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A queda: os últimos e melancólicos dias de Donald Trump na Casa Branca

Impichado, sem Twitter, sem amigos, sem conta no banco e possivelmente sem futuro promissor, o presidente é sugado pelo buraco negro que criou

Por Vilma Gryzinski 13 jan 2021, 08h17

O mundo de Donald Trump caiu. Até o banco que tem nele um cliente preciosíssimo – 340 milhões de dólares de dívida na pessoa jurídica – cortou relações. 

Os dois gerentes que administravam seu patrimônio no Deutsche Bank foram demitidos. Envolvido em operações nebulosas no passado e, mais recentemente, nas acusações não comprovadas de cumplicidade de Trump com a Rússia, o Deutsche não quer mais saber das Organizações Trump. 

O Signature Bank, que cuidava de ativos pessoais dele e da família, fechou duas contas de Trump, no total de 5,3 milhões de dólares, e comunicou: “Acreditamos que a ação apropriada seria a renúncia do presidente dos Estados Unidos”.

Bill Belichik, gênio do futebol americano e dos seis campeonatos ganhos pelo Patriots, recusou a Medalha da Liberdade que receberia de Trump para festejar uma relação que ruiu com os acontecimentos da última quarta-feira.

Depois deles, “foi tomada uma decisão de não ir adiante com a premiação”.

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“Acima de tudo, sou um cidadão americano com grande reverência pelos valores de nossa nação, liberdade e democracia”.

A porta na cara deve ter sido uma das mais dolorosas. Trump se jactava do apoio de Belichik e de seu ex-pupilo, Tom Brady, o marido de Gisele Bündchen que em algum momento ele sonhou ver casado com Ivanka.

Ver inimigos pedindo sangue é uma coisa, perder amigos é diferente.

Não vai demorar para Trump protagonizar as sempre parodiadas cenas de A Queda, o filme formidável sobre os últimos dias de Hitler no bunker de Berlim.

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O site Politico reconstituiu momentos de abandono geral do navio, com Trump cercado apenas dos mais fieis entre os fieis, como Rudy Giuliani, e sem se preocupar em montar uma equipe de advogados como fez no seu primeiro impeachment.

O gabinete encolheu, com as renúncias das duas ministras, Eunice Chao, a secretária dos Transportes casada com o “traidor” Mitch McConnell, o presidente do Senado que resistiu ao golpe de mão, e Betsy DeVos, secretária da Educação e milionária, além do interino do Departamento de Segurança Interna.

O próprio McConnell, através de “fontes”, disse ao New York Times que não vai apoiar o impeachment, proposto pela Câmara, mas o processo facilitará que Trump seja eventualmente expurgado do Partido Republicano,

Em tempos normais, o clima de fim de governo já seria melancólico. Nos tempos anormais vividos atualmente, a coisa está mais parecida com um Titanic político, sem orquestra tocando ao fundo.

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Segundo o Politico, desde que foi cassado pelo Twitter, Trump passa mais tempo ao telefone “falando com as mesmas pessoas”.

Tudo o que se refere a tarefas rotineiras de governo está parado. O vice-presidente Mike Pence presidiu uma reunião do comitê do corona e falou com Trump, mas ainda não vazou se fizeram as pazes. 

Pence se rebelou contra a contestação à última formalidade de reconhecimento da eleição de Joe Biden e foi trucidado por Trump. “Você pode entrar para a história como um patriota ou como um maricas”, ouviu do presidente, segundo o New York Times.

“Depois de tudo que fiz por ele…”, reclamou Pence a um interlocutor na quarta-feira que mudou tanta coisa nos Estados Unidos.

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O vice-presidente teve uma das atuações mais importantes durante as horas caóticas em que a multidão trumpista tomou o Congresso, tanto para interceder por mais policiamento quanto para, em seguida, reinstalar a sessão de votação da certificação de Biden, contribuindo para a vitória da ordem democrática.

Trump, em compensação, ficou paralisado na frente da televisão, distante dos telefonemas desesperados. O senador Lindsey Graham ligou para Ivanka Trump pedindo ajuda.

Graham foi um dos republicanos que identificaram imediatamente o tamanho do problema criado por um assalto da turba ao Congresso. Corajosamente, resistiu às intimidações. Resultado: trumpistas mais exaltados passaram a ofendê-lo por presumida opção sexual, uma canalhice antes exclusiva de adversários democratas.

Outros entraram em contato com o marido de Ivanka, Jared Kushner, que estava voltando de uma viagem ao Oriente Médio. 

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Filha e genro são considerados vozes racionais no universo Trump e estavam há semanas tentando convencer Trump a aceitar a derrota eleitoral. 

Durante as quatro horas em que uma multidão de partidários tomou de assalto o prédio do Congresso americano, Donald Trump ficou trancado na frente da televisão.

Setenta pessoas da turba que invadiu o Capitólio, um prédio marcante pela cúpula neoclássica e pelo caráter icônico, só perdendo para a Estátua da Liberdade como símbolo dos Estados Unidos, já foram detidas. 

No total, 170 foram identificadas, em geral por fotos e vídeos que os próprios invasores postaram, convencidos de que não estavam fazendo nada de errado; ao contrário, estavam numa missão patriótica. 

O processo continua. Muitos dos trumpistas verão da cadeia o presidente em quem tanto acreditaram iniciar, desmoralizado e rejeitado, uma etapa pós-Casa Branca em que não é impossível que venha a ser, via processos na justiça criminal, um futuro companheiro de privação de liberdade.

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