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Adivinhem de quem será sugado o custo brutal da pandemia

Novos impostos já estão sendo insinuados para cobrir o rombo dos gastos exorbitantes para impedir derrocada maior ainda da economia

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 14 Maio 2020, 07h54 - Publicado em 14 Maio 2020, 07h35

O coronavírus é novo, mas o dilema é antigo: o dinheiro que sai dos cofres públicos não brota lá dentro e a conta uma hora chega, sob a forma de mais impostos ou derretimento de economias empurradas para a insustentabilidade.

E como se gastou – e continua a se gastar, numa emergência sem paralelos.

Sejam mais à direita ou à esquerda, governos europeus já estão pensando no tamanho do rombo e como será coberto.

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À exceção da Alemanha – mais uma vez nessa crise infernal. “Até o presente momento, não estão sendo planejados aumentos de impostos ou de contribuições”, disse a primeira-ministra Angela Merkel.

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Para quem está percebendo o tamanho da encrenca, são talvez as palavras mais doces que possam ser ouvidas, à exceção da frase mais esperada do planeta: ”Encontraram a vacina”.

Note-se, porém, o cuidado na formulação da primeira-ministra.

A França está cautelosamente em cima do muro. No mundo AC, o governo de Emmanuel Macron queria justamente destravar a economia, atravancada, entre outras causas, por taxações que desincentivam os que querem empreender. Ou queriam – o mundo DC é outro.

Na Inglaterra, o ministro da Economia, Rishi Sunak, fez dois movimentos em direções opostas. Primeiro, anunciou que o governo está prorrogando até outubro o caríssimo programa para bancar até 80% dos salários de funcionários de empresas congeladas pela pandemia.

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Ao mesmo tempo, vazou as opções para bancar o rombo. Nenhuma delas, claro, é agradável. Congelamento de dois anos na folha dos funcionários públicos, aumento da contribuição social dos autônomos, diminuição de faixa dos isentos de imposto de renda, rearranjo no sistema que garante o reajuste de aposentadorias sempre pelo índice mais favorável.

Aumentar tributos no meio da maior recessão dos últimos 300 anos – o reino tem história para fazer esse tipo de comparação – é de doer.

Mas a alternativa é deixar a coisa explodir, com recessão e inflação dançando um tango sinistro, ao estilo Argentina, onde a economia já estava descontrolada e o calote era inevitável antes da pandemia (quando Mauricio Macri perdeu estrondosamente a reeleição, o dólar batia em 60 pesos; chegou agora a 127). 

Em economias organizadas, mesmo com uma crise como a atual, não dá. A “conta do corona” já bateu nos 400 bilhões de dólares para os cofres britânicos – e vai continuar aumentando. 

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São 7,5 milhões de assalariados bancados por um governo conservador que assumiu praticamente junto com o início da epidemia na China com um mantra: não queria nem ouvir aquela palavra que começa com A, referência à austeridade que vigorou nos anos pós-crise de 2008, muito menos aumentar impostos.

O único problema foram os fatos. Se um governo conservador contraria seus instintos e parte para o aumento de tributos, imaginem os outros.

Na Espanha, o Podemos, parceiro mais à esquerda da coalizão de governo, aproveitou o momento de emergência para promover uma causa tradicional da esquerda: aumento de taxação sobre riqueza.

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A proposta apresentada por Pablo Iglesias é de criação de um novo imposto progressivo sobre patrimônios acima de 1 milhão de euros. Não é difícil imaginar como acaba esse filme, mas o momento de emergência é perfeito para manobras assim.

Exatamente para atender a ala mais à esquerda, o Partido Democrata, que tem maioria na Câmara, apresentou um projeto de lei que prevê alucinantes 3,3 trilhões de dólares a serem distribuídos com largueza para governos estaduais, ONGs e uma infinidade de causas chamadas progressistas.

Isso acrescentado aos 3 trilhões que o governo já gastou para segurar falências e desemprego, fora os gastos com a epidemia. O déficit está na casa de 1,5 trilhão.

As chances são poucas para o pacote de bondades da oposição democrata prosperar, mas dão uma ideia de como tantos estão querendo pegar carona na pandemia para emplacar projetos inimagináveis no mundo AC, como renda mínima para todos os americanos.

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Na pandemia de Gripe Espanhola – três ondas, de janeiro de 1918 a dezembro de 1920 – , tão comparada à atual, a economia continuou funcionando enquanto até 50 milhões de pessoas morriam. Agora, é o contrário: estamos chegando em 300 mil mortes, mas a paralisia foi ou está sendo muito maior.

É claro que a gripe mortífera, que introduziu o uso de máscaras e até de máquinas de filtragem de ar como na foto acima, também atingiu a economia.

“Em algumas partes do país, ela causou uma queda na produção de aproximadamente 50% e em praticamente todas as outras causou mais ou menos retrações”, escreveu o Wall Street Journal em outubro de 1918.

Hoje, o Wall Street parece um jornal de obituários tamanhas as calamidades que retrata, embora o jornal continue apostando numa recuperação rápida da economia americana depois do maior teste de stress de todos os tempos.

Tradicionalmente, governos mais à direita cortam impostos, como Donald Trump fez em grande escala, contando insuflar assim as atividades econômicas e aumentar empregos, e os mais à esquerda aumentam gastos sociais e vão buscar recursos no bolso dos contribuintes.

Mas é desse bolso que todos vivem, em tempos de calmaria, de crise ou de eventos excepcionais como a praga infernal como a que está destruindo a riqueza das nações.

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