelley Moore Capito, para pedir votos no superpacote de projetos sociais que está em discussão no Senado americano, principalmente no que se refere à licença maternidade remunerada.

“Fiquei feliz em falar com ela, mas estou mais interessada em ouvir o que o povo do Maine tem a dizer”, esnobou a senadora Collins.

A duquesa que levou seu príncipe para morar na Califórnia cultiva um perfil pronunciado de ativista social, parte de um grande projeto que ela e o marido montaram para estabelecer a imagem de personalidades filantrópicas – e também ganhar dinheiro, claro; só o pacote que o casal assinou com a Netflix é calculada em muitas dezenas de milhões de dólares.

É provável que Meghan, uma ex-atriz com dom para falar em público, também sonhe com uma carreira política. Ambição faz parte do sonho americano.

Nesse caso, precisaria engrossar bem o couro. A briga de foice atualmente na política americana está brava. Dois senadores democratas, Joe Manchin e Kyrsten Sinema, estão bloqueando o pacote de benefícios sociais proposto por Joe Biden, basicamente por causa do argumento da responsabilidade fiscal.

O pacote já foi cortado pela metade, de 3,5 trilhões para 1,75, mas continua travado.

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Em represália aos colegas moderados, e na tentativa de chantageá-los, a ala mais à esquerda do partido está bloqueando na Assembléia a votação de outro pacote estonteante, o de 1 trilhão de dólares para obras de infraestrutura, que já passou no Senado, inclusive com o voto de um punhado de senadores republicanos.

A licença remunerada por motivo de doença e maternidade chegou a ser tirada do pacote social, mas voltou pela porta dos fundos. Manchin já disse que concordaria com o programa, desde que fosse financiado por um aumento na contribuição social tanto de empregados quanto de empregadores.

Certamente vão aumentar os ataques que ele e Kyrsten Sinema estão sofrendo, acusados de traidores das causas populares, em geral, e das mães, em particular.

Muita gente se espanta em saber que não existe  um sistema nacional de licença remunerada nos Estados Unidos, embora nove estados os tenham instaurado. Individualmente, as empresas também podem oferecer o benefício.

Pelo novo pacote, ainda em discussão, a licença remunerada seria modesta: quatro semanas, das doze do projeto original. Nada que se compare aos 480 dias que mães e pais da Suécia podem dividir entre si, como quiserem, quando têm filhos.

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A Suécia é um país de apenas 10 milhões de habitantes e altíssima coesão em torno do estado de bem-estar social, bancado por um igualitarismo que chegar a tolher a livre iniciativa e impostos altos – a alíquota alcançou  61% em 1996 e foi sendo reduzida depois que resultou numa debandada de cidadãos mais voltados para o empreendedorismo. De que adianta conseguir ganhar muito, se tanto vai para os cofres públicos?

Nos Estados Unidos, a cultura é diferente – e a pergunta também: de que adianta espalhar muitos benefícios, se o resultado acaba inibindo o espírito animal que move a economia e cria riquezas?

É claro que os dois movimentos são periodicamente recalibradas pelas sociedades avançadas (onde o abuso de recursos públicos e a existência de castas com privilégios absurdos nem é um problema).

Países desenvolvidos como o Reino Unido e a Suíça também são bem econômicos em matéria de licença remunerada (e outras economia pequenas, como Estônia, Bulgária e Lituânia, ocupam o topo da lista do benefício).

“Acho que patrões e empregados deveriam participar”, insistiu Manchin, um político moderado de gestos tranquilos que virou o bicho-papão das alas progressistas de seu próprio partido. “Existem estados que fazem isso e países que fazem isso. Parece que funciona e não sobrecarrega nenhuma das partes”.

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Criar fundos para bancar novos gastos não é uma ideia tão original assim, mas provoca debates em qualquer lugar. Seria interessante ouvir o que Meghan Markle tem a dizer a respeito. Será que ela também é a favor de furar o teto?

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