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De Hamel: ‘Queria uma loção de barbear com cheiro de biblioteca antiga’

Tido como o maior especialista em manuscritos medievais do mundo, estudioso compartilha com público da Flip sua paixão pela 'biblioteca invisível'

Por Luísa Costa Atualizado em 30 jul 2018, 15h37 - Publicado em 26 jul 2018, 22h45

No início da tarde desta quinta (26), o auditório da Matriz da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) se encheu aos poucos e as pessoas se acomodaram, tímidas, para assistir à mesa do britânico Christopher de Hamel, tido como o maior especialista do mundo em manuscritos medievais. Nascido em Londres, ele trabalhou 25 anos na célebre casa de leilões Sotheby’s catalogando exemplares raros.

O estudioso falou com emoção de um mundo cada vez menos visitado hoje, o das bibliotecas. E mais além: a área de livros raros de grandes bibliotecas nacionais, que, para ele, é como uma “biblioteca invisível”. “Gosto de ver esses jovens que vêm aqui estudar, eles nem imaginam todo esse outro mundo a que eles não têm acesso”, disse, e completou com brincadeira de fazer suspirar os mais bibliófilos: “Queria uma loção de barbear com cheiro de biblioteca antiga”.

Parte desse mundo são os manuscritos, cópias feitas à mão e replicadas durante séculos por copistas. A mesa debateu o último livro do britânico, Manuscritos Notáveis (Companhia das Letras). “Cada capítulo traz uma nova biblioteca e um novo manuscrito que é tratado com o destaque e a distinção de uma celebridade”, ressaltou a historiadora Lilia Schwarcz, mediadora, ao abrir a sessão.


 

Pequenos livros para mulheres

A paixão do autor pelo universo dos livros é mágica como sua explicação de como eram feitas essas cópias, uma a uma, em processo minucioso. “Todo manuscrito é uma cópia de outro manuscrito. Alguém copia, alguém copia a cópia e assim sucessivamente, por centenas, ou milhares, de anos.”

Primeiro, o desenho da página era feito, e inscrita a parte dourada com lâminas de ouro. Ele trouxe uma: mostrou como era leve, fina, e assoprou para a plateia, o ar salpicado de grânulos dourados. A arte era parte fundamental dos livros, e rastrear uma criação é difícil. “Na Idade Média, originalidade não era vista como uma coisa boa. Não se procurava originalidade, mas por habilidade em reproduzir.”

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De Hamel trouxe algumas curiosidades de tais livros que sobreviveram de réplica em réplica, como a revelação de que os primeiros exemplares escritos na língua própria de um país foram feitos para mulheres “porque as mulheres não aprendiam latim”. Trata-se do Livro das Horas, pequeno acumulado de páginas do tamanho de um dedo polegar com uma seleção de salmos a serem lidos ao longo dia.

Cópia fiel

Quando falamos de religião, uma era particularmente flexível com os copistas: a cristã. “Na Torá, no Corão, nenhum podia ter um erro”. Isso significava que, se no rolo de couro utilizado para a torá o copista cometesse um erro, ele era inteiramente descartado. O mesmo acontecia com a base usada para o Corão.

Já em reproduções entre cristãos, alguns copistas ficavam até orgulhosos de fazer correções ou colocar anotações ao lado, contou De Hamel. Mesmo com toda a ornamentação. Afinal, copistas também eram humanos.

O evento

A 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acontece de 25 a 30 de julho em Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro. Com curadoria de Joselia Aguiar, o evento conta neste ano com a participação de André Aciman, autor do livro Me Chame pelo Seu Nome (adaptado ao filme homônimo vencedor do Oscar 2018), o laureado pelo Prêmio Pulitzer Colson Whitehead e a ganhadora do Prêmio Goncourt Leïla Slimani. A escritora homenageada da edição é a polêmica poeta paulista Hilda Hilst.

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