Toda vez que vou viajar de avião e me deparo com a cena me assusto, não tem jeito.

Apesar de já fazer mais de dez anos que é proibido carregar na bagagem de mão líquidos em recipientes com mais de 100 ml, basta chegar na área de raio-x de qualquer aeroporto do mundo que o cenário é sempre o mesmo.

Dezenas e dezenas de garrafinhas de plástico, a maioria delas de água e ainda cheias, entopem os cestos de lixo ou se enfileiram onde houver espaço. É muito desperdício e muita falta de atenção dos passageiros, afinal de contas, a esta altura do campeonato, quem viaja de avião já deveria saber das restrições para bagagens de mão. Ou, se não sabe, deveria se informar antes de chegar ao tal do raio-x. Mas isso já é assunto para outro post.

Voltando ao número absurdo de garrafinhas de plástico, que depois muito provavelmente vão poluir nossos oceanos em algum canto, de uns tempos para cá, a maioria dos grandes aeroportos dos EUA começou a adotar um sistema para tentar evitar este desperdício.

Como muita gente quer levar uma garrafa de água a bordo do seu voo, eles instalaram espécies de bebedouros especialmente desenhados para encher garrafas, sejam elas descartáveis ou não (as que preferimos pelo bem do planeta).

Ou seja, o passageiro passa pelo controle de segurança do aeroporto com uma garrafa vazia (de plástico, vidro, alumínio, etc) e depois enche em uma das “estações” como são chamadas. Ah, e ainda economiza uma grana porque comer e beber em aeroporto nunca é barato.

Mas e as que ficaram pelo caminho e não passaram pela segurança? Que fim levam?

Bem, cada aeroporto decide o que fazer com elas.

Em Schiphol, em Amsterdã, o aeroporto que  mais cresce na Europa atualmente, com aumento de 4,8 milhões (7,7%) de passageiros em 2017, a quantidade de garrafinhas plásticas deixadas nos lixos chega a 70 toneladas por ano!! São cerca de 130 mil recolhidas todas as semanas.

Depois de coletadas, elas são levadas a uma máquina que as amassa, separando a água do plástico. A água vai direto para uma estação de tratamento do aeroporto e é reutilizada.

O plástico vai para outra máquina, que tritura as garrafinhas e prepara o material para ser novamente utilizado.

Já o aeroporto de Edinburgo escolheu outra abordagem para os líquidos que ainda estão fechados e não foram consumidos. Pode ser garrafas de água, de bebidas, perfumes ou loções de barbear, eles são recolhidos, separados e doados para o Guide Dogs Scotland, uma entidade que cuida de cães e que depois arrecada fundos com a venda destes produtos.

No aeroporto de Munique, todos os tipos de líquido ou gel são coletados e enviados para um centro de reciclagem, assim como ocorre com os recipientes plásticos.

Já nos EUA, as regras para a reciclagem ou doação de líquidos são mais rígidas. No aeroporto de Los Angeles, por exemplo, os líquidos são divididos por tipo (água, protetor solar, perfume, etc) e transferidos para um centro de reciclagem no próprio local para tratamento e preparação e depois enviados a locais para tratamento de água ou recuperação de energia. Já os líquidos com álcool em geral são enviados a um local onde podem ser queimados e transformados em energia, como para a produção de cimento, por exemplo.

Ou seja, da próxima vez que você for viajar, pense duas vezes antes de levar uma garrafinha que terá de ir pro lixo ao chegar no raio-x do aeroporto 😉