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Pastor deve ser nomeado diretor de departamento do Iphan

Governo continua tentando emplacar líderes religiosos em órgãos culturais importantes no país

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 dez 2020, 17h20

O desmonte de órgãos culturais e a tentativa de inserir líderes religiosos em cargos técnicos continuam sendo marcas do governo Jair Bolsonaro. Desta vez, a troca de direção de um importante departamento do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) está gerando mal-estar no órgão.

Informações obtidas pela coluna apontam que o atual diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial, Hermano Queiroz, será exonerado em breve para a entrada de Tassos Lycurgo no cargo. A mudança gerou insatisfação entre os servidores do Iphan porque a escolha de Tassos, que é professor e pastor presidente da Igreja Defesa da Fé, em Parnamirim (RN), é vista como mais um golpe contra o Iphan.

A nomeação de Tassos ainda não foi oficializada, mas o Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 04, publicou a cessão dele da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para ocupar cargo em comissão de Diretor do Iphan, reforçando que sua escolha deve ser anunciada em breve.

O departamento de Patrimônio Imaterial é responsável pela preservação e difusão dos saberes, formas de expressão e lugares portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, incluindo os indígenas, povos que têm sido duramente atacados durante a gestão de Jair Bolsonaro.

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Para o ex-diretor do Iphan, o professor Andrey Rosenthal Schlee, o órgão está “acéfalo” desde a saída de Kátia Bogéa, em dezembro de 2019. “Um ano passado da exoneração de Kátia Bogéa e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional segue acéfalo. Uma ironia, tratando-se de uma instituição que sempre se destacou pela qualidade dos seus dirigentes”, afirma Andrey.

Segundo ele, o Iphan perdeu sua autonomia. A atual presidente do órgão, Larissa Peixoto, apenas “esquenta a cadeira”, na visão do ex-diretor.

“O estranho da história é que o Iphan bolsonarista tem uma presidente… Pessoa que, diariamente, esquenta a cadeira e lustra a mesa onde trabalhou Aloísio Magalhães. Da esplanada, recebe ordens. Sem pestanejar, cumpre rigorosamente as determinações a ela impostas, recebendo calada os indicados políticos, acomodando educadamente os apadrinhados do ministro, substituindo silenciosamente os servidores e, por fim, desmoralizando os técnicos da autarquia. Na verdade, de uma autarquia muito pouco resta para o Iphan, já que, nas mãos da atual direção, perdeu completamente a autonomia”, explica.

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O professor critica a saída de Hermano Queiroz do Departamento de Patrimônio Imaterial e outras trocas que têm acontecido no quadro de pessoal do Iphan.

“A exoneração do especialista em patrimônio cultural Hermano Queiroz fecha um ciclo. Agora temos paraquedistas, blogueiros, vendedores de pacotes turísticos e até um pós-doutor em apologética cristã, quando só necessitávamos de algum especialista na defesa do Patrimônio Cultural”, argumenta Andrey. Para ele, a escolha é um prejuízo. “Perde o Iphan, perde o Patrimônio Cultural, perde o Brasil”.

Assim como outros órgãos importantes na preservação da cultura do país, como a Funai, o Iphan tem sido alvo de ataques do governo. No vídeo da fatídica reunião ministerial de 22 de abril, divulgado em maio deste ano, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Iphan para “qualquer obra no país”.

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“Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder”, disse Bolsonaro na reunião.

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