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Rio fica à direita de São Paulo

Paulistanos escolhem centro e esquerda, enquanto cariocas ficam entre direita e extrema direita no segundo turno

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 nov 2020, 10h13

O resultado das eleições municipais deste domingo, 15, nas duas maiores cidades do país mostra que o Rio de Janeiro está bem mais à direita do que São Paulo. A fama do Rio de ser mais “descolado” no comportamento, e a de São Paulo de mais “tradicional”, ficou abalada na escolha das urnas. A capital paulista deixou de fora do segundo turno exatamente a proposta conservadora bolsonarista, que ainda está no páreo da capital fluminense. 

Os cariocas escolheram voltar às urnas no dia 29 de novembro para decidir entre Eduardo Paes, do DEM, e Marcelo Crivella, do Republicanos. O DEM se coloca como um partido de centro direita, mas Eduardo Paes já esteve em outras siglas mais ao centro. Ele foi prefeito do Rio de Janeiro entre os anos de 2009 e 2016 pelo PMDB e tentou vencer as eleições para governador do estado em 2018, sem sucesso. 

Agora, em meio ao quadro que se formou no Rio de Janeiro, tem chance de ser a opção ou, quem sabe, ter o apoio de partidos de esquerda, como PT e PSOL, para, no segundo turno, vencer o candidato de Bolsonaro. Já Crivella, que tenta se consolidar ligando sua imagem à do presidente Jair Bolsonaro, representa uma parcela ultraconservadora, de extrema direita, que usa a religião como argumento político em seus discursos e hino gospel como jingle de campanha. Em São Paulo, essa direita extremista está fora do jogo. No Rio, está presente.  

Ainda não se sabe quais alianças Crivella vai conseguir fazer na segunda etapa das eleições, mas o esperado apoio do PSL não deve acontecer, já que o candidato pesselista Luiz Lima – que ficou em 5º lugar na disputa no Rio – afirmou que não apoiará nenhum dos dois finalistas. Isso realça a divisão da extrema direita.

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Em São Paulo, a busca por diálogo e as atitudes moderadas mostram que os dois candidatos que estão no segundo turno têm uma postura mais central e menos radical. De um lado, Bruno Covas fez questão de se afastar do bolsonarismo. Logo no primeiro discurso, mostrou que buscará o centro e tem usado a palavra radical” se referindo ao adversário.

Do outro lado da disputa, Guilherme Boulos também adota uma postura mais moderada. Embora seja filiado a um partido que tradicionalmente está mais à esquerda, o PSOL, e de ser líder do movimento sem-teto, Boulos tem amenizado seu discurso e evitado o tom extremo. Ele recebeu o apoio de Jilmar Tatto, candidato petista que ficou apenas em 6º lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Um debate entre os dois na CNN nesta segunda-feira, 16, foi uma lufada de boa política depois de dois anos de falas extremadas do presidente da República. Boulos e Covas não se ofenderam. Divergiram “de boa”, como dizem os jovens. Cada um mostrou a diferença de pensamento que tem do outro, mas sem ataques e grosserias. 

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Parece indicar que os paulistanos escolheram a moderação como melhor caminho para uma boa gestão. A apresentadora Monalisa Perrone perguntou a Boulos se ele vai aumentar o IPTU, um dos temores dos ricos e da classe média da cidade, e ele negou. Demonstrou que se preparou, estudando os números da cidade. Os dois se esquivaram da pergunta sobre os padrinhos: Lula e Dória. E fizeram um debate propositivo, com Covas mostrando também seu conhecimento sobre a capital.

No Rio, a escolha será entre esses partidos conservadores, ainda que Paes tenha dito que não quer discutir esquerda ou direita, mas boa gestão. Crivella, que é muito mal avaliado como gestor, deve apostar ainda mais no uso da religião e no apoio do presidente. Afinal, o Rio é o reduto eleitoral da família Bolsonaro. 

A escolha no primeiro turno, já feita até o momento, colocou os paulistanos à esquerda dos cariocas. Vamos aguardar o próximo capítulo, que tem tudo para ser emocionante. Até porque definirá os próximos quatro anos e pode mostrar uma tendência para 2022.

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