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Por Vilma Gryzinski
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Adivinhem só por que o Instagram quer tirar o like do povão

Para ajudar os coitadinhos dos viciados em redes sociais? Lembrem-se que os gigantes digitais odeiam como nós, os anões, usamos suas invenções

Por Vilma Gryzinski 18 jul 2019, 15h11

Primeiro, foi o ABC: Austrália, Brasil e Canadá. O planejado é que a proibição dos likes no Instagram continue a se expandir. Nova Zelândia, Japão, Irlanda e Itália.

Vai dar um certo trabalho para que o império de Mark Zuckerberg finalmente aperte a pinça sobre o alvo final, os Estados Unidos.

Até lá, já existirão umas 480 mil maneiras de burlar a proibição, subrepticiamente introduzida em nome de evitar bullying, depressão, adição e outros males associados ao vício de viver a vida através da vicariedade das redes sociais.

Zuck e suas legiões de gênios poderiam fazer alguma coisa menos invasiva? Talvez aplicar um limite de idade ao acesso, para proteger adolescentes influenciáveis – ou seja, todos?

Por que não fazer a maior e melhor campanha de todos os tempos, do tipo que só o Senhor das Redes Sociais conseguiria, sobre os males da maconha, muito mais perigosa do que o Instagram para psiques juvenis?

Podem esperar sentados na frente de suas contas, roendo as unhas de frustração porque os outros não podem ver quantas pessoas estão curtindo ou não seus posts. Se os outros não veem, obviamente a coisa não existe.

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Aliás, muito antes que o ukase, o antigo édito imperial russo, fosse baixado sobre os likes, muitos usuários do Instagram já reclamavam que não podiam dar likes e, adivinhem só, Donald Trump e seu filho Don Jr (a imagem acima foi postada por ele e curtida por um bocado de gente).

Trump virou um convertido tardio e matador às redes sociais, naturalmente propícias a seu estilo anárquico.

O sucesso na manipulação das redes durante a campanha presidencial, um campo em que absolutamente tudo é manipulado, deixou os criadores em pânico com suas criaturas.

Cidadãos comuns entraram em massa no jogo, enfrentando as regras limpas e as sujas: boatos, exageros, invenções, baixarias, maldades, crueldades, fatos falsos como notas de três sestércios.

Agentes russos de contrainformação também pegaram firme na “plantação” de informações inventadas com o objetivo de espalhar a cizânia. Aliás, faz mais de um século que, seja qual for o regime, os russos são clinicamente formidáveis nisso.

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MIL PALAVRAS

Nesse caldeirão geral, a tigrada teve acesso a argumentações e discussões que não apareciam nos “outros lugares”, nos meios mais convencionais orientados para as coberturas homogeneizadas, sempre saindo das mesmas fontes e chegando às mesmas conclusões.

Fulano não vai ganhar nunca a eleição, fulano tem probabilidade perto de zero de ser eleito, fulano está dois milhões de pontos atrás de todos os concorrentes, fulano sai enfraquecido da pesquisa que mostra aumento de eleitores.

Nossa, fulano ganhou.

Bom, então agora tem que sair das redes sociais. Ter comportamento presidencial. Falar a todos os cidadãos, sem distinção entre quem votou nele e quem não votou. Usar uma linguagem digna. Não tuítar de madrugada nem em nenhum outro horário.

Obviamente, Trump não fez nada disso.

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Sua arma preferencial é o Twitter, mas também fala através daquelas que “valem por mil palavras”. Ou por quatro milhões de likes, seu recorde no Instagram.

Atingiu-o com a repostagem das cenas em que um policial vê a bandeira americana, colocada numa parede comemorativa, tocando o chão. Tenta arrumar, o problema continua. Com precisão militar, retira a bandeira e a enrola no mastro. A música grandiosa acrescentada criou uma cena de patriotismo animal. No bom sentido.

Donald Trump nem é o político com mais seguidores no Instagram. Com 10 milhões, fica em terceiro lugar, depois e do indiano Modi (14,8 milhões) e do presidente indonésio Joko Widodo (12,4).

Abaixo de Trump: papa Francisco, rainha Rania da Jordânia, o turco Recep Taypp Erdogan, Casa Branca, Família Real (britânica, evidentemente), xeque Mohammed al Maktoum (o de Dubai, enrolado atualmente no divórcio litigioso com a quarta esposa) e Dimitri Medvedev, o primeiro-ministro do qual só os russos se lembram.

Dá para desconfiar um pouco que talvez alguns comprem seguidores?

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“PUREZA” CONTAMINADA

O Instagram, principalmente o Instagram Stories, é uma arma política soft: só imagens bacanas em que os sujeitos aparecem em situações positivas, sem aquela amolação da turma que critica, reclama e vaia.

Em termos comerciais, é uma arma de destruição em massa – ou de produção de dinheiro. A mais bem paga estrela do Instagram do momento, Kylie Jenner, ganha um milhão de dólares cada vez que aparece com um produto estrategicamente colocado.

A cantora Selena Gomez, que tem o número recorde de seguidores (133 milhões em 2018, sendo agora ameaçada por Ariana Grande), leva 800 mil dólares. Cristiano Ronaldo, 750 mil. Kim Kardashian, orgulhosa da irmã caçula Kylie, leva um pouquinho menos: 720 mil.

Neymar estava em oitavo lugar da lista, com 600 mil dólares.

Só o Youtube gera mais dinheiro do que o Insta.

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Não é nada difícil entender por que tanta gente sonha em ser “influencer”, mesmo sem atingir as alturas – ou as curvas – do clã Kardashian/Jenner, as irmãs que se transformaram na imagem do poder das redes sociais e das transformações corporais.

Só uma imagem de Kylie, de pernas cruzadas na borda elevada de uma piscina, usando apenas um chapéu de palha do tamanho de um guarda-sol (Jacquemus) teve 10,9 milhões de likes.

O Instagram teve um nascimento clássico, gestado por dois nerds de nomes enrolados, Kevin Systrom e Mark Krieger. Como tudo o que existe no mundo é comprado por Mark Zuckerberg ou Jeff Bezos, caíram no primeiro caso.

E como todo mundo que trabalha com Zuckerberg, saíram brigados, depois de alguns anos tentando salvar a “pureza” do Instagram da contaminação pelo Facebook.

Talvez se reconciliem agora que Zuckerberg quer salvar as criancinhas cortando os likes do povão.

Durante a campanha presidencial brasileira, o Facebook montou um “conselho de guerra” para interceptar boatos e Zuck sabe que outras coisas considerasse impróprias para a massa ignara. O responsável se declarou “encantado com a eficiência” do negócio.

Praticamente todas as principais publicações estrangeiras ficaram de queixo caído com o resultado e com o tamanho da influência do WhatsApp. Não tinham seguido os likes do Insta.

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