Curador admite mudanças no Jabuti, mas critica Record
Pela primeira vez na Festa Literária Internacional de Pernambuco, a Fliporto, que acontece até segunda-feira em Olinda, o curador do Jabuti, José Luiz Goldfarb, admite mudanças nas regras do prêmio. Diz, no entanto, que eventuais alterações não deverão ser creditadas a Sergio Machado, presidente do grupo Record, que nesta semana ameaçou romper com a premiação […]
Pela primeira vez na Festa Literária Internacional de Pernambuco, a Fliporto, que acontece até segunda-feira em Olinda, o curador do Jabuti, José Luiz Goldfarb, admite mudanças nas regras do prêmio. Diz, no entanto, que eventuais alterações não deverão ser creditadas a Sergio Machado, presidente do grupo Record, que nesta semana ameaçou romper com a premiação caso seu regulamento não seja revisto.
“Não vamos mudar as regras apenas porque o editor perdedor sai por aí gritando”, diz Goldfarb, que classificou como “truculenta” a atitude de Machado. “Se ele estava incomodado com as regras, deveria ter me telefonado, não precisava criar essa celeuma. Mas acho que, se ele tivesse ganhado, acharia que as regras são boas.”
Em carta enviada nesta semana à Câmara Brasileira do Livro (CBL), Machado anuncia sua pretensão de deixar o Jabuti e alega que a vitória de Chico Buarque com Leite Derramado na principal categoria do prêmio, a de Livro do Ano de Ficção, atende a “critérios políticos”, já, que, em sua categoria de origem, a Romance, a obra perdeu para Se Eu Fechar os Olhos Agora, título do jornalista Edney Silvestre editado pela Record.
Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, que publicou Leite Derramado, teria ligado para Goldfarb pedindo uma “resposta com veemência da CBL” ao ataque de Machado. “Ele ficou chateado com a insinuação de favorecimento político do seu autor”, conta o curador.
Segundo Goldfarb, o editor da Record não foi o único a protestar contra as regras do Jabuti, que permitem que um livro não campeão em sua categoria leve o troféu principal. “Tenho recebido muitas mensagens no Twitter, e percebo que o método realmente gera alguma estranheza. Temos um corpo de jurados que elege as três principais obras do ano em cada categoria, criando uma espécie de shortlist de livros de ficção que vai a votação entre os associados da CBL. E, nessa disputa final, os três primeiros colocados de cada grupo competem em pé de igualdade”, explica Goldfarb.
“Uma solução para essa situação pode ser acabar com a hierarquia entre os três vencedores de cada categoria, ordenando-os apenas por ordem alfabética. Vou levar essa questão à próxima reunião da comissão organizadora do Jabuti, em janeiro.”
Maria Carolina Maia