Você pode até não saber quem é Tammie Jo Shults, mas provavelmente se lembra o que ela fez.

Tammie era a piloto do voo da Southwest do último dia 17 de abril quando a turbina esquerda da aeronave explodiu, quebrou uma janela e sugou uma passageira, que morreria mais tarde.

Ex-piloto de combate da Força Aérea americana, apesar do susto, ela manteve a calma, estabilizou o avião e conseguiu fazer um pouso de emergência na Philadelphia evitando uma tragédia muito pior.

O acidente ganhou destaque no mundo todo, especialmente porque o ato heróico foi cometido por uma mulher.

O que mais chamou a atenção não foi o fato de uma mulher ser capaz de pilotar, com maestria, um avião de combate ou de grande porte, mas sim o de o número de pilotos do sexo feminino ser ainda irrisório em comparação ao do sexo masculino.

Basta parar para pensar. Quantas vezes você sentou num avião e ouviu uma mulher fazer o anúncio de “bem-vindos a bordo, eu sou A comandande fulana…”?

Poucas, né? Honestamente lembro de umas três ou quatro vezes em toda minha “carreira de viajante”. Lembro, inclusive, que me surpreendi na primeira vez que isso aconteceu, num voo da Air France, da São Paulo para Paris.

E os números oficiais corroboram com esta impressão.

De acordo com a International Society of Women Airline Pilots, existem 7.409 mulheres piloto no mundo todo, o que representa apenas 5,18% dos pilotos das 34 principais empresas aéreas do planeta. Nada, né?

Nos EUA, terra de Tammie (foto acima), esta porcentagem é ainda menor. Segundo a Federal Aviation Administration, 4,36% de todos os pilotos do país são mulheres.

Apesar disso, a United é a empresa aérea com maior porcentagem de mulheres piloto de todo o mundo, segundo dados da ISWAP. São 934 pilotos mulheres, o equivalente a 7,4% de todos os pilotos da empresa norte-americana.

A segunda na lista é a alemã Lufthansa, empresa na qual 7% dos pilotos são do sexo feminino. A British Airways ocupa o terceiro posto entre as grandes empresas aéreas mundiais, com 5,9% de mulheres pilotos em seu quadro de funcionários.

Na parte de baixo da tabela, como não poderia ser diferente, aparece a Emirates, com apenas 1,5% de representantes do sexo feminino como pilotos.

Apesar de o Oriente Médio ser famoso por suas empresas aéreas de ótima qualidade, como a própria Emirates, além de Qatar e Etihad, por exemplo, o número de mulheres como pilotos continua muito pequeno.

Em 2016, por exemplo, a Royal Brunei Airlines teve um cockpit 100% feminino em um voo para Jeddah, na Arábia Saudita. Mas, apesar de terem pilotado o avião até lá, a piloto e sua copiloto não puderam dirigir até o hotel em que se hospedaram por conta das rígidas leis do país com as mulheres.

E o Brasil, onde se encaixa neste cenário?

Questionados pelo Modo Avião, as aéreas nacionais divulgaram seu números.

A Azul possui 1.693 pilotos, dos quais 54 são mulheres, o que equivale a 3,1% do total. Já a Gol tem 1.405 pilotos em seu quadro funcional, dos quais 30 são do sexo feminino, ou 2,1%.

A Latam Brasil divulou que dos 1.981 pilotos que voam seus aviões, 29 (ou 1,4%) são mulheres.

A Avianca Brasil não informou a quantidade total de pilotos, apenas disse que são 33 mulheres neste posto. A empresa disse que tem 28% de mulheres no time de liderança, mas sem especificar em que funções.

Apesar de os números serem quase irrisórios, segundo a Anac houve um crescimento de 106% no número de mulheres com licenças ativas na aviação do país. Já é um começo, né?

Se você ficou curioso para saber quais são as aéreas com mais mulheres pilotos no mundo aqui vai uma lista com as principais, com base nos números divulgados pela ISWAP (a tabela completa está aqui)