Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A foto é fake, mas o mistério continua: onde está Kim Jong-un?

A montagem tosca mostrando o desaparecido numa urna de vidro já se infiltrou na Coreia do Norte e aumenta pressão para que ele apareça

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 29 abr 2020, 09h10 - Publicado em 29 abr 2020, 06h45

Morreu, está em coma, está com gota, está fugindo do coronavírus. Estas são as hipóteses sobre o sumiço público do bizarro, mas esperto líder hereditário de um país que funciona como uma espécie de seita.

Ou então Kim Jong-un está aprontando alguma outra coisa.

ASSINE VEJA

Coronavírus: uma nova esperança
Coronavírus: uma nova esperança A aposta no antiviral que já traz ótimos resultados contra a Covid-19, a pandemia eleitoral em Brasília e os fiéis de Bolsonaro. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine

De qualquer maneira, a boataria voltou a ser forte.

“Eu sei como ele está, relativamente falando. Mas não posso falar sobre isso agora”, disse Donald Trump, para aumentar o enigma.

Pode ser um trumpismo aleatório, pode ser um indício de que foi um tanto precipitada a montagem em que Kim Jong-un aparece embalsamado, como uma versão surreal de uma Branca de Neve dos infernos.

A foto fake foi baseada na imagem real de Kim Jong-Il, o líder número dois da dinastia vermelha, que morreu de enfarto em 2011, legando o poder para o filho, na época com 28 anos e reputação de bon vivant.

Continua após a publicidade

As cenas das grandiosas cerimônias fúnebres, onde era estritamente vigiado o nível de choro do “povo” – as multidões selecionadas para prantear o Estimado Líder -, demonstraram ao mundo o nível absurdamente coreografado do exercício do poder na Coreia do Norte.

A morte de Kim Jong-Il demorou 51 horas para ser confirmada. Depois do anúncio, pela televisão, da famosa apresentadora, em prantos, foi informada a formação do comitê encarregado dos rituais fúnebres: tinha 232 nomes. 

O primeirão era o do filho. Nenhuma dúvida, portanto, sobre a sucessão.

É este constante teatro do absurdo, encravado na própria natureza do regime, que levanta suspeitas quando alguma peça sai do lugar.

Embora mantenha o método de aparecer e sumir sem maiores explicações, Kim Jong-un não poderia faltar ao Dia do Sol, 15 de abril, assim denominado para marcar o aniversário do fundador da dinastia, seu avô, Kim Il-Sung. 

Continua após a publicidade

O Eterno Presidente, entre outros títulos grandiloquentes, é tratado como uma figura mítica, uma semidivindade que criou o melhor país do mundo. Dele também emana a legitimidade da dinastia.

Foi a ausência do baby Kim nesse ritual que desencadeou a onda de boataria.

Não é a primeira, obviamente. Muitas são criadas pelos serviços de inteligência da Coreia do Sul – do Japão também. 

Outras, nascem nos computadores de sul-coreanos comuns, fascinados, como o resto do mundo, por um país que parece viver numa realidade paralela, criada por uma formidável máquina de propaganda, com seus líderes de ópera bufa armados com mísseis nucleares.

Entre a juventude moderninha, tanto Kim Jong-Il quanto seu filho viraram até figuras cult, com cortes de cabelo imitados como se fossem uma das muitas bandas de Kpop.

Continua após a publicidade

A novidade é que tanto a foto fake de Kim morto quanto um vídeo, igualmente falsificado, de um inexistente canal de televisão japonês noticiando sua passagem para o mundo superior furaram a barreira de isolamento e estão circulando na Coreia do Norte.

Seria motivo suficiente para Kim ser mostrado em alguma das aparições públicas milimetricamente encenadas para exibir poses heroicas e ao mesmo tempo “simpáticas”.

Outro motivo: a especulação sobre a ascensão de sua irmã, a jovem e linda  Kim Yo-Jong. Como numa réplica barata e maluca do império romano, a família sabe que os maiores inimigos circulam sobre o mesmo teto.

O próprio Kim Jong-un foi criado pelo pai longe do avô, como uma forma de proteção. E todo mundo sabe o que aconteceu com o tio que supostamente havia conspirado contra Kim.

Fuzilado, devorado por cães famintos como em Game of Thrones, explodido por um míssil, seja lá o que aconteceu, o infeliz nunca mais foi visto.

Continua após a publicidade

No mundo bizarro da dinastia Kim, não só não existe um único caso de Covid-19 no país e tudo continua a funcionar maravilhosamente. 

Os alimentos não só são abundantes como até caíram de preço, segundo cenas filmadas pela televisão norte-coreana num supermercado de dar inveja aos gigantes americanos.

A boataria sobre a morte ou incapacitação de Kim Jong-Un devido a intercorrências cardíacas – infarto, implantação de stent ou alguma outra variação – foi reforçada quando a agência Reuters reportou o envio de quatro médicos chineses para a Coreia do Norte.

Seguindo a lógica de que não convém deixar boatos assim prosperar, o senador americano Lindsay Graham argumentou: 

Continua após a publicidade

“Eu ficaria surpreso se ele não estivesse morto ou incapacitado porque não se deve deixar rumores desse tipo ter vida longa numa sociedade fechada que é na verdade uma seita, não um país”.

O problema é que Graham segue a lógica comum, não a dominante na Coreia do Norte.

O jovem Kim pode estar preparando um reaparecimento triunfal, pode ter se isolado de uma doença para a qual tem fatores de risco – obesidade, inclusive -, pode estar tramando como tirar vantagem de um momento de alta instabilidade geopolítica por causa da pandemia.

Vivo ou já transportado para a montanha onde os semideuses da família velam pelo país depois da morte, vai ter que reaparecer. E a irmã também. Vai ser interessante observar como.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.