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Nos EUA, Mark Twain sofre censura que enquadrou Lobato

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Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2018, 11h46 - Publicado em 5 jan 2011, 20h02

Nem só na terra da mítica democracia racial se censuram clássicos da literatura por termos julgados preconceituosos. As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain (1835-1910), obras que serão lançadas num único volume nos Estados Unidos em fevereiro, terão seus textos alterados pela editora NewSouth Book. A companhia quer suprimir os termos nigger e injun, considerados sinônimos de teor negativo para negro e índio e, portanto, pedras para leitores e censores escolares politicamente corretos.  Algo semelhante ao que aconteceu no fim de 2010 com Monteiro Lobato, que teve o livro Caçadas de Pedrinho desaconselhado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Em parecer publicado no Diário Oficial da União em outubro, o CNE recriminava a adoção da obra de Lobato por chamar a personagem Tia Nastácia de “negra” e compará-la a uma macaca, como na frase “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”. Como alternativa, o CNE recomendava o uso de Caçadas de Pedrinho apenas por professores que dominassem a história do racismo no Brasil e que pudessem, assim, impedir leituras nocivas por parte de seus alunos.

No caso de Twain, a opção da NewSouth é substituir as expressões tidas como racistas por outras como slave (escravo) e indian (índio) e evitar polêmicas já de saída. Objetivo que, se percebe, não foi atingido: revelada pela publicação especializada Publishers Weekly, a estratégia pôs a editora no centro de uma discussão acalorada e a levou a se justificar. “Em um movimento ousado defendido pelo estudioso de Twain Alan Gribben, substituímos duas palavras dolorosas que aparecem centenas de vezes nos textos do escritor”, diz comunicado da NewSouth. “Isso diminui possibilidade de os livros serem vetados nas listas escolares.”

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Para o curador do prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb, intervir numa obra não é a solução. “Há peças de Shakespeare em que o judeu é apresentado como vilão. Eu sou judeu e não vou deixar de ler Shakespeare por isso”, diz. “É polêmico, mas o caminho não é mutilar uma obra de arte.” Para além da questão artística, ele analisa uma razão histórica: obras como a de Twain e Lobato foram escritas em sociedades caracterizadas por políticas e relações raciais distintas das de hoje. A presença de expressões de teor pejorativo como nigger ou injun, no caso de Twain, revela algo sobre o mundo em que os textos surgiram. Os livros se tornam documentos históricos.

Para além das questões artística e histórica, porém, está em jogo a questão comercial. É aí que a polêmica se inicia. Com jeito de não ter fim.

Maria Carolina Maia

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