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Camille Paglia vai transformar diva Daniela Mercury em livro

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Por Carol Carvalho
Atualizado em 13 ago 2018, 22h21 - Publicado em 28 Maio 2011, 09h46

A intelectual Camille Paglia não perde uma oportunidade de elogiar a cantora Daniela Mercury. Seja no site do qual é colunista, o Salon.com, em artigos que escreve para jornais e revistas americanas e nos seminários que faz mundo afora. Na última visita ao Brasil, onde palestrou na Editora Abril – que também publica VEJA –, perdeu-se a conta de quantas vezes mencionou a cantora baiana. Camille diz com orgulho que Daniela é o único assunto que tem marcado no seu Google Alerts – atualização que recebe por e-mail com as notícias mais recentes de sua diva. Tamanha admiração está prestes a ser documentada. Em entrevista ao site de VEJA, a intelectual ítalo-americana revelou que pretende escrever dois livros sobre a cantora baiana.

Professora de Ciências Humanas e Estudos de Mídia da Universidade de Nova York e crítica da cultura pop, Camille está em vias de concluir mais um livro, desta vez sobre artes plásticas. Já trabalhando no último capítulo, se sente pronta para dedicar-se a Daniela. Camille Paglia quer apresentar ao mundo os feitos da musa do axé para o Carnaval de Salvador – a cantora clama para si a criação dos camarotes e do percurso Barra-Ondina, o trajeto mais famoso por onde passam os trios elétricos. O segundo tomo vai dizer respeito aos figurinos usados por Daniela em suas apresentações, que Camille considera obras de arte dignas de catálogo, porque compõem um papel importante na cultura popular brasileira.

Convidada por Daniela Mercury há dois anos para participar do Carnaval da Bahia, a intelectual assistiu ao espetáculo de cima do trio, embasbacada. “Pensei ‘isso é incrível’, e veio da imaginação de Daniela criar um percurso com toda aquela natureza, à beira-mar. Os camarotes permitem que as pessoas assistam ao desfile dos trios elétricos como se estivessem num teatro ou numa ópera, olhando por outro ângulo. Você tem a arquitetura, tem diferentes pontos de vista, tem a natureza, essa é uma das obras de arte mais importantes que uma mulher criou, ok?”, diz.

Camille prevê que o próximo trabalho, aquele em que apresentará as realizações de sua musa, seja um livro pequeno, que inclua um breve histórico do litoral baiano recheado de fotografias e mapas. “Quando eu reflito sobre história da arte e o que as mulheres criaram, me pergunto que obra atingiu mais pessoas do que Daniela e seu Carnaval”, teoriza.

A intelectual sugere que seus livros recebam patrocínio do Ministério da Cultura brasileiro, já que divulgarão o país no exterior, mas ainda não entrou com pedido de autorização para captar recursos. Para cumprir o propósito anunciado, avisa que os dois volumes serão bilíngues e devem ser lançados no Brasil e Estados Unidos.

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Beijo gay em novela – Feminista de vida e obra marcadas pela questão sexual e de gênero, Camille também falou de temas polêmicos, sua especialidade. Questionada sobre o primeiro beijo lésbico exibido neste mês em uma telenovela brasileira – Amor e Revolução, do SBT –, ela disse considerar mais importante mostrar a relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo do que o beijo em si. “Muitos homens consideram excitante ver duas mulheres juntas, então, não tenho certeza se existe um significado real até que se mostre uma relação verdadeira, genuína, tratada com igual complexidade das relações heterossexuais.”

E, numa análise sobre o tema, fala que a televisão e o cinema têm um longo caminho a percorrer. Até o ganhador de três Oscars O Segredo de Brokeback Mountain, aclamado por tratar a história de amor entre dois homens, tem falhas graves na opinião de Camille. “Não gostei do filme em diversos sentidos. Foi um grande progresso mostrar homens gays bem machos, em vez de afeminados, mas não concordo com a maneira com que as mulheres foram tratadas. Acho que houve uma intenção de mostrá-las pouco atraentes, e isso é estúpido.”

Personas Sexuais – Durante a palestra realizada na Editora Abril, Camille discorreu sobre Personas Sexuais, livro que a projetou no meio intelectual há vinte anos. Ela defende que os seres humanos são híbridos, divididos entre seus instintos animais e espirituais, e que existe um conflito irreconciliável entre esses dois elementos. E cita epidemias e tragédias climáticas para tratar da relação do homem com a natureza.

“O livro parece estranho, porque estou tentando provocar um choque nos nervos, fazer com que as pessoas de classe média sintam de novo o horror, o terror da natureza que nossos ancestrais viveram. Não vejo a natureza como essa força benevolente da qual temos controle”, afirma. “Somos uma coisa estranha e híbrida, metade animal e metade espiritual, e que existe um conflito irreconciliável entre esses dois elementos. Acho um verdadeiro provincianismo da classe média, uma visão utópica essa de acreditar que podemos subestimar a natureza. Nosso sistema reprodutivo age de acordo com a natureza, e, ao dizermos isso, reconhecemos que a natureza tem poder sobre o nosso corpo. Acho que é um tapa na cara da classe média contemporânea, que é de uma arrogância, de um ego inflado.”

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A natureza, segundo Camille, controla tudo e todos. Ela recebeu uma educação católica, mas se considera ateia.

Vaidade – A feminista já havia relatado ao site de VEJA durante a Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), em novembro, que as intelectuais americanas impõem censura à beleza – o simples ato de pintar as unhas lhe renderia olhares tortos entre as colegas. No retorno ao Brasil, ela se mostrou tão à vontade quanto da última vez. As unhas estavam devidamente pintadas, um leve pó compacto no rosto e discreto batom avermelhado. Para tirar foto com uma de suas admiradoras, pediu licença e retocou a maquiagem. E não dispensou bons goles de cerveja para acompanhar o almoço. Ela voltou a polemizar sobre Lady Gaga, a quem considera uma cópia mal feita de Madonna e sobre a era do controle do estado sobre o indivíduo (reveja aqui).

 

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