Saída de Salles não tem sido cogitada por Bolsonaro, garantem auxiliares
Mesmo sob pressão de empresários, presidente estaria disposto a manter o ministro no cargo e nem comenta o assunto em reuniões com assessores
Além da declaração de Jair Bolsonaro de que o ministro Ricardo Salles permanece no cargo, auxiliares próximos garantem que o presidente não fez nenhuma referência a uma possível substituição do chefe do Ministério do Meio Ambiente nas últimas duas semanas. Segundo esses integrantes da equipe de governo, embora venha sofrendo pressões nos últimos dias, o presidente realmente não pretende retirar Salles do seu primeiro escalão.
Nesta quinta, 16, durante transmissão ao vivo em uma rede social, Bolsonaro garantiu a permanência de Salles no Ministério do Meio Ambiente e do general Eduardo Pazuello como ministro interino do Ministério da Saúde. “Salles fica, Pazuello fica, sem problema nenhum, são dois excepcionais ministros”, disse o presidente.
A decisão de Bolsonaro de manter Ricardo Salles no cargo contraria empresários e investidores que não concordam com a política ambiental que tem sido adotada pelo atual ministro, sob orientação do presidente, desde o início do mandato. A estratégia do presidente, contudo, é nunca parecer que está cedendo à pressão. Foi o que fez com o ex-ministro Abraham Weintraub. Disse que não ia demitir, até que encontrou um jeito de tirá-lo.
Um grupo de executivos ligados a empresas nacionais e multinacionais, como Microsoft e Vale, escreveu uma carta endereçada ao vice-presidente, Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, pedindo que o governo adote ações para superar a crise no meio ambiente. Na carta, os empresários alegam que combater o desmatamento na floresta favorece os negócios e atrai investimentos.
Além da pressão de empresários e investidores, o ministro Ricardo Salles também foi alvo de ação do Ministério Público Federal (MPF), que pede o afastamento dele do cargo. A ação argumenta que a permanência de Salles tem gerado “consequências trágicas à proteção ambiental, especialmente pelo alarmante aumento do desmatamento, sobretudo na Floresta Amazônica”.