O ministro Fachin e o novo recado para o bolsonarismo
Magistrado do STF destacou que é preciso ultrapassar a crise sem sair da democracia, além de ressaltar a importância das próximas eleições
A pandemia do coronavírus e os estragos causados pela doença na vida de milhões de brasileiros e na economia do país são fatos que devem ser levados em conta nas eleições de 2022. Para o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o populismo totalitário ronda a democracia brasileira e as eleições de 2022 devem preservar o sistema eleitoral do país.
“O populismo totalitário ronda a democracia brasileira. É fundamental esse alerta, porquanto é antessala do golpe. O mais grave é essa visão personificada do povo em contraste com as instituições. As eleições de 2022 trazem à tona um imperativo categórico: preservar o sistema eleitoral brasileiro. Precisamos sair da crise sem sair da democracia”, disse Fachin em entrevista à jornalista Ana Dubeux nesta segunda, 10, no jornal Correio Braziliense.
Integrantes do Supremo ouvidos pela coluna avaliaram que o ministro Fachin deu mais de um seus recados sobre a preocupação com os rumos da democracia no Brasil, após as seguidas crises institucionais provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro. “Na linha do que ele vem falando. Ele vem se posicionando cada vez mais firme”, afirmou um interlocutor de Fachin.
Para o ministro, o mundo se transformou em uma “sala de emergência” e, em 2020, “a escuridão tomou o lugar da luz com a cronificação da pandemia”. Fachin diz que, para alcançar a saúde como direito fundamental, como prevê a Constituição, é “imperativo de termos vacina para todos como direito universal e gratuito”. O ministro ainda lembrou as mais de 400 mil vítimas do vírus e também citou os 28 mortos na operação policial no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, no último sábado, 8.
“No momento em que respondo essas questões, há mais de 400 mil mortos pela Covid e 28 mortos na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. As funções públicas precisam estar à altura desses desafios, começando por reconhecer as falhas e as tragédias, senão colapsaremos, e a vida será mesmo absurdamente descartável”, destaca o ministro.