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A foto é fake, mas o mistério continua: onde está Kim Jong-un?

A montagem tosca mostrando o desaparecido numa urna de vidro já se infiltrou na Coreia do Norte e aumenta pressão para que ele apareça

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 29 abr 2020, 09h10 - Publicado em 29 abr 2020, 06h45

Morreu, está em coma, está com gota, está fugindo do coronavírus. Estas são as hipóteses sobre o sumiço público do bizarro, mas esperto líder hereditário de um país que funciona como uma espécie de seita.

Ou então Kim Jong-un está aprontando alguma outra coisa.

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De qualquer maneira, a boataria voltou a ser forte.

“Eu sei como ele está, relativamente falando. Mas não posso falar sobre isso agora”, disse Donald Trump, para aumentar o enigma.

Pode ser um trumpismo aleatório, pode ser um indício de que foi um tanto precipitada a montagem em que Kim Jong-un aparece embalsamado, como uma versão surreal de uma Branca de Neve dos infernos.

A foto fake foi baseada na imagem real de Kim Jong-Il, o líder número dois da dinastia vermelha, que morreu de enfarto em 2011, legando o poder para o filho, na época com 28 anos e reputação de bon vivant.

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As cenas das grandiosas cerimônias fúnebres, onde era estritamente vigiado o nível de choro do “povo” – as multidões selecionadas para prantear o Estimado Líder -, demonstraram ao mundo o nível absurdamente coreografado do exercício do poder na Coreia do Norte.

A morte de Kim Jong-Il demorou 51 horas para ser confirmada. Depois do anúncio, pela televisão, da famosa apresentadora, em prantos, foi informada a formação do comitê encarregado dos rituais fúnebres: tinha 232 nomes. 

O primeirão era o do filho. Nenhuma dúvida, portanto, sobre a sucessão.

É este constante teatro do absurdo, encravado na própria natureza do regime, que levanta suspeitas quando alguma peça sai do lugar.

Embora mantenha o método de aparecer e sumir sem maiores explicações, Kim Jong-un não poderia faltar ao Dia do Sol, 15 de abril, assim denominado para marcar o aniversário do fundador da dinastia, seu avô, Kim Il-Sung. 

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O Eterno Presidente, entre outros títulos grandiloquentes, é tratado como uma figura mítica, uma semidivindade que criou o melhor país do mundo. Dele também emana a legitimidade da dinastia.

Foi a ausência do baby Kim nesse ritual que desencadeou a onda de boataria.

Não é a primeira, obviamente. Muitas são criadas pelos serviços de inteligência da Coreia do Sul – do Japão também. 

Outras, nascem nos computadores de sul-coreanos comuns, fascinados, como o resto do mundo, por um país que parece viver numa realidade paralela, criada por uma formidável máquina de propaganda, com seus líderes de ópera bufa armados com mísseis nucleares.

Entre a juventude moderninha, tanto Kim Jong-Il quanto seu filho viraram até figuras cult, com cortes de cabelo imitados como se fossem uma das muitas bandas de Kpop.

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A novidade é que tanto a foto fake de Kim morto quanto um vídeo, igualmente falsificado, de um inexistente canal de televisão japonês noticiando sua passagem para o mundo superior furaram a barreira de isolamento e estão circulando na Coreia do Norte.

Seria motivo suficiente para Kim ser mostrado em alguma das aparições públicas milimetricamente encenadas para exibir poses heroicas e ao mesmo tempo “simpáticas”.

Outro motivo: a especulação sobre a ascensão de sua irmã, a jovem e linda  Kim Yo-Jong. Como numa réplica barata e maluca do império romano, a família sabe que os maiores inimigos circulam sobre o mesmo teto.

O próprio Kim Jong-un foi criado pelo pai longe do avô, como uma forma de proteção. E todo mundo sabe o que aconteceu com o tio que supostamente havia conspirado contra Kim.

Fuzilado, devorado por cães famintos como em Game of Thrones, explodido por um míssil, seja lá o que aconteceu, o infeliz nunca mais foi visto.

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No mundo bizarro da dinastia Kim, não só não existe um único caso de Covid-19 no país e tudo continua a funcionar maravilhosamente. 

Os alimentos não só são abundantes como até caíram de preço, segundo cenas filmadas pela televisão norte-coreana num supermercado de dar inveja aos gigantes americanos.

A boataria sobre a morte ou incapacitação de Kim Jong-Un devido a intercorrências cardíacas – infarto, implantação de stent ou alguma outra variação – foi reforçada quando a agência Reuters reportou o envio de quatro médicos chineses para a Coreia do Norte.

Seguindo a lógica de que não convém deixar boatos assim prosperar, o senador americano Lindsay Graham argumentou: 

“Eu ficaria surpreso se ele não estivesse morto ou incapacitado porque não se deve deixar rumores desse tipo ter vida longa numa sociedade fechada que é na verdade uma seita, não um país”.

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O problema é que Graham segue a lógica comum, não a dominante na Coreia do Norte.

O jovem Kim pode estar preparando um reaparecimento triunfal, pode ter se isolado de uma doença para a qual tem fatores de risco – obesidade, inclusive -, pode estar tramando como tirar vantagem de um momento de alta instabilidade geopolítica por causa da pandemia.

Vivo ou já transportado para a montanha onde os semideuses da família velam pelo país depois da morte, vai ter que reaparecer. E a irmã também. Vai ser interessante observar como.

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