Por que Augusto Aras se sente mais fortalecido do que nunca
PGR tem mais dois anos pela frente e sente que as manobras da oposição interna ao seu trabalho não têm funcionado como antigamente
Após a recondução ao cargo de procurador-geral da República, Augusto Aras tem se sentido mais fortalecido do que nunca.
Apesar da resistência que sofre de parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como informado pela coluna, o PGR já conhece o caminho, as pedras, os adversários, os aliados, o que funciona e o que dá problema no Ministério Público, segundo interlocutores.
Aras foi bem numa sabatina em que poucos senadores o apertaram de fato com perguntas difíceis. Acabou reconduzido pelo Senado com votos da esquerda e da direita. De bolsonaristas a petistas, críticos especialmente da chamada “atuação política” do MPF.
O procurador-geral fez novamente a defesa de uma atuação técnica de procuradores para evitar, especialmente, o que há de pior para ele: a série de anulação de sentenças, como ocorreu na Lava Jato.
Na avaliação de interlocutores do PGR, a visão interna negativa em relação a ele vem de um grupo minoritário de procuradores e subprocuradores. A base lá na ponta dos escritórios estaduais não veria a atuação de Aras da mesma forma que nomes importantes do MPF, como José Bonifácio, Nicolau Dino ou Mário Bonsaglia.
Aras tem agora mais dois anos pela frente e sente que as manobras da oposição interna ao seu trabalho não tem funcionado como antigamente. De fato, falta pouco para ele construir maioria em conselhos do MPF, por exemplo, o que ajuda nas decisões de sua gestão.
Sob Aras, o Conselho Nacional do Ministério Público puniu e limitou condutas de promotores e procuradores que abusaram de suas prerrogativas. Nos últimos 18 meses, o CNMP aplicou 16 suspensões, 7 censuras, 6 advertências e 1 demissão, o que agradou a ala garantista do STF.
Pesa contra o procurador-geral a sua inação nas ações contra o presidente Jair Bolsonaro. O PGR não usou na sabatina, mas tem um levantamento sobre número de ações criminais movidas pela Procuradoria-Geral da República contra presidentes da República desde a promulgação da Constituição em 1988.
O resultado, segundo a coluna apurou, sugere que as ações não foram bem sucedidas ou por falta de fundamentos comprobatórios ou por ativismos de ex-PGRs. Apesar das críticas, Aras está confiante de que tem colocado o MPF no caminho certo.