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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Teremos um Boulos paz e amor?

Candidato do PSOL tem sido aconselhado a se aproximar do centro e vai tentar conquistar periferias

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 nov 2020, 13h14 - Publicado em 18 nov 2020, 12h38

Foi na eleição de 2002 que o ex-presidente Lula, após perder três eleições seguidas, resolveu se aproximar do centro, escreveu a carta aos brasileiros, indicou um vice para acalmar o empresariado e vestiu a camisa do “Lulinha Paz e Amor”.

Mas os tempos são outros. E Guilherme Boulos, nome da esquerda no segundo turno em São Paulo e maior fenômeno eleitoral de 2020, sabe disso. Na noite deste domingo, 15, lideranças do PSOL já o aconselhavam a se aproximar ainda mais do centro.

Mas que centro? Bruno Covas, que o enfrenta no segundo turno, já fez esse movimento pelo PSDB. E aponta para Boulos como se ele fizesse parte do radicalismo que tomou conta do país nos últimos anos. 

Boulos é um líder ligado aos sem-teto, que chegaram a defender a expropriação de bens particulares, e o seu partido, o PSOL, reverbera clichês como “anti-imperialismo”, variando, em alguns momentos, entre a esquerda e a extrema esquerda. O déficit habitacional é enorme mesmo no Brasil. Portanto, quando ele defende prioridade em moradia, está certo.

Uma eleição no segundo turno exige uma mudança de estratégia em vários sentidos. O primeiro deles é a campanha do candidato.

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Na primeira parte da disputa, Boulos tinha apenas 17 segundos de tempo de televisão para promover sua campanha e decidiu investir em redes sociais para alcançar os eleitores. Agora, com mais tempo de propaganda, o candidato deve elaborar algo mais sofisticado para conquistar votos.

A mudança de estratégia também deve superar um dos desafios que Boulos terá que enfrentar: o seu alto índice de rejeição. Um levantamento feito pelo Paraná Pesquisas mostra que o candidato do PSOL é rejeitado por 47,9% dos eleitores, que afirmaram que jamais votariam em um líder do MTST (movimento sem-teto). Do outro lado da disputa, Bruno Covas também tem um índice de rejeição alto, de 34,7%, porém menor do que o de Boulos.

Outro plano que deve estar traçado na campanha de Boulos é conquistar as periferias. No primeiro turno, Bruno Covas saiu vitorioso em todas as 58 zonas eleitorais de São Paulo. Boulos ficou em segundo lugar em 56. Nas duas zonas restantes, Jilmar Tatto (PT) foi o segundo mais votado.

O petista, inclusive, já declarou apoio a Boulos no segundo turno e deve ajudar o candidato do PSOL a conquistar os eleitores de renda mais baixa. Além disso, os oito vereadores eleitos pelo PT e a militância do partido e do ex-presidente Lula vão tentar atrair o eleitorado nessas regiões.

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Pesquisa XP/Ipespe com a simulação do segundo turno divulgada nesta quarta-feira, 18, aponta vitória de Covas com 48% das intenções de voto contra 32% de Boulos. O levantamento ainda mostra que 79% dos eleitores consultados consideram sua escolha de voto definitiva. Se os números estiverem corretos, Boulos deve se concentrar na porcentagem do eleitorado que ainda não se decidiu ou que considera a hipótese de mudar de opinião até o dia 29, quando acontecerão as votações.

A caminhada em direção ao centro é visível nas propostas de Boulos. O economista Pedro Fernando Nery afirmou que não há nada de radical no programa do candidato e aponta que as promessas, apesar de simpáticas, são incumpríveis. “Se a utopia pode fazer bem a uma candidatura que só marca posição, agora o candidato do PSOL deve ser cada vez mais desafiado a mostrar a factibilidade de seus planos”, aponta o economista.

Se Boulos vai adotar uma postura “paz e amor” para ganhar votos, ainda não se sabe. Mas ele tem sido orientado a ser menos radical e mais moderado para conseguir vencer Covas e fazer história nessas eleições. Funcionou com Lula em 2002. Resta saber se funcionará agora.

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