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‘Tenho medo de viver na Síria’, diz poeta vaiado na Flip

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 22h20 - Publicado em 6 jul 2016, 17h58
PARATY, RJ - 02.07.2016: FLIP-2016 – A jornalista Patrícia Campos Mello e o escritor sírio Abud Said, participam de Mesa 19, durante a 14ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), neste domingo (03) (Foto: Keiny Andrade/Folhapress)

PARATY, RJ – 02.07.2016: FLIP-2016 – A jornalista Patrícia Campos Mello e o escritor sírio Abud Said, participam de Mesa 19, durante a 14ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), neste domingo (03) (Foto: Keiny Andrade/Folhapress)

Maria Carolina Maia

Vaiado em Paraty por se negar a comentar a situação da Síria, a sua terra natal, o poeta Abud Said, hoje radicado em Berlim, admite ter medo de viver no país, que está em guerra há cinco anos. Said, que participa de um bate-papo às 19h desta quarta-feira no Instituto Goethe, em São Paulo, aceitou conceder uma entrevista ao site de VEJA por e-mail. As perguntas foram enviadas ao escritor antes de sua participação na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), onde desagradou parte do público por se declarar “egoísta”, cansado de responder a perguntas sobre a Síria e indisposto a ser voz do país.

No mesmo tom a um só tempo debochado e despretensioso que demonstrou no evento, na entrevista Said rejeita o título de poeta, diz que a fama foi criada pelas pessoas que descobriram seus escritos na internet, hoje reunidos no livro O Cara Mais Esperto do Facebook (editora 34), recém-lançado no Brasil, e se recusa a fazer análises dos versos que escreve.

Em um determinado momento da entrevista, o blog pede que Said comente um post feito às 13h21 de 25 de agosto de 2012.

– Em um texto, você escreve: “Fumando e fazendo uma nuvem de fumaça para que o mundo civilizado veja / que a nossa casa está queimando, e nos envie bombeiros e o resgate”. A internet pode fazer as vezes de nuvem de fumaça e salvar pessoas da guerra?

O sírio se limita a uma resposta curta e grossa:

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– Internet é internet, nada mais. Você só precisa de eletricidade e wifi para tê-la.

Em outro ponto, ele deixa escapar a raiva que impressionou a plateia da Flip, onde vociferou contra jornalistas, intelectuais e ativistas de direitos humanos.

– Em um de seus poemas, você diz: “A revolução / se levantou e o Facebook tomou o seu lugar”. Você acredita que as redes sociais são o canal para a revolução?

– Não mesmo, nada pode representar a revolução verdadeira, nós somos apenas observadores (…), nós não vivemos a vida, somos a p*** de seres culturais, nós devíamos *ashem* da nossa falsa vida.

[A palavra “ashem” vai aqui entre asteriscos porque não existe. É um provável erro de digitação – talvez Said quisesse escrever “shame” ou “ashame” e dizer que nós deveríamos nos envergonhar da vida que levamos.]

Confira abaixo outros trechos da entrevista de Abud Said a VEJA Meus Livros:

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Você vive na Alemanha há mais de um ano, acha que seria possível voltar a viver na Síria? É possível viver na Síria se você não tem medo. Eu tenho medo.

Você acha que teria se tornado poeta se não fosse pela guerra? Eu não sou poeta. Eu apenas escrevi na internet e as pessoas me viram como um.

Como é o clima para os refugiados na Alemanha? Você já sofreu preconceito? Está tudo ótimo.

Há uma grande tradição poética na cultura árabe. Mesmo o Estado Islâmico faz uso da poesia como propaganda. Você conhece a poesia do EI? Boa pergunta. O Estado Islâmico toca em questões da alma em sua poesia, fala de fé, e vai fundo em significados malucos. Na verdade, eles são muito bons com poemas cantados.

Você tem conhecidos que foram cooptados pelo o Estado Islâmico? Outra boa questão 😉 Sim, mas não tenho detalhes nem certeza, apenas ouvi falar.

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