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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Pesquisas devem mostrar cada vez mais o nome de Pacheco

Dúvida é se candidatura do presidente do Senado tem o objetivo de fortalecê-lo em negociações politicas ou se é para valer

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 set 2021, 14h48 - Publicado em 3 set 2021, 14h46

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem sido lembrado nas rodas de conversa de autoridades, em Brasília, como um possível candidato a presidente da República. Tanto que já tem sido incluído pela imprensa nas sondagens feitas a líderes partidários e também pelos institutos nas pesquisas sobre o pleito presidencial.

A tendência é que ele passe a ser incluído com mais frequência no noticiário eleitoral e também nos estudos sobre intenção de voto.

Os motivos são vários. Vejamos alguns:

1) O primeiro motivo é que o próprio Pacheco, ao contrário de outros que também alimentam o desejo de se candidatar, faz questão de não desmentir o projeto. Tanto ele quanto seus aliados deixam a ideia alçar voo para ver até onde sobe.

Nesta semana, Pacheco apareceu em uma pesquisa feita pela consultoria mineira Quaest com 1% das intenções de voto no cenário estimulado (aquele em que o entrevistador mostra ao entrevistado uma lista de nomes e pergunta quem ele escolhe). O estudo foi contratado por uma corretora que atua no mercado financeiro e foi realizado com 2 mil pessoas, nos 26 Estados e no Distrito Federal, de 26 a 29 de agosto.

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2) O segundo motivo é que Pacheco tem um perfil que costuma agradar às elites que concentram a renda no Brasil. Proveniente de uma família bem-sucedida no ramo empresarial, Pacheco é advogado criminalista, foi conselheiro federal da OAB por Minas Gerais, uma vaga geralmente ocupada apenas por advogados muito ricos e bem relacionados. Desde que entrou na política, eleito deputado federal em 2014, demonstrou ter uma atuação de conservador –no sentido que a palavra tinha até antes de Bolsonaro, um extremista, reivindicar o título para si.

3) Pacheco é um político com fome de poder. Mesmo discreto, em pouco tempo, já no primeiro mandato de deputado, ele conseguiu ser presidente da principal e mais almejada comissão da Câmara, a de Constituição e Justiça. Trata-se de um cargo que, para ser conquistado, requer jogo de cintura para fazer acordos, engolir sapos e prestar os favores necessários às lideranças partidárias. Na sequência, ao invés de tentar a reeleição, preferiu arriscar uma vaga de senador. Ganhou. Dois anos depois fez o que muitos políticos jamais conseguirão, mesmo após anos dentro do Congresso, que é ser presidente do Senado.

4) Há um vazio a ser preenchido na política brasileira. Setores do mercado financeiro, da sociedade civil, da imprensa e das instituições da República tem questionado se o país errou tanto nos últimos anos ao ponto de não produzir uma alternativa melhor do que Bolsonaro ou Lula para 2022.

A pesquisa Quaest tem um dado animador para Pacheco. Ele ainda é desconhecido por 60% dos brasileiros. Ou seja: diferente de outros candidatos, que já sofrem resistência de parcela expressiva da população, ele terá a oportunidade de ao menos tentar se apresentar de um jeito positivo. João Dória, por exemplo, já é conhecido por 89% dos eleitores, sendo que 57% dizem que não votariam nele. Henrique Mandetta, conhecido por 56%, é rejeitado por 41%. A estrada de Pacheco é um livro muito mais em branco, que pode ganhar um conteúdo melhor do que o que já foi construído pelo adversários. Quem está numa situação parecida é o governador do Rio Grande do sul, Eduardo Leite, também desconhecido por 60% da população, mas que não tem um cargo nacional capaz de colocá-lo todos os dias no noticiário, como ocorre com Pacheco.

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5) Os outros possíveis nomes da terceira via não engrenaram. Isso pode mudar, claro. Mas os elementos disponíveis hoje não indicam nenhuma mudança. O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, por exemplo, era a principal expectativa de terceira via. Mas optou por se dedicar à carreira privada e se retirar do cenário político. Mesmo depois de fazer sérias acusações contra Bolsonaro, parece ter perdido até mesmo o interesse em passar a limpo os desmandos que alega ter sofrido do ex-chefe. Recentemente, em plena pandemia, no momento em que a fome volta ao Brasil, Moro fez uma tentativa de voltar ao palco politico, postando no Twitter um defesa da prisão em segunda instancia, um pauta relevante, mas desconectada das necessidades e prioridades do país que deverão pautar a eleição.

6) Nenhum espaço fica vazio por muito tempo. E assim deve ocorrer com esse vácuo entre Lula e Bolsonaro. Pacheco não é como Moro, que se recusa a dialogar com setores que não integram seu círculo próximo. Tampouco é como Mandetta, que sempre se contentou com funções importantes, mas laterais. Ciro Gomes e Marina Silva já têm seu teto eleitoral conhecido e dificilmente ultrapassarão essa marca, ainda mais com o racha dentro da esquerda, que impede a formação de uma coalização.

Depois do desastre de Bolsonaro, o que o PIB e as elites brasileiras querem parece ser um pouco de tranquilidade para planejar a reconstrução do país. Nesse campo, chama atenção a capacidade do presidente do Senado de agir com discrição e objetividade.

Neste momento, Pacheco tem articulado, por exemplo, uma possível mudança partidária, do DEM para o PSD. Assim, ele sairia da legenda controlada pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, aliado de Jair Bolsonaro, e entraria no partido do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que se alia a quem quer que esteja no poder, não importa quem. Se há uma liderança no país que soube construir estratégias para atingir seus objetivos nos últimos anos, ela é Kassab. Estratégia sábia de Pacheco ir por esse caminho, portanto. Também é uma opção que indica afinidade com o “fazer política”.

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O que resta saber é se o flerte de Pacheco com a presidência e com o PSD é apenas mais uma forma de ganhar envergadura para depois negociar benesses dos reais candidatos ou se é um projeto concreto. Enquanto a resposta não é respondida, no entanto, é muito provável que as pesquisas sigam exibindo seu nome aos entrevistados.

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